Dez idéias principais do livro: “A importância do ato de ler”, de Paulo Freire
by Francisco on sábado, 18 de dezembro de 2004
Semíramis Alencar
Introdução
O livro A Importância do Ato de Ler, de Paulo Freire, relata os aspectos da biblioteca popular e a relação com a alfabetização de adultos desenvolvida na República Democrática de São Tomé e Príncipe.
Ao mesmo tempo, nos esclarece que a leitura da palavra é precedida da leitura do mundo e também enfatiza a importância crítica da leitura na alfabetização, colocando o papel do educador dentro de uma educação, onde o seu fazer deve ser vivenciado, dentro de uma prática concreta de libertação e construção da história, inserindo o alfabetizando num processo criador, de que ele é também um sujeito.
1 - A importância do ato de ler
Segundo Paulo Freire a leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra. O ato de ler se veio dando na sua experiência existencial. Primeiro, a leitura do mundo do pequeno mundo em que se movia; depois, a leitura da palavra que nem sempre, ao longo da sua escolarização, foi a leitura da palavra mundo. Na verdade, aquele mundo especial se dava a ele como o mundo de sua atividade perspectiva, por isso, mesmo como o mundo de suas primeiras leituras.
Os textos, as palavras, as letras daquele contexto em cuja percepção experimentava e, quando mais o fazia, mais aumentava a capacidade de perceber se encarnavam numa série de coisas, de objetos, de sinais, cuja compreensão ia aprendendo no seu trato com eles, na sua relação com seus irmãos mais velhos e com seus pais.
A leitura do seu mundo foi sempre fundamental para a compreensão da importância do ato de ler, de escrever ou de reescrevê-lo, e transformá-lo através de uma prática consciente.
1. “Esse movimento dinâmico é um dos aspectos centrais do processo de alfabetização que deveriam vir do universo vocabular dos grupos populares, expressando sua real linguagem carregadas da significação de sua experiência existencial e não da experiência do educador”.
A alfabetização é a criação ou a montagem da expressão escrita da expressão oral. Assim as palavras do povo, vinham através da leitura do mundo. Depois voltavam a eles, inseridos no que se chamou de codificações, que são representações da realidade.
No fundo esse conjunto de representações de situações concretas possibilitava aos grupos populares uma leitura da leitura anterior do mundo, antes da leitura da palavra.
2. “O ato de ler implica na percepção crítica, interpretação e da re-escrita do lido”.
1.1 - Alfabetização de Adultos e Biblioteca Populares: Uma introdução
Para Paulo Freire falar de alfabetização de adultos e de biblioteca populares é falar, entre muitas outras coisas, do problema da leitura e da escrita. Não da leitura de palavras e de sua escrita em si próprias, como se lê-las e escrevê-las, não implicasse uma outra leitura da realidade mesma, para aclarar o que chama de prática e compreensão crítica da alfabetização.
Do ponto de vista crítico é tão impossível negar a natureza política do processo educativo quanto negar o caráter educativo do ato político. Quanto mais ganhamos esta clareza através da prática, mais percebemos a impossibilidade de separar a educação da política e do poder.
A relação entre a educação enquanto subsistema e o sistema maior são relações dinâmicas contraditórias. As contradições que caracterizam a sociedade como está sendo, penetram a intimidade das instituições pedagógica em que a educação sistemática se está dando e alterando o seu papel ou o seu esforço reprodutor da ideologia dominante.
3. “O que temos de fazer então, enquanto educadoras ou educadores, é aclarar assumindo a nossa opção que é política, e ser coerentes com ela na prática”.
A questão da coerência entre a opção proclamada e a prática é uma das exigências que educadores críticos se fazem a si mesmos. É que sabem muito bem que não é o discurso o que ajuíza a prática, mas a prática que ajuíza o discurso.
4. “Quem apenas fala e jamais ouve; quem imobiliza o conhecimento e o transfere a estudantes, quem ouve o eco, apenas de suas próprias palavras, quem considera petulância a classe trabalhadora reivindicar seus direitos, não tem realmente nada que ver com a libertação nem democracia”.
Pelo contrário, quem assim atua e assim pensa, consciente ou inconsciente, ajuda a preservação das estruturas autoritárias.
Só educadoras e educadores autoritários negam a solidariedade entre o ato de educar e o ato de ser educado pelos educandos.
Uma visão da educação é na intimidade das consciências, movida pela bondade dos corações, que o mundo se refaz. É, já que a educação modela as almas e recria corações ela é a alavanca das mudanças sociais.
5. “Se antes a transformação social era entendida de forma simplista, fazendo-se com a mudança, primeiro das consciências, como se fosse a consciência de fato, a transformadora do real, agora a transformação social é percebida como um processo histórico”.
Se antes a alfabetização de adultos era tratada e realizada de forma autoritária, centrada na compreensão mágica da palavra doada pelo educador aos analfabetos; se antes os textos geralmente oferecidos como leitura aos alunos escondiam a realidade, agora pelo contrário, alfabetização como ato de conhecimento, como um ato criador e como ato político é um esforço de leitura do mundo e da palavra. Agora já não é possível textos sem contexto.
A alfabetização de adultos e pós-alfabetização implicam esforços no sentido de uma correta compreensão do que é a palavra escrita, a linguagem, as relações com o contexto de quem fala, de quem lê e escreve, compressão, portanto da relação entre a leitura do mundo e leitura da palavra. Daí a necessidade que tem uma de biblioteca popular, buscando o adentramento crítico no texto, procurando aprender a sua significação mais profunda, propondo aos leitores uma experiência estética, de que a linguagem popular é inteiramente rica.
A forma com que atua uma biblioteca popular, a constituição do seu acervo, as atividades que podem ser desenvolvidas no seu interior, tudo isso tem que ser como uma certa política cultural.
Se antes raramente os grupos populares eram estimulados a escrever seus textos, agora é fundamental fazê-lo, desde o começo da alfabetização para que, na pós-alfabetização, se vá tentando a formação do que poderá vir a ser uma pequena biblioteca popular com a inclusão de páginas escritas pelos próprios educandos.
1.2 - O Povo diz a sua Palavra ou a Alfabetização em São Tomé e Príncipe
Segundo Freire com a alfabetização de adultos no contexto da República Democrática de São Tomé e Príncipe, a cujo governo vem dando juntamente com Elza Freire, uma contribuição no campo da educação de adultos como assessor, se torna indispensável uma concordância em torno de aspectos fundamentais entre o assessor e o governo assessorado.
6. “Seria impossível, por exemplo, dar uma colaboração, por mínima que fosse a uma campanha de alfabetização de adultos promovido por um governo antipopular”.
Não poderia assessorar um governo que em nome da primazia da aquisição de técnicas de ler e escrever palavras por parte dos alfabetizando, exigi-se, ou simplesmente sugerisse que fizesse a dicotomia entre a leitura do texto e a leitura do contexto.
Um governo para quem a leitura do concreto, o desenvolvimento do mundo não são um direito do povo, que, por isso mesmo, deve ficar reduzido à leitura mecânica da palavra.
É exatamente este aspecto importante o da relação dinâmica entre a leitura da palavra e a leitura da realidade em que nós encontramos coincidentes os governos de São Tomé e Príncipes e nós.
Todo esforço que vem sendo feito em São Tomé e Príncipe na prática da alfabetização de adultos como na da pós-alfabetização se orienta neste sentido.
7. “Os cadernos de cultura popular vêm sendo usados pelos educandos como livros básicos, com exercícios chamados Praticar para o Aprender. A linguagem dos textos é desafiadora e não sloganizado. O que se quer é a participação efetiva do povo enquanto sujeito, na reconstrução do país, a serviço de que a alfabetização e a pós-alfabetização se acham”.
Por isso mesmo os cadernos não são nem poderiam ser livros neutros, é a participação crítica e democrática dos educandos no ato de conhecimento de que são também sujeitos. É a participação do povo no processo de reinvenção de sua sociedade, no caso a sociedade são tomense, recém-independente do jugo colonial, que há tanto tempo a submetia.
É preciso, na verdade, que a alfabetização de adultos e a pós-alfabetização, a serviço da reconstrução nacional, contribuam para que o povo, tomando mais e mais a sua História nas mãos, se refaça na leitura da História, estando presente nela e não simplesmente nela estar representado.
8. “No fundo o ato de estudar, enquanto ato curioso do sujeito diante do mundo é expressão da forma de estar sendo dos seres humanos, como seres sociais, históricos, seres fazedores, transformadores, que não apenas sabem, mas sabem que sabem”.
O povo tem de conhecer melhor, o que já conhece em razão da sua prática e de conhecer o que ainda não conhece.
Nesse processo, não se trata propriamente de entregar ou de transferir às massas populares a explicação mais rigorosa dos fatos como algo acabado, paralisado, pronto, mas contar, estimulando e desafiando, com a capacidade de fazer, de pensar, de saber e de criar das massas populares.
Na alfabetização pós-alfabetização não nos interessa transferir ao Povo frases e textos para ele ir lendo sem entender. A reconstrução nacional exige de todos nós uma participação consciente em qualquer nível, exige ação e pensamento, exige prática e teoria, procurar descobrir de entender o que se acha mais escondido nas coisas e aos fatos que nós observamos e analisamos.
A reconstrução nacional precisa de que o nosso Povo conheça mais e melhor a nossa realidade.
2 - Análise das idéias do autor
Ao elaborar uma síntese das reflexões sobre o livro: A Importância do Ato de Ler e as relações da biblioteca popular com a alfabetização de adulto, leva-nos a compreensão da prática democrática e crítica da leitura do mundo e da palavra, onde a leitura não deve ser memorizada mecanicamente, mas ser desafiadora que nos ajude a pensar e analisar a realidade em que vivemos.
9. “É preciso que quem sabe, saiba sobre tudo que ninguém sabe tudo e que ninguém tudo ignora”. (FREIRE, p.32).
É essencial que saibamos valorizar a cultura popular em que nosso aluno está inserido, partindo desta cultura, e procurando aprofundar seus conhecimentos, para que participe do processo permanente da sua libertação.
10. “A biblioteca popular como centro cultural e não como um depósito silencioso de livros, é vista como um fator fundamental para o aperfeiçoamento e a intensificação de uma forma correta de ler o texto em relação íntima com o contexto”. (FREIRE, p.38).
Nesse sentido a atuação da biblioteca popular, tem algo a ver com uma política cultural, pois incentiva a compressão crítica do que é a palavra escrita, a linguagem, as suas relações com o contexto, para que o povo participe ativamente das mudanças constantes da sociedade.
“O processo de aprendizagem na alfabetização de adultos está envolvido na prática de ler, de interpretar o que lêem, de escrever, de contar, de aumentar os conhecimentos que já têm e de conhecer o que ainda não conhecem, para melhor interpretar o que acontece na nossa realidade”. (FREIRE, p. 48).
Isso só será conseguido através de uma educação que estimule a colaboração, que dê valor à ajuda mútua, que desenvolva o espírito crítico e a criatividade: uma educação que incentive o educando unindo a prática e a teoria, com uma política educacional condizente com os interesses do nosso Povo.
Semíramis Alencar
Durante séculos procuramos por Deus. Um Deus “Catholos”, universal, onipresente, onisciente e onipotente que protege-nos do mal e elimina nossos inimigos. Está nos salmos da Bíblia, no Evangelho e na história do povo hebreu, a evocação à guerra, a luta, uma terra prometida e as batalhas e sacrifícios de tantos povos, com a anuência de Deus.
Se nos agrada a idéia de um paraíso na Terra, por que falamos tanto na morte e na destruição? Se a idéia de religiosidade começa na destruição e aniquilamento de nosso semelhante, por que falamos de Deus? Se defendemos a idéia de um só Deus, por que este deve ser o “nosso”? Será que estamos sendo, de fato, religiosos? Não seria mais apropriado sermos irmãos?
Nas Cruzadas, idade moderna (séc. XVII), a humanidade era consciente da sua própria força racional e autonomia. Tentava-se impor a importância da igreja à ferro e fogo. A fé era fanatizada. A morte era sinônimo de purificação e remissão dos pecados daqueles considerados impuros, o que significou uma grande matança de inocentes entre mulheres, crianças e velhos.
Traçando um paralelo entre o período medieval e o período hodierno, verificamos uma transformação radical, no tocante a tolerância, a aceitação dos posicionamentos de outras crenças e povos.
Hoje, a busca dos valores interiores do homem, a compreensão e a tolerância entre outros povos tornar-se possível, dado que carecemos de uma visão de mundo mais fraterna e solidária.
O desgaste das relações humanas e seus problemas básicos que não encontram uma solução definitiva como a fome e as epidemias, aumentou a distância entre ricos e pobres. O progresso de nações como a África não é alcançado de forma rápida, as guerras impedem o processo de desenvolvimento.
A pós-modernidade não renega a tecnologia e nem os avanços científicos. O que ela propõe é um questionamento sobre uma forma mais racional de vida. A busca de condições de vida mais saudável em consonância com o divino, com o místico e com a fé em um Deus único, é o ideal deste pós-modernismo.
Este retorno ao sagrado busca curar as feridas da sociedade hodierna, na equalização dos pólos dispares da sociedade: o pobre e o rico. A experiência religiosa deverá converter sua doutrina para conseguir alcançar este objetivo e não somente ser uma atitude alienante que sirva de instrumento de dominação e imposição de leis e normas de conduta.
O termo religiosidade vem do latim religare que significa vincular, religar. Portanto, a proposta de uma nova religiosidade vem da vinculação pessoal do homem com sua origem e destino. A religião deve ser um modelo, um caminho para seguir e não instrumento de fanatismos.
Assim, o holismo é a proposta religiosa de um novo milênio. Todo o mundo deverá unir sua fé e sua doutrina para a conquista da paz. O dialogo inter-religioso não significa a reclusão ou o fechamento dos povos em seu próprio mundo. Lembremos do evangelho de São Paulo: “Examinai tudo e ficai com que é bom”.
Portanto, cada pessoa tem uma dimensão profunda em sua realidade, que é um mistério. Cabe a cada ser humano repensar a maneira de vivenciar a fé e como nos conduzimos para a criação do paraíso terrestre sonhado por cada doutrina ou filosofia religiosa.
Francisco Antônio de Andrade Filho
A fonte da felicidade humana reside no Universo da Natureza, sua destruição habita na capacidade de o próprio Homem produzir a violência contra Ela. O segredo da ética da vida - do Bem da Cidade -, do bem político-social é acessado com a senha do dito de Kant, assim: Age exclusivamente segundo a máxima que te leva a querer ao mesmo tempo que ela se torne lei universal.
Na obra Tao Te Ching (Poema 19), Lao-Tsé pensa. Medita. Filosofa e cria novos conceitos:
De mil benefícios goza um povo
quando não se fala mais em ser virtuoso nem santo.
Verdadeira reverência e amor sincero
Medram em uma sociedade
Em que o direito e a moral deixam de ser prescritos.
A ordem não reina em uma sociedade
Onde o interesse determina o agir.
Esses princípios não podem ser prescritos,
Mas devem ser vividos.
Somente onde eles são vivenciados
É que ajudam os homens.
A ética genuína só existe
Onde o homem vive de dentro da sua fonte
E age pela pureza do seu coração;
Onde a genuinidade do seu ser
Se revela em atos desinteressados
E isentos de desejos.
Enquanto isso, nos dias de hoje, filosofamos. Refletimos o sentido da vida feliz. Buscamos a fonte da felicidade, aqui e agora..
Há uma palavra grega, que explica o sentido etimológico da concepção de ética como fonte de felicidade: “ethos”. Significa “domicílio”, moradia, o abrigo permanente, o país onde alguém habita, a casa onde se mora. Nossa casa. As instituições. A Faculdade Maurício de Nassau,onde se constrói, pelo trabalho, a felicidade dos cidadãos, velhos e moços . E aqui, entre outros espaços , verificamos ser o centro do “ethos” (moradia), e conforme Platão, o Bem que nos permite sentirmo-nos bem em casa. A coexistência da ética profissional acarreta o bem-estar na prática pedagógica.
Esse BEM comporta exigências que vão para além de qualquer ser ou situação dada. A partir do “ethos”, o espaço do mundo selecionado se faz habitável, porque criamos hábitos, maneiras constantes de agir, de tratar as coisas da casa, de dividir os espaços, mediante os quais habitamos humanamente o mundo.
Esse termo “ethos” passou a designar a maneira de ser “habitual”, o caráter, a disposição da alma. Caráter é marca, sigilo, timbre ou disposição interna da vontade que a inclina a agir habitualmente, de determinada maneira. “Hábito”, para o bem ou para o mal, virtuoso ou vicioso, é quase segunda natureza, fonte de atos.
E, assim, descobrimos uma das senhas que dar acesso à fonte da felicidade, e a confirmamos nas condições existenciais e limitadas de nossas vidas. Somos felizes. E você?
Francisco Antônio de Andrade Filho
Compreender a vida do ser humano é compreender seu sentido. Perguntar pelo sentido último da vida é colocar o homem numa atitude de reflexão de sua grandeza. É filosofar a vida e a morte. É encontrar e simbolizar suas condições existenciais de vida, aqui e depois da morte.É fazer viver sua vida, ir em frente, agir, modificar, transformar, buscar objetivos concretos e espirituais do ser humano.
Nesta próxima semana, 2 de novembro, dia de finados, os vivos povoam a Cidade dos Falecidos, onde os vivos se encontram com os defuntos. Almas vivas se abraçam com as imortais.
E à luz da Filosofia, indagamos: por que reverenciamos os mortos? O Filósofo, Dr. José Luiz Ames, responde assim, escrevendo no www.orecado.cjb.net
É precisamente aqui que entra a experiência da morte: na experiência do limite. Na morte nos deparamos com uma situação que nos atinge visceralmente, que toca a totalidade de nosso ser. Diante da morte, a vida se torna pergunta. Enquanto para a satisfação do desejo dependemos de nós próprios, a morte nos aponta para uma situação diante da qual somos impotentes. A morte atesta a impossibilidade do controle humano sobre a vida.
A sobrevivência depois da morte é um problema tão antigo quanto a própria história do homem. Foi uma preocupação constante do homem de todos os tempo.
Os mitólogos explicaram-na numa linguagem fantasiosa e que foge ao espírito científico do homem atual. Os teólogos, numa dimensão de fé, encontraram na Bíblia os mais sagrados e seguros argumentos a favor da imortalidade.
Seja como for, a verdade é que o ser vivo nasce para a vida despontando para a morte. Morte e vida de jovens e velhos representam duas faces da mesma realidade do ser-no-mundo. Só o homem tem consciência de ser-para-a-morte, desse inevitável destino do túmulo que lhe aguarda...sufocante, solitário, silencioso, escuro e úmido. Isso é uma tragédia para o homem que tem dentro de si mesmo uma ânsia incontida de se perpetuar no tempo, uma sede irresistível de não morrer.
Mas, morte tem sentido para a vida. Não há vida sem morte; nem morte sem vida. A vida continua depois da morte. Aqueles que sabem viver bem, tornam-se imortais.Moisés, Lao-Tsé, Sócrates, Jesus Cristo, Tomás de Aquino,Giordano Bruno,Gandhi, Martin Luther King, Vladimir Herzog, Chico Mendes, Josés, Marias, Joaquins, Pedros, brancos, amarelos, pretos, pardos, mulatos, índios...todos vivem.
A morte é um acontecimento necessário para dar ao EU pessoal possibilidade de um pleno desabrochar. A semente que para poder germinar a sua vida e suas potencialidades precisa morrer e por isso se volta para a terra desejando a morte. Assim também o homem para a plenificação do seu ser precisa morrer. É condição para viver a plenitude do seu ser.
E a vida continua...não termina com a morte. Que esta, no entanto, seja para o homem, não uma pesada porta que se fecha sobre si mesma, e sim uma leve cortina que se abre para a eternidade. E quando fatalmente vier, que encontre o homem em comunhão consigo mesmo e vivendo na justiça, no amor e na paz... e sobreviverá depois da morte.
Comentários de didática - propostas e observações aos professores
by Francisco on sexta-feira, 26 de novembro de 2004
Semíramis Alencar
Tudo o que move a nós, professores, tem a ver com a paixão. A paixão por ensinar, por iluminar a mente dos alunos fazendo-os descobrir as verdades de seu mundo. Por esta razão o olhar do professor deve percorrer atento à classe constantemente. Quando não há brilho no olhar do professor também não há no dos alunos.
Alguns conselhos para o docente em inicio de carreira:
• Comportamento Docente - Cuidados
O professor em classe ensina sempre – regra comum, mas com um grande senso de verdade. É uma lei didática que não tem como fugir. Ensina o professor por atos, atitudes; o educando aprende por exemplos e o professor é o seu modelo mais próximo.
Se o professor apresenta comportamento socialmente inaceitável, o aluno o reproduzirá, obviamente. Apesar de haver várias exceções para esta regra, o professor deverá ter o cuidado de estudar e se certificar de que seu tomo está devidamente recordado antes de passá-lo aos alunos.
Os apontamentos deverão servir para guiá-lo nos tópicos mais importantes ou nos mais difíceis, pertinentes à cada disciplina e como fonte de pesquisa e maiores informações aos alunos.
A melhor posição para o professor é pôr-se ao fundo da classe e convidar o interlocutor a colocar-se na frente para expor seu ponto de vista. Assim, o aluno tem a oportunidade rara de enfrentar um auditório com a responsabilidade do uso da palavra e da elocução clara.
Há vezes que alguns profissionais de educação esquecem de sua postura em sala de aula, portando-se como se estivessem numa sala de visitas ou numa mesa de bar. Em educação, as atitudes mais simples e os mínimos detalhes nos são falhos, portanto cabe avisar, uma vez que é um comportamento não muito bem visto em qualquer setor da sociedade.
• A voz
O instrumento principal do professor é sua voz, entretanto, a voz muito alta é cansativa e irritante, a voz muito baixa pode não ser ouvida, gerando mal-entendidos, pedidos de repetições, interrupções, equívocos e confusões.Numa aula, como na interpretação de uma peca musical, deve haver colorido, adequação da frase, da mímica, da expressão, aos motivos de cada tema.
A mesma altura da voz denota desânimo e monotonia, fazendo a classe tornar-se dispersiva e desinteressada.Nunca se iguale o mestre ao aluno malcriado. Nem de seus lábios saia palavra que não possa ser repetida. É exemplo do mestre, a grande força formadora.
• O ato de ensinar
O ato de ensinar consiste num esforço de clareza e este é feito para proveito do aluno; mas quando levado a bom termo, aproveita também ao docente. Ensinando, aprende-se. Ser didático é antes de tudo, ser acessível, simples e claro. Como tal deverá ser a linguagem do professor: clara, sem preciosismos, natural.
Convém ter presente ao espírito que a “discriminação” das “matérias” do programa e sua distribuição a professores próprios são decorrências da divisão do trabalho científico e do trabalho didático, mas não significam que tais matérias passar a constituir compartimentos estanques da cultura intelectual ou domínios privativos dos respectivos titulares.
Se assim fosse, se transformaria num mosaico de “ciênciazinhas” justapostas, mas não comunicantes, contra o objetivo da escola que é dar a juventude, uma cultura geral orgânica e sólida e não um quebra-cabeça de informações mais ou menos eruditas e de várias procedências.
• Quanto ao comportamento do discente
É falsa a noção de que disciplina consiste num estado de quietação, de mudez e submissão passiva dos alunos ao professor.
Os atos de indisciplina dos alunos, investigados psicologicamente, são em grande parte resultantes de frustrações na aprendizagem e na vida escolar em geral, a que se juntam as emoções de medo e de cólera, conseqüentes; de mais a mais, um exame de consciência, sincero e imparcial, do professor, poderá persuadi-lo de que muitas de suas manifestações indisciplinares em sala devem ser levadas à conta de deficiência da escola e do próprio docente.
O professor deve estar consciente de que a classe em que leciona não é um palco para sua performance oratória ou uma banca de menestréis que estão a avaliá-lo em seu domínio teórico acerca de sua especialidade. O professor deve estar consciente da arte de educar que ele deve executar.
O professor não deve se irritar com o riso dos alunos por questões comuns ou pequenos gracejos acerca de fatos ocorridos no cotidiano que sejam de menor relevância. Rir com os alunos quando o motivo permite é humano e saudável. Aula é convívio este convívio deve ser dado de forma amena e amistosa garantindo um ambiente produtivo e estimulador.
Salvo em casos em que a classe esteja realizando um trabalho contínuo ou se a classe estiver de livre e espontânea vontade por conta de um trabalho docente qualitativo e de grande interesse por parte dos alunos, é desejável que não haja interrupções de espécie alguma.
Contudo, em nosso sistema de ensino usual, para o bem dos alunos e principalmente do próprio docente, é necessária uma pausa para que seus alunos não se irritem diante de tanta monotonia e não ponha a perder o conteúdo estanque já passado.
• A liberdade do ensinar
A escola que se aparta da vida, perde sua razão de ser. A escola de hoje não é mais a representante da elite social de outros tempos menos afetuosos onde a ambição familiar de carreira consolidada se fazia a obrigação da escola. a escola de hoje visa criar seres humanos mais bem preparados para o convívio solidário na sociedade e não a competitividade e o capitalismo desumano e excludente.
O aluno tem direito aos esclarecimentos, o professor tem o dever de dá-los. A resposta do professor não deve ser nunca direta e resumitiva sobre a questão. Não deve abafar ou abater o interesse e a curiosidade dos alunos que se revelam nas interrogações. Todavia todo o pedido de esclarecimentos deverá ser formulado para toda a classe e da mesma maneira, deverá o professor responder para toda a classe com clareza, simplicidade, objetividade e humildade sem ostentar conhecimento ou vaidades.
Pode-se dizer que o professor fica conhecendo melhor o aluno que faz as perguntas do que ouvindo deste apenas as respostas. É sabido que os alunos tidos como questionadores são muitas vezes os mais vivos e interessados no estudo, os que menos perguntam ou não tem muito gosto pelo estudo ou mesmo não sentem necessidade de tantos aprofundamentos, uma vez que entenderam a matéria de pronto.
A partir desta diversidade o professor deverá observar que os alunos mais curiosos, de certa forma, conduzem a classe para uma aula mais participativa, ativa e menos enfadonha, como acontece ainda hoje no sistema tradicional das nossas escolas.
O homem pensa porque fala; porque é dotado da palavra que o homem pode elevar-se à reflexão abstrata e construir o seu sistema lógico de conhecimentos. O que é palavra para o professor pode não ser mais do que conversa fiada para o aluno. O vocábulo precisa ser significante para quem o emite e significativo para quem o ouve.
• Deficiências didáticas
Se as perguntas dos alunos interrompem constantemente o fluxo da aula e o raciocínio do professor, é sinal de que o mesmo esteja carecendo de algumas deficiências didáticas.
Quem escreve, lê duas vezes, quem copia o que estuda, estuda duas vezes mais; jargões utilizados de mestre para mestre e comprovados pela maioria dos alunos em todos os tempos.
Todavia, a proximidade do mestre tolhe a espontaneidade e diminui a eficiência do aluno; cabe ao professor, enquanto um aluno desempenha alguma tarefa no quadro, observar o restante da classe, deixando o aluno livre para pensar e desenvolver o exercício sem qualquer tipo de pressão.
• Instrumentos de aprendizagem e materiais didáticos
Para um bom rendimento do processo de ensino-aprendizagem é crucial que o professor tenha uma letra legível, saiba os rudimentos de desenho ou se esforce para obtê-lo. Não é tempo perdido o esclarecimento visual aos alunos sob forma de ilustrações, gráficos, mapas, etc. se o professor não tem o talento para desempenhar estas ilustrações, que encontre uma outra forma impressa de exibi-las.
No entanto, a boa disposição do material gráfico no quadro-negro suscita e dirige o processo da percepção e assim, o da aprendizagem.
O uso do quadro-negro em muitas disciplinas é imprescindível. Como tal também é a atenção do professor no uso deste instrumento tão comum de apoio ao ensino. A ordem conduz a clareza. Para um bom uso do quadro-negro é importante que o professor saiba como dividi-lo e usar bem suas seções e espaços.
O professor consciente de seu oficio sabe que ele não é apenas um fornecedor de idéias pré-fabricadas. Cabe-lhe, portanto, cultivar e inculcar hábitos de ordem, de limpeza, de trabalho, de clareza, atitudes de curiosidade, de iniciativa, de cooperação, ideais de vida humana superior tendo como exemplo, o seu próprio comportamento.
O professor deve proporcionar aos alunos, fontes de pesquisas e leituras além do que está pré-estabelecido no compêndio. Muitas vezes, os alunos se desinteressam das aulas devido às parcas informações disponíveis em seus livros escolares e o desinteresse do próprio professor em proporcionar estímulos para a descoberta de saberes e a elaboração de pesquisas acerca dos assuntos abordados.
A conseqüência deste fato é o desleixo na resolução das tarefas escolares e a limitação do processo de aprendizagem que se transforma numa simples decoreba de pontos do livro didático.
• A lectio e a prática de ensino pelo ditado
Uma pratica que ainda é muito difundida entre os professore e aplicada em muitas escolas é a leitura de textos retirados do livro didático adotado pela escola. O professor até pode utilizar este método contanto que permita e estimule o livre exame, o debate, o confronto com outros textos, a crítica, a pesquisa, Porém lamentavelmente não é o que acontece.
O professor acaba retrocedendo à tempos medievais, quando adotava a lectio; a leitura a saber e ser decorada; o mestre naqueles tempos lia e comentava a lição autoritariamente, sem que o aluno fizesse qualquer comentário ou divergisse acerca de sua preleção.
O princípio da autoridade, o culto do compêndio e o magister dixit devem ser banidos das escolas. No mundo hodierno nada retém a verdade nem a detém. Não há uma verdade absoluta, todas as idéias devem ser consideradas e analisadas, dados os interesses da sociedade. A função do livro, da cartilha ou do resumo é meramente supletiva. Somente quando a escola carece de uma biblioteca dotada de boas fontes de consulta é que o compêndio assume importância.
O ditado é a velha prática escolar, cômoda maneira de dar lições, irmã da cópia e serva dos exames, contra a qual têm protestado professores e pedagogos esclarecidos de todos os tempos.
O ditado conduz ao jovem e ao adolescente a preguiça mental, o saber memorístico que serve tão somente para angariar boas médias, sendo descartado rapidamente.
Lógico que o ditado, apenas para fins especiais e em algumas circunstâncias é um recurso útil e importante. Como meio de verificação da aprendizagem, sob forma de sabatina ou exame das línguas vernácula e estrangeira, com fim de averiguar os resultados do ensino.
O ato de ensinar não deve ser concebido como o ato de transmitir idéias por intermédio do puro simbolismo lingüístico ou na voz que é designada para tanto, tampouco é o ato de aprender um mero receber na forma falada, idéias feitas, acabadas e prontas.
Cabe ao professor submeter o objeto de estudo a um tratamento didático, organizando o conteúdo, a exposição, os exemplos, ilustrações e exercícios de forma a oferecer aos seus discípulos, condições necessárias a sua compreensão e suficientes à elaboração de idéias claras e objetivas acerca do objeto de estudo.
• Questionários, sabatinas e argüições avaliativas.
O questionário ou a sabatina deve ser usado com parcimônia para que o processo de verificação da aprendizagem não se torne uma atividade monótona e entediante. Este método deverá surgir como uma forma de suscitar dúvidas e dirigir a atividade mental para que conduzindo a clareza, motivar a reflexão e o estudo.
As perguntas deverão propor os problemas, suscitando a intervenção da inteligência para a descoberta ou construção da resposta. O melhor é que, ao dirigir uma pergunta, que esta para toda a turma, indicando em seguida, o aluno que a responderá.
A repetição é a mãe dos estudos, mas tais repetições são estéreis e devem ser banidas da escola pela sonolência e distração que infundem aos alunos.
A sabatina também não deve ser usada como forma de castigo, como qualquer tipo de punição ou elemento de avaliação definitivo (prova). A pergunta didática não visa exclusivamente à resposta correta. Sua função é mover o aluno em busca de respostas, a partir do pensamento, à atividade, pesquisa e reflexão.
• Os conteúdos programáticos e a ação do docente
O professor, embora deva seguir um quadro cronológico, não deve se tornar obcecado pelos programas a ponto de considerar qualquer esboço, atividade ou explanação, perda de tempo. Para a educação, toda a forma de saber, de aprendizado é válida. A educação começa na escola, com bases nesta instituição, a educação do indivíduo se prolonga no decorrer de sua vida.
O professor vive seu ofício subordinado ao seguimento de horários, grades e currículos e muitas vezes fica encurralado no dever de cumprir os programas de ensino. Sacrificando a qualidade e a quantidade do ensino, compromete também sua postura pedagógica, quando ao fim do ano letivo, cobra de seus alunos um aprendizado inexistente, com bases em seu programa dado de forma ineficaz e ineficiente.
Devemos então conduzir com arte os alunos de forma que estes descubram algo novo por si próprios. Quando o aluno descobre algo novo, fica ansioso e motivado para novas descobertas, dedicando-se ao trabalho com redobrado interesse e afinco, o que lhe proporciona um aprendizado mais deleitoso.
• Igualdade do ensino para todos
Todos os alunos ao olhar do professor, salvo em casos de avaliação da aprendizagem, deverão ser considerados iguais e dados os mesmos incentivos e possibilidades para se expressar. As classes são heterogêneas, cada indivíduo tem suas peculiaridades e condições sejam elas: sociais, econômicas, religiosas, raciais ou físicas. O professor está na escola para proporcionar a educação de todos, sem distinção ou preconceitos.
O ensino deve ser adaptado ao alcance médio da classe. Sempre que a matéria dada permitir, deverá o professor incentivar o trabalho de equipe como uma forma de substituir a aula expositiva. Os trabalhos em equipe constituem um meio favorável à interação social e o desenvolvimento de capacidades que dão suporte ao futuro do aluno enquanto indivíduo seguro e maduro no convívio social quando alcançar a maioridade.
Quando o professorado se detém a minúcias, a discussões bizantinas da metodologia a ser desenvolvida e aplicada em seus alunos, perdem sim, um tempo precioso.
A estas minúcias observamos os conteúdos programáticos, sinopses, sumários e apontamentos desnecessários que apenas servem como um anúncio da matéria que será dada. Num primeiro momento, esta prática é desnecessária ao alunado, pois o que estes precisam é da objetividade e a clareza das informações.
Dar um resumo da matéria antes desta ser dada constitui num contra senso, uma vez que, nada pode haver para resumir. O resumo da matéria deve partir das dúvidas freqüentes e suscitadas pelos alunos, depois de dadas as explicações e explanações acerca de determinado assunto.
O ideal é seguir a didática dos romanos: “non multa, sed multum” não muitas coisas, mas muitas vezes; e de forma diferenciada, inovadora, diferente: “non nova, sed nove” não muitas coisas novas, mas de maneira inovadora.
Para as aulas não começarem de forma cansativa, é interessante formar com os alunos, pequenos grupos de dois ou mais alunos que farão, a cada dia, nos cinco minutos iniciais da aula, um apanhado da unidade de ensino anteriormente estudada; os temas que foram abordados e principais ilustrações ou idéias que ficaram registradas da aula anterior.
Isto porque nenhum assunto novo deve ser apresentado abruptamente. As respostas obtidas dos alunos em relação à aula anterior já dão indicações mais ou menos claras a respeito do que eles já sabem ou pensam sobre o assunto.
• Interdisciplinaridade e transdisciplinaridade.
O professor também deve de estar atento para a transdisciplinalidade e interdisciplinalidade em que estão inseridas suas disciplinas, deve usar como exemplos de sua matéria, assuntos e temas ligados às outras disciplinas.
O erro do professor nesta parte consiste não apenas em isolar sua disciplina como se a escola fosse feita somente para sua visão de ensino, mas deixar de adentrar-se nas disciplinas de outros docentes com a desculpa de não querer interferir na disciplina do colega ou de confundir a mente dos alunos com conceitos que mais cedo ou mais tarde terão de conhecer. Nestas condições, o programa de ensino se transforma em arquipélago de matérias.
Quando os alunos apresentam qualquer dificuldade em apreender o que está sendo dado, cabe ao professor observar seu modo de ensinar, como está abordando sua disciplina, qual o seu sistema de aplicação de exercícios, seus modelos, etc.. De nada adianta impacientar-se com o aluno, encolerizando-se e dando a entender aquele aluno que ele é um caso perdido e que não tem mais jeito.
• O exemplo como forma de aprimoramento didático
É inadmissível a um professor afirmar que um aluno é um caso perdido. Um educador de fato insiste com o aluno até ele aprender, compreender e seguir junto à turma, mas sempre ao lado do professor. Cabe ao professor buscar os meios: assistir aos menos dotados, argüí-los com mais insistência e conversar sobre o que eles têm dúvida, onde surge o problema.
Através dos modelos a criança encontra os estímulos visuais que lhes são imprescindíveis uma vez que a criança memoriza melhor aquilo que ela pode ver, tocar, experimentar ou ouvir (audiovisual) assim o processo de ensino aprendizagem estará plenamente favorecido, dirigido a sua atividade perceptiva.
Todo ser humano se guia pelo exemplo desde a mais tenra idade. O professor é um destes modelos em que a criança busca orientar-se. Ao professor cabe a missão de se permanecer integro e sempre ser o elemento de admiração da criança.
O exemplo consiste na alusão a alguma coisa que se compõe ser do conhecimento do interlocutor, ouvinte ou aluno. Por isso mesmo, os melhores exemplos, para fins didáticos, são os que evocam fatos da vida e da experiência real anterior dos alunos.
É desejável que o professor multiplique os exemplos para crer pertençam ao elenco de experiências da vida do maior número de alunos. Melhor ainda seria pedir aos próprios alunos que apontem fatos, situações, tragam objetos, fotos, reportagens sobre determinadas matérias abordadas em classe para um estudo participativo, aprofundado e deleitoso.
Os filmes, seriados, desenhos animados, documentários de redes educativas de televisão constituem ferramentas de fácil acessibilidade e estímulos rápidos, se trabalhados conjuntamente às matérias dadas no decorrer do ano letivo.
A mente da criança é perceptiva, ágil e dinâmica, quando oferecidos os estímulos desta natureza, favorece a imaginação, o gosto pelo aprender a ler e escrever pequenos textos.
Estudo baseado nos livros:
• Didática mínima – Rafael Grisi
• Didática Magna – Comênius
• Didática – Bom para quem aprende, excelente para quem ensina
Semíramis Alencar
O ser humano é uma corrente de relações. Estão encadeadas entre outros elos que interagem em um determinado espaço físico e um universo de inúmeras possibilidades.
Nesse universo infinito de situações, o homem também se descobre e mostra a sua personalidade, o seu “eu” interior, que interage e se adapta ao universo com os outros de forma harmoniosa, permitindo o afloramento de bons sentimentos.
Com estes bons sentimentos florescem também as amizades, as relações amorosas, a cumplicidade todas em consonância com o transcendente, com o sagrado: Deus.
Enquanto seres criados, os seres humanos têm a capacidade de amar, compreender, dialogar, decidir, libertar, socializar-se, uma vez que são seres inteligentes que possuem a capacidade de pensar pois são oriundos de um núcleo social, logo convivem com outros membros.
Cabe ao ser humano aceitar a si mesmo e também aceitar ao outro, com suas divergências ou contradições e desagrados, porque cada ser é único e esta individualidade é o que preserva a autonomia e a transcendência de nossa sociedade.
Na educação, a criança deverá ser estimulada para alcançar os quatro pilares estruturais do aprendizado: aprender a aprender, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser.
A escola é onde o conhecimento e as bases da vida em sociedade começam. É quando se começa a conviver com os direitos e deveres, o lazer e a obrigação, a teoria e a prática, bem como o conhecimento de sua própria personalidade.
É na sala de aula que acontece a amizade, a empatia, a inimizade e a antipatia entre seus subgrupos. Ao professor compete promover com seu poder de empatia, a harmonia de convivência entre seus alunos.
O professor, no entanto, deverá estar ciente de sua função de educador, portanto deverá estar constantemente bem informado acerca das mudanças em seu país e em seu estado e município e principalmente procurando novas formas de passar os conteúdos de sua disciplina ao alunado.
A família não está excluída deste processo uma vez que a criança vem de seu núcleo familiar com uma história de vida, uma bagagem de sentimentos e atitudes e costumes provenientes de seu grupo familiar.
A escola aliada a família e a sociedade são as bases para a formação da criança em um adulto consciente, preparado para a vida social e para o mercado de trabalho.
Contudo, é necessário que todo o grupo escolar esteja ciente de que a educação é um elemento transformador de um ser. É preciso que todos saibam que ao semear a educação com devotamento e esperança é que será escrito um futuro digno e justo para a sociedade, que começa com a candura e a suavidade da mão do professor no tracejar das primeiras letras do aluno, conduzindo-o à luz do saber.
Francisco Antônio de Andrade Filho
Neste 15 de outubro estamos vivenciando nacionalmente o dia do professor. Com muita convicção, dedico este momento de reflexão como uma homenagem a esta data.
A primeira homenagem vem de Platão que, em diálogo com seu discípulo, Glauco, pensa assim:
O mestre receia os discípulos e os adula, os discípulos fazem pouco caso dos mestres e dos pedagogos. Em geral, os jovens copiam os mais velhos e lutam com eles nas palavras e nas ações; os velhos, de sua parte, rebaixam-se às maneiras dos jovens e mostram-se cheios de jovialidade e pretensão, imitando a juventude, de medo de passar por fastidiosos e despóticos.
E a Filosofia continua em diálogo, indagando: Dia do Professor ou do Educador? Que desafio maior é feito à Pedagogia nos dias de hoje? Seria detectar a formação do educador para o mercado de trabalho na atual sociedade da informática?
Educador e mercado de trabalho! Eis a tarefa de desmistificação pedagógica na atual educação globalizada. Neste tempo: professor ou educador? Submisso ao papel social da profissão ou aquele que tem amor e paixão pelo que faz? Aquele que reproduz os conhcimentos prontos e acabados ou aquele que desperta a consciência de que educar é desinstalar, questionar e criar?
O educador se envolve, com seu trabalho, na mundialização do Capital. É convidado a produzir uma nova convivência ética da Pedagogia no atual processo de globalização, a descobrir, pela pesquisa, uma outra relação entre trabalho e educação como prática do sistema econômico de hoje. O educador encontrará aqui o significado pedagógico do trabalho como uma especificidade da prática educativa, como processo de emancipação de uma nova sociedade.
Seria esta atitude reflexiva, da razão filosófica, uma maneira de prestigiar esta data? Estaria indicando os novos caminhos de suas realizações profissionais frente às novas necessidades humanas do mundo de hoje?
Neste sentido, o pedagogo é um ser criativo, inovador e produtor de um processo que resulta na emergência de algo novo e original. Ele é empreendedor. Experimenta uma nova prática pedagógica na Internet.
* Francisco Antônio de Andrade Filho é PHD em Lógica e Filosofia da Ciência, área de concentração/Filosofia Política/UNICAMP/SP. Currículum Vitae Resumido.
Francisco Antônio de Andrade Filho
Montesquieu (1689-1755), pensador clássico em Filosofia Política, do Iluminismo francês, escreve, entre outras obras, O Espírito das Leis. Nesta obra, pensa: “a liberdade é um bem tão apreciado que cada qual quer ser dono até da alheia”. E insiste: “A liberdade política, num cidadão, é esta tranqüilidade de espírito que provem da opinião que cada um possui de sua segurança; e, para que se tenha esta liberdade cumpre que o governo seja de tal modo, que um cidadão não possa temer outro cidadão”.
Esta concepção de liberdade é marcante para a história moderna mundial: o Iluminismo francês do século XVIII. O filósofo nasceu numa época em que se inaugura uma nova forma de pensar e de agir do homem em sua capacidade de inovar, de produzir ciência frente as grandes descobertas do seu tempo. Neste processo histórico, constatou-se um verdadeiro movimento intelectual que teve na França esta sua maior expressão.
Nesta busca, o homem passou a questionar as idéias que sua cultura lhes oferecia e passou a usar a razão como instrumento de poder. Nesta dimensão política, conseguiu relacionar a temática “Ética e Cidadania” com a liberdade de pensar. Essa postura filosófica favoreceu em muito a burguesia que inteligentemente se apropriou deste progresso das ciências e das artes, assim dito por Jean Jacques Rousseau, para, com esse poder do saber, entrar em conflito com o absolutismo e as aristocracias. E entra em choque com a nobreza e o clero, culminando com a Revolução Francesa.
Observa-se que Montesquieu concebe um novo conceito de lei, estabelecendo relações entre si desde a sua criação. A lei determina não apenas a vida privada (moral), mas também política (ética) dos povos.
Logo no início do Livro XI, Montesquieu percebe a realidade da lei-relação através da qual produz o saber jus - filosófico não isolado, mas interligado com o todo. Que "todo" é esse? Esse todo é a relação da liberdade política não fechada em si mesma, em sua particularidade, mas em sua relação com a Constituição, com o cidadão e com o mundo da economia. E assim fala: distingo as leis que formam a liberdade política em sua relação com a constituição, das leis que a formam em sua relação com o cidadão. O que é liberdade de política em sua relação com a constituição? Quais as diversas significações dadas à palavra liberdade? Investigamos a maior expressão ética do homem: sua liberdade.
Montesquieu concebe, assim, liberdade no sentido político. Procura associar a liberdade política com a ordem constitucional vigente. Mas em que consiste a liberdade política? Ele responde: A liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis permitem. E argumenta: se um cidadão pudesse fazer tudo o que elas proíbem, não teria mais liberdade, porque os outros também teriam tal poder. E alerta: É verdade que nas democracias o povo parece fazer o que quer; mas a liberdade política não consiste nisso A liberdade consiste em fazermos algo sem sermos obrigados assim agir. Pois, continua a pensar, numa sociedade em que há leis, a liberdade não pode constituir senão em poder fazer o que se deve querer e em não ser constrangido o que não se deve desejar.
Nos capítulos seguintes, Montesquieu insiste ainda a conceber a liberdade política limitada pela moderação do poder. Para ele, os sistemas democráticos e aristocráticos, essencialmente, não são livres exceto quando neles não se abusa do poder, o que para se conseguir é preciso que pela disposição das coisas o poder freie o poder. E ironiza: Quem diria! A própria virtude tem necessidade de limites. De fato, a experiência histórica é pródiga em comprovar tal afirmação do iluminista francês. O homem que tem o poder é tentado a abusar dele. É preciso limitá-lo, frear seu desejo de comando. Só pode existir liberdade quando não há abuso do poder. Estabelece então, condições necessárias para a concretização da liberdade política como uma expressão de valor para a cidadania. E pensando na consolidação de um Estado livre, Montesquieu vai afirmar que somos livres porque somos governados por leis que orientam nossa vida em sociedade. A moderação do poder constitui princípio basilar da liberdade política. Pois, uma constituição pode ser de tal modo, que ninguém será constrangido a fazer coisas que a lei não obriga e a não fazer as que a lei permite.
Pelo exposto, sustento que Montesquieu é um pensador inserido na História do Século XVIII, quando a liberdade de pensar era o princípio central da qual derivam a natureza das leis, não fora da realidade, mas do homem histórico, real, desse tempo. Tornou-se um clássico da Filosofia Política Moderna. Para ele, as instituições jurídicas emergiam do povo e como resultado da ação de fatores naturais e culturais. Eis um método diferente, revolucionário para o pensador iluminista na França.
E os pensadores jus-filósofos, da atual sociedade tecnoglobalizada, como produzem a ciência do Direito nas Academias? Como estão desafiando os novos fatos do mundo de hoje, de interesse do Biodireito: Transplantes de órgãos humanos, clonagem, transgênicos, células-tronco, Inseminação in vitro, entre outras invenções das tecnologias da inteligência humana?
Semíramis Alencar
A função da escola é formar indivíduos aptos para escrever, ler e se relacionar com outros indivíduos, à partir da compreensão do léxico. Mais do que isso, a escola forma o cidadão para interagir e transformar o seu meio.
Garantir a democracia é tornar a cultura acessível à todos, fornecendo informações necessárias para melhor compreensão do universo em que vivem. Sem a escola não há base cultural mínima necessária para que o indivíduo acompanhe os progressos da sociedade e progrida intelectualmente.
A democratização da cultura começa na escola. Desde as primeiras séries do Ensino Fundamental, quando incentivamos a criança a pensar sobre o seu cotidiano, sobre os núcleos e filosofias que a cercam até, e principalmente, o Ensino Médio quando o aluno já deverá de ter as bases de conhecimento do mundo para que possa agir em sua transformação, no contato democrático com seus semelhantes.
No entanto, a escola deverá estar consciente de que a educação é mais do que o repasse sistemático de informações e conceitos. A escola é onde acontece o preparatório para a vida em sociedade e a formação do ser humano com bases na ética e no conhecimento sócio-histórico de seu país.
Como desenvolver a democracia cultural dentro da escola? à partir das vivências dos próprios alunos, vindas de sua própria comunidade, através de questionamentos sobre suas principais necessidades à níveis municipais, estaduais ou nacionais na medida em que o alunado vai transcendendo os níveis escolares.
A criança tem um interesse natural por sua cultura. Ela manifesta isso à cada momento: ao pedir para uma estória ser contada, ao perguntar pelo passado de seus pais ou avós e para saber suas raízes. A cultura começa a ser democratizada à partir do momento em que a criança divide estas experiências com outras.
Quando adolescente, seu interesse em compreender as tradições e as transformações de sua cidade são de suma importância para a preservação de sua tradição regional e para a fruição das discussões acerca dos problemas sociais daquela comunidade em sentido mais amplo, traçar um paralelo com os problemas sociais do país.
Favorecendo a compreensão da realidade do educando e o incentivando à participação nas questões sociais é que se torna possível a democratização da cultura, possibilitando uma visão ampla e consistente da realidade brasileira e sua inserção no mundo, aliado ao desenvolvimento de um trabalho educativo que possibilite uma participação ativa dos alunos.
Semíramis Alencar
Partindo do pressuposto de que educar é um processo contínuo, não restrito as paredes das escolas, cabe aos educadores criar um ambiente estimulador para que os alunos aprendam por si, descubram o que eles já sabem.
O educador tem o dever de respeitar as experiências anteriores de seus discípulos promovendo os melhores métodos que favoreçam a construção da identidade do educando conduzindo-o à profissionalização, ao mesmo tempo em que informa, desenvolve as habilidades de compreensão, emoção e comunicação que lhes possibilite tornar cidadãos realizados e produtivos.
Aprender depende também do aluno, de que ele esteja pronto, maduro para incorporar a real significação que essa informação tem para ele, para incorpora-la vivencialmente, emocionalmente. O aluno é um cidadão em desenvolvimento, ele só aprenderá o que tiver real significação para sua vida prática.
A personalidade do professor é decisiva para o êxito do ensino-aprendizagem, todavia, muitos não sabem explorar todas as possibilidades da interação. Os grandes temas da educação são coordenados, iniciados e motivados pelo professor, mas pesquisados pelos alunos: simultaneamente, em grupos, em duplas ou individualmente.
É importante educar para a autonomia, para que cada um encontre seu ritmo de aprendizagem, fazendo isso de forma que também eduque para a cooperação, para aprender em grupo, com o grupo e no propósito de auxiliar o grupo, intercambiando idéias, participando de projetos e realizando pesquisas em conjunto.
Os alunos aprofundam suas leituras em casa, com os textos impressos via internet; fazem novas sínteses, levantam novas hipóteses, colocam os problemas que os textos suscitam, os relaciona com a realidade. A sala de aula é a sala de debates onde o professor coordena as discussões, esclarecendo dúvidas e englobando as informações trazidas.
Os cursos oferecidos poderão ser predominantemente presenciais ou virtuais, isto dependerá do tipo de matéria, das necessidades concretas de cobrir a falta de profissionais em áreas específicas ou de melhor aproveitar especialistas de outras instituições que seriam difíceis de se encontrar.
O contato com educadores entusiasmados atrai, contagia, estimula tornando-os próximos da maior parte dos alunos. Mesmo que não haja plena concordância em suas colocações, o respeitamos. Com ou sem tecnologias avançadas é possível vivenciar processos participativos de compartilhamento do ensinar e aprender, através da comunicação mais aberta, confiante, de motivação constante, de integração de todas as possibilidades de aula-pesquisa/ aula-comunicação, num processo amplo de formação inovadora, de integração do objeto de estudo em todas as dimensões pessoais.
As mudanças na educação também dependem de termos administradores, diretores e coordenadores mais abertos que propiciem maior modernização do ensino, ampliando a capacidade produtiva dos novos processos pedagógicos em sua diversidade.
Semíramis Alencar
Brincar é uma arte. É a arte que a criança desenvolve com sua imaginação. As pessoas se transformam quando criam.
Sabendo que a criança não está preparada para lidar com a frustração, se desanimando rapidamente quando percebem uma dificuldade de aprendizagem, o brinquedo poderá ser de grande valia para a estimulação do processo de aprendizagem, se usado como apoio pedagógico. No entanto, é imprescindível o apoio e a participação ativa de pais e professores que contribuirão para a melhora da criança.
A família deve participar da vida escolar da criança bem como do espaço físico da escola, onde eles se integrarão com professores e outros pais para melhor debater acerca das possibilidades de estímulos para seus filhos. O professor, sempre que observar qualquer dificuldade deverá sempre observar e questionar o comportamento da criança.
Cabe ao professor ainda ter um objetivo definido para estimular a atividade com brinquedos. O brinquedo obriga a criança a pensar, o brincar pedagógico exige atenção e orientação do professor. Quanto mais a criança brincar, mais abrangente será sua aquisição de linguagens e conceitos.
Trabalhar a carência afetiva é importante para o crescimento da criança. Com os brinquedos podemos fazer com que ela apreenda os conhecimentos, de forma socializada e estando feliz, uma vez que ela está fazendo o que mais gosta.
O brincar é uma atividade vital para a criança, é a maneira pela qual ela descobre seu mundo, levanta hipóteses, pensa e reflete sobre ele em consonância com a vida dos semelhantes. Toda criança tem no brinquedo a realidade que ela não pode viver. O brinquedo traduz para a vida real a própria realidade infantil.
Por exemplo, Quando a criança brinca de casinha ela está projetando a vida em família de várias maneiras: como ela vê sua relação com a família; como ela gostaria que fosse sua relação com a família; situações que ela já presenciou; situações que ela criou à partir de leituras ou desenhos animados.
Enfim, seja o que a criança esteja brincando, ela sempre levantará hipóteses, refletirá sobre os comportamentos e as ações dos adultos nos quais ela estará se espelhando para a formação de sua personalidade e seu processo de socialização.
Semíramis Alencar
Para que serve a escola?
Basicamente, a escola serve para:
• Ensinar conteúdos e habilidades necessárias à participação do indivíduo na sociedade;
• Através de seu trabalho específico, a escola deve levar o aluno a compreender a sua própria realidade, situar-se nela, interpretá-la e contribuir para sua transformação.
• A escola é fundamental para a formação da cidadania. Por isso, nenhuma criança pode ficar excluída de seus benefícios.
• Todas as crianças têm o direito a uma sólida formação escolar.Todas têm o direito de sonhar e seguir seus sonhos, realizando seus projetos individuais e coletivos.
• Isto acontece quando pensamos em:
“Criar a escola que é aventura, que marcha, que não tem medo de riscos, por isso que se recusa o imobilismo.
A escola que se pensa, em que se atua, em que se cria, em que se fala, em que se ama, se advinha.
A escola que apaixonadamente diz “sim” a vida”.
Paulo Freire, educador pernambucano.
Como os processo de ensino-aprendizagem são muitos e variados, cada professor tem uma forma única de demonstrar e aplicá-los, uma vez que possuem uma idéia geral de como se dá o processo de aprendizagem dos alunos e assim como ele deve ensinar. Essas idéias orientam a forma de atuar em sala de aula.
Cada aluno é único e tem seu próprio ritmo de aprendizagem baseado nas suas experiências anteriores e externas à escola. A escola é o lugar de encontro dessas vivências, de alunos e professores e o debate acerca de temas de interesse comum à todos.
Preservar interesses, entender necessidades e tratar cada aluno de forma individualizada são aspectos centrais num ensino bem sucedido. A aprendizagem é o resultado de processos sociais e pessoais.
José Luiz Ames
Todos os candidatos cobram dos eleitores um “voto consciente”. Poucos, porém, se preocupam em detalhar esta exigência no sentido de mostrar o que entendem por isso. O que é um voto consciente? Em que condições é ele possível?
Trata-se, sem dúvida, de um problema complexo cuja solução excede em muito o espaço deste artigo. Penso, no entanto, poder contribuir para o seu esclarecimento e é com esse objetivo que faço as considerações seguintes. Realizar um ato consciente pressupõe a existência de três elementos: a) pleno conhecimento do seu conteúdo; b) liberdade para efetivá-lo; c) vontade deliberada de praticá-lo. No presente caso, a ação a ser levada a efeito é o voto. Cabe-nos, então, examinar se estes aspectos têm como se fazer presentes no exercício do voto.
Inicialmente, quanto ao conteúdo do voto: o que eu preciso saber para votar de forma consciente? Em primeiro lugar, conhecer as propostas do candidato. Quanto a isso é preciso examinar, ao menos, o seguinte: as propostas são viáveis ou são promessas vazias? A quantidade das propostas é compatível com o volume de recursos e o tempo disponível? Respondem à ordem das prioridades e urgências de interesse da maioria ou são em benefício de grupos minoritários? O comportamento mais comum da parte dos candidatos é impressionar os eleitores com uma relação de propostas sem mostrar como é possível realizá-las. São, na verdade, promessas vazias. Em segundo lugar, a própria pessoa do candidato. Quais as ações desenvolvidas por ele o credenciam para o exercício do cargo pleiteado? É somente uma pessoa de prestígio ou já demonstrou possuir capacidade administrativa para o exercício do cargo pretendido? Quais os valores que defende? É alguém de convicções firmes ou muda ao sabor das conveniências? Pode comprovar sua honestidade e integridade ou seus negócios estão repletos de sombras?
Quanto à liberdade: um ato consciente requer a ausência de quaisquer constrangimentos para sua efetivação. Podem os eleitores decidir sem medo de retaliação futura? Quando há um candidato apoiado pela situação, cabe questionar: os servidores públicos podem externar sua opinião, quando contrária ao candidato situacionista, sem receios sobre sua situação futura? Afeta também a liberdade a oferta de bens ou serviços em troca do voto. O candidato que compra o voto constrange a liberdade do eleitor. A liberdade é comprometida ainda pela manipulação das informações durante a campanha. Isso pode acontecer através de diferentes modos: por pesquisas de intenção de voto “encomendadas” para iludir os eleitores e induzi-los à determinada opção; pelo emprego de técnicas de propaganda para realçar os aspectos mais atraentes e esconder os negativos; pela intimidação dos adversários.
Por fim, o voto consciente exige que o eleitor tenha a vontade deliberada de praticá-lo. Votamos porque estamos convencidos da importância do ato ou porque a lei nos obriga? Não parece ser possível votar de forma consciente quando se é constrangido a isso, ainda que o seja pela força da lei.
As considerações acima revelam as limitações da campanha política no sentido de levar o eleitor a um voto consciente. Ainda que ele acompanhe a propaganda eleitoral no rádio e na TV, participe dos debates, leia os materiais de divulgação, dificilmente estará suficientemente consciente de todos os aspectos envolvidos no voto. É bom que se diga que o problema não está na dificuldade de compreensão do eleitor, e sim na forma como os candidatos desenvolvem sua campanha.
Pessoalmente estou convencido de que o voto (ainda) é determinado muito mais por estratégias de êxito dos “marqueteiros” da campanha do que pela consciência dos eleitores. Num jogo de sombras e luzes, a eleição transformou-se num grande espetáculo no qual interessa convencer os eleitores e não a verdade. Dane-se a viabilidade das propostas, pensam candidatos. Afinal, quem se lembra ainda das promessas da eleição passada, feitas e não cumpridas? Quando o questionamento surge, sempre é possível uma boa explicação para a inexplicável omissão na execução das propostas. Basta um eficiente jogo de sombras e luzes. Vote consciente, se for possível!
*José Luiz Ames é doutor em Filosofia e professor da UNIOESTE, Campus de Toledo.
Semíramis Alencar
1549 – Na recém-fundada cidade de Salvador-BA, com os padres jesuítas. Em duzentos anos, esta ordem instalaria muitas escolas por todo o país. Os jesuítas catequizavam os índios e os instruíam em assuntos religiosos, ensinavam os filhos dos colonos portugueses a ler e escrever, formando a elite local, as grandes oligarquias.
Nossas primeiras escolas reuniam crianças índias e portuguesas, mas aos poucos os indígenas foram excluídos do ensino. No século XVIII, já existiam colégios com nível médio, internatos nos quais estudavam apenas meninos. O único curso superior existente era o de teologia. Para outras carreiras era preciso ir para a Europa.
Com a chegada da Família Real, em 1808, a educação do país começa a mudar. Com a presença da corte, novos hábitos e costumes foram trazidos para o cotidiano da colônia Os portos se abriram à outros países, instalou-se a imprensa, surgiram os primeiros museus e bibliotecas e foram criados cursos de direito e medicina.
Em 1837, foi fundado no Rio de Janeiro, o Colégio Pedro II, que deveria de ser um modelo para outras escolas. Só ele fornecia o diploma de bacharel, título necessário na época para cursar o nível superior. Foram também criados nessa época colégios religiosos e alguns cursos de magistério em nível secundário, exclusivamente masculinos.
Na segunda metade do século XIX expandiu-se a cultura cafeeira, estradas de ferro foram construídas, formaram-se bancos e surgiu o telégrafo. A classe média urbana aumentou. Antes mesmo da Abolição dos escravos em 1888, levas de imigrantes chegaram ao país para substituir a mão de obra escrava. A partir desse período, a liberdade de culto e de ensino no Brasil passou a ser defendida.
Durante todo esse tempo não foi estabelecida nenhuma política educacional. Os ensinos fundamental e médio ficavam a cargo das províncias. O ensino médio era visto apenas como um meio para entrar para a faculdade.
Era um ensino improvisado, de condições precárias e professores malformados. A educação permanecia voltada exclusivamente para os interesses das classes dominantes: os grandes fazendeiros, a nobreza e o alto funcionalismo.
Na década de 20, o índice de analfabetismo atingia 80% da população. Com a industrialização e crescente urbanização, o povo passou a reivindicar o direito de freqüentar a escola e o aumento de vagas no sistema escolar.
Da década de 30 até o início dos anos 50, houve um período de expansão do ensino, com especial atenção ao secundário. Esse tempo foi marcado pela criação do Ministério da Educação e Saúde, em 1930. Esse ministério estruturou nosso sistema de ensino e o das universidades, criadas inicialmente no Rio de Janeiro (Capital Federal) e São Paulo.
Entre 1945 e 1964, o país viveu uma época de democracia política e crescimento econômico. Em 1961 foi aprovada, após muita divergência, a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 4024/61). Em torno dessa lei houve severas discussões sobre a quem deveria de caber o ensino, se às instituições particulares (a igreja católica) ou à União.
Quando o país estava em meio a um processo de modernização cultural e social no início dos anos 60, os militares tomaram o poder impondo uma ditadura violenta e repressiva. A participação política acabou: foram proibidas as manifestações estudantis, os professores contrários ao regime foram expulsos das universidades e muitos tiveram de se refugiar no exterior para não serem mortos. A censura impedia a livre expressão do pensamento.
Em 1971, uma nova LDB, a lei 5692/71, aumenta a obrigatoriedade da educação de 4 para 8 anos; integra todos os níveis de ensino e acaba com a separação entre secundário e técnico; elimina também os exames de admissão para o ginásio (fundamental 5ª à 8ª). Apesar desses avanços, foi um período negro para a educação no país, uma vez que educação é feita com liberdade de expressão e respeito à cultura e à memória dos indivíduos.
No final da década de 70, começa a retomada da democracia, impulsionada por grandes manifestações de todos os segmentos da sociedade. Em 1982, os brasileiros voltaram a escolher os governadores de suas cidades pelo voto direto. Em 1984, o povo foi às ruas exigindo as eleições diretas para presidente da república, o movimento “Diretas, já !”. Em 1985, foi eleito o presidente Tancredo Neves, representante da oposição ao regime militar.
Com a Constituição de 1988, nossa Carta Magna, a educação brasileira obteve vitórias significativas como:
• A gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
• A extensão gradativa do ensino obrigatório e gratuito ao ensino médio;
• O atendimento a crianças de até seis anos em creches e pré-escolas;
• A determinação da quantidade de recursos que estados e municípios devem aplicar na área educacional;
• A prioridade do ensino fundamental;
• A educação como obrigação a ser compartilhada entre estado e família.
Em 1996, foi aprovada a terceira LDB, a 9394/96, antes do final da década de 90, o país já oferecia vagas no Ensino Fundamental à todas as crianças e adolescentes. Com o repasse de recursos da União para os estados e municípios, é possível melhorar a formação dos professores e sua situação salarial. Com estas reformas se espera que sejam otimizados os prédios bem como a construção de novos estabelecimentos escolares. Junto a este processo, também é desejável a adequação dos currículos e da avaliação, a igualdade de relações na escola também se faz necessária na formação de uma escola para a sociedade.
Semíramis Alencar
As escolas somente se consolidaram a partir de 1600. Antes, embora existissem estabelecimentos de ensino, especialmente os religiosos, os meninos eram geralmente, encaminhados a uma profissão e as meninas ficavam em casa para o aprendizado das prendas do lar, a espera de um consorte.
Com o tempo, os conhecimentos humanos se expandiram, tornando-se complexos. As escolas se multiplicaram, para atender as classes mais afortunadas para que tais conhecimentos fossem transmitidos para a geração seguinte. Nisto, a maior parte da população continuava analfabeta.
A industrialização dos séculos XVIII e XIX ajudou a mudar este quadro. Aumentou a necessidade de se escolarizar a população, pois a complexidade do trabalho necessitava de uma mão de obra mais qualificada.
A ciência continuou avançando e trazendo benefícios a toda sociedade, então a educação, já não poderia ser restrita apenas às classes dominantes.
No século XIX, as idéias de uma escola elementar gratuita, que atendesse à todos, começou a se tornar realidade. Era o inicio de uma revolução que continuou no século XX, marcado pela implantação dos grandes sistemas educacionais.
A escola elementar tornou-se pública, gratuita e leiga, ou seja, não religiosa. Sua estrutura se divide em três níveis:
• O elementar: no qual se aprendia a ler, escrever e contar;
• O secundário: no qual outras disciplinas eram estudadas;
• Universitário ou superior.
Todavia, apesar desses progressos, o Brasil e os países latino-americanos ainda hoje não oferecem acesso pleno nem mesmo à escola elementar, devido à marginalização e as desigualdades sociais como um todo.
No Brasil ainda não temos um sistema educacional exemplar e único, tampouco nossos profissionais são preparados e constantemente avaliados e capacitados, recebendo uma remuneração que não supre nem as necessidades básicas.
Com os avanços tecnológicos, a educação latino-americana se perde em meio a novas teorias e metas inalcançáveis – se quase não se consegue instruir a população no ensino elementar, como se pode sonhar com educação digital e democratização da internet? - assim, a sociedade cai como um todo, perante os países ricos.
Enfim, ainda hoje a educação está dividida em escola para rico e escola para pobre – a particular e a pública: uma que forma e encaminha para o mercado de trabalho capitalista e a outra que seleciona e exclui, formando a mão de obra desqualificada e oprimida.
Semíramis Alencar
Para pensar a educação, sob o pensamento de Lev Semenovich Vygotsky numa atuação dos professores, é importante destacar que enfrentaremos aqui a complexa relação entre propostas teóricas e práticas pedagógicas, tão relevante na área da educação.
A tensão entre a teoria e prática é uma constante na área da educação. A teoria pode alimentar a prática, mas não fornecer instrumentos metodológicos de aplicação imediata. O necessário é buscar em cada autor elementos que forneçam dados para a reflexão em torno da questão educacional.
Os processos de desenvolvimento e de aprendizagem e suas relações interligadas são o foco central do pensamento de Vygotsky. Sua abordagem é essencialmente genética, pois busca a origem e o desenvolvimento dos processos psicológicos, desdobrando-se nos níveis filogenéticos (desenvolvimento da espécie humana); ontogenético (desenvolvimento do indivíduo) e microgenético (desenvolvimento dos aspectos específicos do repertório psicológico dos sujeitos).
A importância que Vygotsky atribui à dimensão sócio-histórica do funcionamento psicológico e à interação social na construção do ser humano é igualmente central em sua concepção sobre o homem e suas relações com os indivíduos. A interação do sujeito com o mundo se dá através da mediação feita por outros sujeitos.
Para ele, a aprendizagem está relacionada ao desenvolvimento desde o inicio da vida humana. O percurso de desenvolvimento do ser humano é, em parte, definido pelos processos de maturação do organismo individual. Mas, é a aprendizagem que possibilita o despertar dos processos internos de desenvolvimento.
A concepção de ensino-aprendizagem de Vygotsky inclui dois aspectos relevantes: primeiro, a idéia de um processo que envolve, ao mesmo tempo, quem ensina e quem aprende não se refere necessariamente a situações em que haja um educador fisicamente presente. Segundo, quando a aprendizagem é um resultado desejável de um processo deliberado, explicito, intencional.
Para Vygotsky a escola é o lugar por excelência onde o processo intencional de ensino-aprendizagem ocorre: ela é a instituição criada pela sociedade letrada para transmitir determinados conhecimentos e formas de ação no mundo: sua finalidade envolve, por definição, processos de intervenção que conduzam à aprendizagem.
Na escola, o professor é uma pessoa real, fisicamente presente diante daquele que aprende, com o papel explicito de intervir no processo de aprendizagem (logo, de desenvolvimento).
O processo de ensino-aprendizagem ocorre às vezes de maneira informal, por meio da imersão do sujeito em situações da vida cultural. Às vezes acontece de forma deliberada, pela ação clara e voluntária de um educador que dirige este processo.
Embora processos de aprendizagem ocorram constantemente na relação do indivíduo com o meio, quando existe a intervenção deliberada de um outro social nesse processo, ensino e aprendizagem passam a fazer parte de um todo único, indissociável, envolvendo quem ensina, quem aprende e a relação entre essas pessoas.
Implicações para o ensino escolar
São três, as idéias básicas de Vygotsky para a questão do ensino escolar:
1. O desenvolvimento psicológico deve ser olhado de maneira prospectiva, isto é, para além do momento atual: a idéia de transformação na educação ganha um destaque posto que se interessa em compreender tudo aquilo que vem a ser de novo na trajetória do indivíduo, os “brotos” ou “flores” ao invés de seus frutos. (Vygotsky, 1884).
2. É fundamental para a educação que os processos de aprendizado movimentem os processos de desenvolvimento. A trajetória do desenvolvimento humano se dá “de fora para dentro”, por meio da internalização de processos interpsicológicos. As metas e os processos do desenvolvimento humano são sempre definidos culturalmente. Por exemplo, um indivíduo que passe toda a sua vida no interior de um grupo cultural àgrafo, jamais será alfabetizado, este é um exemplo claro de um processo de desenvolvimento que não ocorre se não houver situações de aprendizado que o provoquem.
3. A importância da atuação dos outros membros do grupo social na mediação entre a cultura e o indivíduo e na promoção dos processos interpsicológicos que serão posteriormente internalizados.
O indivíduo não tem instrumentos endógenos para percorrer sozinho, o caminho do pleno desenvolvimento. Não basta o contato com objetos de conhecimento ou a imersão em ambientes informadores porque não promove necessariamente o desenvolvimento balizado por metas culturalmente definidas.
A intervenção deliberada dos membros mais maduros da cultura no aprendizado das crianças é essencial ao seu processo de desenvolvimento.
A importância da atuação de outras pessoas no desenvolvimento individual é evidente em situações em que o aprendizado é um resultado claramente desejável nas interações sociais.
Os procedimentos regulares que ocorrem na escola – demonstração, assistência, fornecimento de pistas ou senhas, instruções, etc – são fundamentais para a promoção de um ensino capaz de promover o desenvolvimento. A intervenção do professor tem, pois, um papel central na trajetória dos indivíduos que passam pela escola.
A escola é um lugar social onde o contato com o sistema de escrita de escrita e com a ciência enquanto modalidade de construção de conhecimento se dá de forma sistemática e intensa, potencializando os efeitos dessas outras conquistas culturais sobre os modos de pensamento.
A questão da alfabetização
A escrita, sistema simbólico que tem um papel mediador na relação entre o sujeito e o objeto de conhecimento, é um artefato cultural que funciona como suporte para certas ações psicológicas, como instrumento que possibilita a ampliação da capacidade humana de registro, transmissão e recuperação de idéias, conceitos e informações. A escrita seria uma espécie de ferramenta complementar que possibilita uma maior capacidade de registro, de memória e de comunicação.
A escrita não é apenas um código de transcrição da língua oral, mas um sistema de representação da realidade e de que o processo de alfabetização é o domínio progressivo desse sistema, que começa muito antes da escolarização da criança.
Mesmo imersa em uma sociedade letrada, a criança não desabrocha espontaneamente como uma pessoa alfabetizada: a aprendizagem de um objeto cultural tão complexo como a escrita depende de processos deliberados de ensino. A mediação de outros indivíduos é essencial para provocar avanços no domínio desse sistema culturalmente desenvolvido e compartilhado.
Enquanto a teoria de Emília Ferreiro está centrada na natureza interna da escrita enquanto sistema, a de Vygotsky e de Luria centra-se nas funções desse sistema para seus usuários. O processo de Ferreiro investiga o processo pelo qual a criança adquire o sistema de escrita de sua natureza, articulação interna e regras de funcionamento. O trabalho de Vygotsky e Luria, por sua vez, volta-se para a investigação de como a criança apreende as funções da escrita e de como desenvolve a necessidade de utilizá-la como instrumento psicológico.
O processo de escrita da criança se dá em 4 fases à seguir:
1. A criança passa por uma fase de imitação do formato externo da escrita: faz “rabiscos” que imitam fisicamente a escrita do adulto, mas sem valor instrumental.
2. A criança passa a utilizar o que Luria chama de “marcas topográficas”: registros gráficos distribuídos pelo papel cuja posição no espaço poderá auxiliar na leitura posterior dessa escrita. É a escrita atuando como instrumento auxiliar da memória.
3. A criança passa a produzir uma escrita claramente ligada ao conteúdo da fala a ser registrada, fazendo diferenciações de acordo com o tamanho, a quantidade, a forma ou a cor do referente. A criança após esta fase será capaz de utilizar representações pictográficas como forma de escrita, produzindo desenhos simplificados para registrar diferentes conteúdos da fala.
4. A partir deste momento a criança, provavelmente já envolvida em situação de escolarização formal passará ao processo de apropriação do sistema convencional de escrita.
Portanto, podemos constatar que o indivíduo apresenta-se em cada situação de interação com o mundo social, num momento de sua trajetória particular, quando traz consigo determinadas possibilidades de interpretação e ressignificação do material que obtém dessa fonte externa.
Para os seres humanos, enquanto usuários da linguagem natural, é normal questionar ou afirmar relações entre pensamento e linguagem; quando os grupos humanos tornam-se letrados, passamos a refletir também sobre as conseqüências psicológicas da invenção da escrita e os efeitos da alfabetização.
Estudo baseado nos livros:
Pensamento e Linguagem - Lev Semeniovich Vygotsky
Pensar a Educação – Contribuições de Vygotsky – Martha Khol de Oliveira.
O Impacto Social Frente às Novas Tecnologias Aplicadas à Educação
by Francisco on terça-feira, 22 de junho de 2004
Semíramis Alencar
“Aprender é descobrir o que você já sabe; Fazer é demonstrar que você o sabe; Ensinar é mostrar aos outros que eles sabem tanto quanto você”.
[ Richard Bach – Ilusões. As Aventuras de um Messias Indeciso]
Os novos tempos pedem um ensino individualizado, globalizado, mais informações em menos tempo. Todavia, o importante é integrar as diversas visões de mundo com equilíbrio, flexibilidade e organização: adaptando às diferenças individuais e locais, gerando condições de igualdade. A organização estabelece metas, regras, dissolução de conflitos e conciliação de divergências, os tempos e os conteúdos, estabelecendo desta forma, parâmetros fundamentais para a educação.
Pode ser que o ensino à distância, via Internet facilite o processo de ensino-aprendizagem de quem já concluiu o ensino médio: indivíduos preocupados em se especializar, graduar e obter maior conhecimento sobre determinadas áreas de seus interesses. Esta forma de ensino favorece a quem não tem tempo para o estudo convencional por estar garantindo sua sobrevivência trabalhando, favorecendo uma pós-graduação, um mestrado que aumentará suas chances de ascensão profissional.
E quanto às experiências pessoais? O lado humanitário? Como se pode pregar valores como cooperação, resolução de conflitos, respeito às opiniões alheias em prol de uma sociedade mais humana se na estrutura basilar da educação, o professor, condutor do conhecimento e do exemplo a ser seguido quer, simplesmente excluir-se do processo tornando-se apenas um agente “facilitador”, um mero simplificador? Se começar assim, não precisaremos mais de professores, nem de regras (uma vez que as primeiras regras ditadas na vida social, partiram da mão benevolente e enérgica da “tia” do ensino fundamental, na mais tenra infância).
Contudo, é necessário antes, educar o educador. Em primeiro lugar é preciso que ele seja competente na sua especialidade, que conheça a matéria, que esteja atualizado. Em segundo lugar, que saiba se comunicar com seus alunos, motivando-os, explicando o conteúdo, mantendo o grupo atento, entrosado, cooperativo e produtivo. São profissionais natos, verdadeiros educadores.
Os grandes educadores atraem não só pelas suas idéias, mas pelo contato pessoal. Dentro ou fora da aula chamam a atenção. Seus posicionamentos, suas atitudes, sua forma de olhar, agir, relacionar-se com todos causa admiração e confiança.
Mas, de qualquer maneira o aluno é o elemento principal desta busca. Muito pouco valerá métodos de ensino, materiais didáticos, modernas mecanografias ou tecnologias arrojadas se o cotidiano do aluno, sua forma de ver o mundo em que está inserido não for respeitada, se não forem levados em conta suas perspectivas de futuro. Todo estudo deverá respeitar os ritmos de aprendizagem do aluno e seu contexto econômico e cultural.
Transformar a sala de aula em campo fértil de investigações do conhecimento é um desafio: desafio dependente não só do interesse e curiosidade dos educandos (que lhes são naturais), mas do desempenho sacerdotal dos educadores, professores e facilitadores do processo educativo e, principalmente do Governo, nas ações de combate às desigualdades sociais.
O que dizer para um aluno de ensino médio das maravilhas da tecnologia, apresentá-lo a um microcomputador na escola com CD Rom’s, vídeos explicativos de diversas disciplinas sobre tudo que o cerca, se em seu retorno ao lar ele se depara com uma realidade de pobreza, abandono, dificuldades financeiras e baixa estima de seus pais e do lugar em que vive?
Se a igualdade social no País não for promovida, qualquer tentativa de educação, por mais utópica, prática ou séria que seja, não sortirá efeito algum, pois a sociedade como um todo não absorverá as inovações propostas, permanecendo a mesma.
José Luiz Ames
Tomás de Aquino não tem dúvidas de que a vida social precisa de uma autoridade sem o que se dispersaria na anarquia. Qual a forma de autoridade preferida de Tomás? É aquela, diz ele, que combina o princípio das três formas justas de governo: a monarquia, a aristocracia e a democracia. Esta forma é encontrada na monarquia hereditária (princípio monárquico), controlada por conselhos de homens sábios e prudentes (princípio aristocrático) eleitos pelo povo (princípio democrático). O problema que Tomás se coloca é: quando um povo é governado por um tirano em lugar de um monarca justo, é lícito derrubá-lo pela força? É o problema do direito à revolução.
Na solução do problema, Tomás lembra sua filosofia social. A posse das coisas materiais corresponde ao direito natural do homem de servir-se dos bens para sua preservação. No entanto, a posse não pode excluir dessa utilização aqueles que dependem dela para sua sobrevivência. Assim, numa situação de necessidade extrema, pode o homem tirar de outro, se ninguém o socorre, o necessário à vida. Por exemplo, se alguém passa fome e ninguém o socorre, ele pode tomar de quem possui aquilo de que necessita para continuar vivendo. Não é furto, pois a existência de pessoas que passam fome é resultado do abuso de propriedade. Alguns passam fome, porque outros acumulam mais bens materiais do que necessitam para viver.
Na política, a pergunta se o homem pode resistir às leis injustas é respondida deste modo por Tomás: estas leis não são verdadeiras leis, mas perversões, violências. O poder tirânico é ilegítimo: do mesmo modo que o direito à propriedade cessa com o seu abuso, o governante que não zela pela suficiência dos bens materiais para a prática da virtude, perde o direito de exercer a autoridade sobre o seu povo. Assim, um movimento para depor o tirano pela força pode ser justo.
Tomás condiciona o direito à revolução a certas condições. Primeiramente, a ação contra o tirano não pode ser individual, mas pública. Em segundo lugar, antes de agir pela força é preciso esgotar todos os outros meios possíveis. Em terceiro lugar, o movimento não deve acarretar males maiores do que a tirania. Finalmente, é preciso ter certeza de que o governo seguinte à insurreição será melhor do que o deposto.
A propósito deste último ponto, Tomás de Aquino conta a história da bondosa velhinha de Siracusa, que orava diariamente pela conservação da vida do tirano Dioniso. Informado do fato, o tirano mandou chamá-la e a interrogou sobre a razão desse comportamento, já que ele sabia ser por todos execrado. A boa senhora respondeu: “quando eu era menina, estávamos sujeitos a um grave tirano, cuja morte eu desejava; uma vez morto, sucedeu-lhe um outro ainda mais duro, e eu não via a hora de nos vermos livres dele. E começamos a ter um terceiro governante, mais intolerável, que és tu. Portanto, se fores derrubado, sucederá um pior no teu lugar”.
A narrativa dispensa explicações e sua atualidade não poderia ser maior. Conhecemos pela história passada da América Latina e do Brasil a seqüência de regimes autoritários que parecem justificar a preocupação da velhinha de Siracusa lembrada por Tomás de Aquino. Mesmo nos dias atuais, nossas democracias não parecem mais alvissareiras. Nossos governantes são depostos por um processo eleitoral, mas o decepcionante é constatar que o sucessor escolhido muitas vezes é pior do que o antecessor. Talvez o receio da velhinha de Siracusa explique porque o povo reeleja governantes que critica.
* José Luiz Ames é doutor em Filosofia e professor da UNIOESTE, Campus de Toledo.
José Luiz Ames
Tomás de Aquino nasceu no reino de Nápoles, Itália, em 1225 e morreu em 1274 a caminho do Concílio de Lyon, ao qual fora chamado pelo papa Gregório X. Membro da ordem dos beneditinos, é o mais conhecido teólogo e filósofo da Igreja Católica. Sua característica mais marcante é ter assimilado o pensamento de Aristóteles e aplicado ao pensamento filosófico e teológico.
O tema da política é abordado por Tomás em vários escritos. Dentre estes, destaca-se a obra “Do Reino” a partir da qual vamos tecer algumas reflexões. A política em Tomás tem um conteúdo ético. Está subordinada a valores transcendentes e se ordena ao bem comum. Os bens particulares devem ser ordenados ao bem comum, sejam eles as riquezas, a erudição ou a eloqüência.
O que caracteriza a existência de uma vida política voltada para a realização do bem comum? Para Tomás, a existência de duas ordens de coisas. A primeira, uma estrutura jurídica que assegure a paz e possibilite levar uma vida virtuosa. A segunda, serviços prestados à coletividade por meio dos governantes. É obrigação dos governantes instaurar uma vida boa, conservá-la e melhorá-la.
O bem comum terreno assegurado pelo governante está ordenado à bem-aventurança eterna. O fim último da vida em comunidade não é viver segundo a virtude, mas sim pela vida virtuosa chegar à vida eterna. Em outras palavras, o Estado não é o fim último. É apenas um meio, ainda que imprescindível, para alcançar a felicidade eterna.
A concepção política de Tomás de Aquino nos ensina duas lições fundamentais. A primeira é que não pode existir um bem particular que não esteja em função da coletividade. Por exemplo, o conhecimento que um indivíduo possui só é legítimo se ele for colocado a serviço de todos. Eu não estudo para mim, por um prazer solitário do meu espírito. Eu estudo para melhorar a vida de todos. Só isso já é uma crítica severíssima contra aqueles profissionais, estudantes e professores que não se consideram obrigados a devolver para a sociedade a ciência adquirida. A mesma crítica se aplica à idéia de propriedade particular. Tomás de Aquino jamais admitiria que um indivíduo possuísse mais do que necessita para sua própria subsistência. Toda acumulação de bens que possibilita o usufruto do supérfluo e uma vida sem trabalho é um roubo do direito de outros levarem uma vida digna. Na linguagem de hoje, podemos dizer que para Tomás a propriedade tem uma “função social”.
A segunda lição é que o Estado não é a verdade última do homem na face da terra. O homem está destinado à realização de finalidades superiores do que aquelas que o Estado é capaz de assegurar. Quer dizer, a finalidade da existência humana não se esgota com a realização de todas as necessidades materiais. O homem tem uma abertura para o Absoluto e essa busca é uma sede infinita e infinda. Essa idéia de Tomás é uma violenta crítica aos nossos governantes, que sequer são capazes de assegurar a realização das necessidades materiais. Pode o cidadão desobedecer legitimamente ao governante que não cumpre sua obrigação de zelar pelo bem comum? É o tema do direito à revolução que examinaremos na próxima reflexão.
*José Luiz Ames é doutor em Filosofia e professor da UNIOESTE, Campus de Toledo.
José Luiz Ames
O conflito entre Igreja e Estado conheceu durante a Idade Média o seu período mais agudo. Havia uma tradição firmada pela Igreja que atribuía ao Papa a prerrogativa da plenitude do poder. Quer dizer, o Papa era a autoridade suprema tanto em questões civis quanto religiosas. Príncipes e Imperadores, comunidades e indivíduos, todos deviam obediência ao Pontífice romano. Este privilégio causou intermináveis disputas pelo poder protagonizadas pelos Papas e Bispos de um lado e pelos Imperadores e Príncipes de outro. Os primeiros utilizavam-se das “armas espirituais” da excomunhão e dos interditos e os últimos das “armas temporais” dos soldados e das guerras.
Marsílio de Pádua, em plena Idade Média, combateu severamente a pretensão papal à plenitude do poder. Ele percebeu claramente que ali estava a causa do caos que reinava na Europa. Sustentava que o exercício do poder pelo Papa era “uma peste terrivelmente contagiosa e nociva ao ser humano”, porque transformava o cristão num cidadão de dois mundos: o temporal e o espiritual. Somente suprimindo esta divisão a “paz e a tranqüilidade” poderiam ser restauradas.
Por que o exercício do poder pelo Papa era ilegítimo? Na opinião do italiano da cidade de Pádua, isso se devia à missão conferida por Cristo à Igreja: “ensinar o Evangelho e mostrar o que se deve acreditar, fazer e evitar a fim de alcançar a bem-aventurança no outro mundo e fugir à condenação eterna”. Esta missão, na sua opinião, era incompatível com o exercício de qualquer forma de poder.
O poder, entendia Marsílio, só é real quando aquele que o exerce é capaz de coagir, de obrigar à obediência. A missão da Igreja, no seguimento de Cristo, era de ensinar e aconselhar. Por isso, quando ela se arrogava o direito de obrigar os homens a seguirem determinado comportamento, estava usurpando indevidamente uma autoridade que era dos Imperadores e Príncipes. O Papa, os Bispos e o clero em geral eram cidadãos como todos os outros. Por esse motivo, deveriam submeter-se à autoridade civil como todos os demais. Não poderiam ter privilégios, tais como isenções de impostos ou um foro especial para serem julgados. A Igreja, como instituição, deveria estar submetida ao poder do Estado assim como todas as demais instituições que existem na sociedade. Para Marsílio era inconcebível que ela se apresentasse como detentora de um poder próprio capaz de rivalizar com o poder do Estado.
A novidade das lições de Marsílio de Pádua está na sua percepção da causa dos conflitos que dilaceravam a sociedade medieval. Ele percebeu claramente que as intermináveis “guerras de religião” eram motivadas pela sede de poder de uma instituição, a Igreja, que não tinha direito a isso. Era preciso reduzir o Papa ao seu verdadeiro tamanho e a Igreja à sua missão específica: o Papa era Bispo de Roma e a Igreja estava encarregada da missão de orientar os fiéis para que alcançassem a vida eterna.
O melhor do pensamento desse italiano de Pádua é o fato de defender já na Idade Média que o único poder legítimo vem do povo. Imperadores, Príncipes, Bispos e Papas exercem a autoridade que lhes foi delegada pelo povo. Por eles mesmos não possuem qualquer poder a mais do que qualquer cidadão. Não estão acima da lei, mas devem obedecê-la como todos os demais. Oxalá nossos governantes e poderosos de hoje ouvissem essa voz!
*José Luiz Ames é doutor em Filosofia e professor da UNIOESTE, Campus de Toledo.
José Luiz Ames
Durante a Idade Média, a forma de organização política típica é a do Reino. Um Reino é governado por um monarca. Era incontestável que a sucessão hereditária era a maneira mais legítima de continuidade do poder político. Fundado nesse direito, constituíam-se as dinastias: famílias que detinham de forma vitalícia o privilégio de dirigir o Reino.
Marsílio de Pádua contesta frontalmente essa tradição. Enfrenta os defensores da monarquia hereditária, examina os argumentos que estes apresentam e os refuta um a um. Diziam os defensores da monarquia hereditária que o rei com direito à sucessão “zelaria com muito mais empenho pela coisa pública, considerando-a como sua propriedade”. Diziam ainda que o monarca hereditário estaria menos sujeito a governar despoticamente; que estaria mais propenso à prática das virtudes; que a ausência de eleições evitaria despertar nos súditos a ambição pelo poder; etc.
Marsílio rebate dizendo que o zelo da coisa pública é garantido pela escolha de um governante justo e capaz e pela lei aprovada pela coletividade. Somente a eleição garante que o povo será governado pelo melhor dos cidadãos. Marsílio estava convencido de que o povo escolheria seu soberano a partir das virtudes que ele apresenta. Ele inclusive relaciona quatro qualidades imprescindíveis a um candidato a governante: prudência, justiça, eqüidade e zelo pelo bem geral dos cidadãos. Quanto ao risco de governar despoticamente, Marsílio argumenta que isso é fruto da impunidade. Governa despoticamente quem considera estar acima da lei. Enfim, quanto ao argumento de que as eleições despertariam no peito das pessoas a ambição pelo poder, Marsílio responde que, pelo contrário, desperta nos homens o desejo de serem virtuosos. Sabendo que as pessoas querem ser governadas por indivíduos justos e capazes, cada um se esforçará por ser melhor de modo a um dia poder ser candidato. Assim, as eleições são também um instrumento para melhorar a qualidade moral dos indivíduos.
Com estas considerações Marsílio revela toda sua atualidade. Em plena Idade Média já percebeu que o melhor instrumento para escolha daqueles que devem dirigir a vida pública é a eleição. Ele não estava cego para problemas que conhecemos muito bem em nossos dias, como a possibilidade de ludibriar a opinião dos eleitores com promessas ou de intimidar os eleitores com ameaças. Estava convencido de que era impossível iludir ou intimidar a maioria.
As reflexões de Marsílio mostram que certas frases que circulam em nosso meio sobre a legitimidade conferida pelo voto popular não podem ser citadas como se fossem criações recentes. Dizer que o “Governo mais legítimo e democrático (ou a Câmara, ou o Poder Legislativo, etc.) é o que o povo elege”, é praticamente uma paráfrase de Marsílio de Pádua, pensador que escreveu sua obra prima há quase 700 anos atrás. Para Marsílio, o eleito pelo voto popular é também o melhor. Seria prova de extrema presunção alguém pretender que seu julgamento individual fosse mais sábio do que aquele feito pelo conjunto dos cidadãos. Assim, dizer que o povo nem sempre escolhe o melhor governante (ou Câmara, ou Poder Legislativo, etc.) é sinal de soberba.
A reflexão de Marsílio sobre a legitimidade da eleição comprova que o pensamento político é uma lenta maturação em que a originalidade não está em dizer coisas inéditas, mas em dizê-las de modo novo em cada circunstância concreta.
*José Luiz Ames é doutor em Filosofia e professor da UNIOESTE, Campus de Toledo.