Francisco Antônio de Andrade Filho
Compreender a vida do ser humano é compreender seu sentido. Perguntar pelo sentido último da vida é colocar o homem numa atitude de reflexão de sua grandeza. É filosofar a vida e a morte. É encontrar e simbolizar suas condições existenciais de vida, aqui e depois da morte.É fazer viver sua vida, ir em frente, agir, modificar, transformar, buscar objetivos concretos e espirituais do ser humano.
Nesta próxima semana, 2 de novembro, dia de finados, os vivos povoam a Cidade dos Falecidos, onde os vivos se encontram com os defuntos. Almas vivas se abraçam com as imortais.
E à luz da Filosofia, indagamos: por que reverenciamos os mortos? O Filósofo, Dr. José Luiz Ames, responde assim, escrevendo no www.orecado.cjb.net
É precisamente aqui que entra a experiência da morte: na experiência do limite. Na morte nos deparamos com uma situação que nos atinge visceralmente, que toca a totalidade de nosso ser. Diante da morte, a vida se torna pergunta. Enquanto para a satisfação do desejo dependemos de nós próprios, a morte nos aponta para uma situação diante da qual somos impotentes. A morte atesta a impossibilidade do controle humano sobre a vida.
A sobrevivência depois da morte é um problema tão antigo quanto a própria história do homem. Foi uma preocupação constante do homem de todos os tempo.
Os mitólogos explicaram-na numa linguagem fantasiosa e que foge ao espírito científico do homem atual. Os teólogos, numa dimensão de fé, encontraram na Bíblia os mais sagrados e seguros argumentos a favor da imortalidade.
Seja como for, a verdade é que o ser vivo nasce para a vida despontando para a morte. Morte e vida de jovens e velhos representam duas faces da mesma realidade do ser-no-mundo. Só o homem tem consciência de ser-para-a-morte, desse inevitável destino do túmulo que lhe aguarda...sufocante, solitário, silencioso, escuro e úmido. Isso é uma tragédia para o homem que tem dentro de si mesmo uma ânsia incontida de se perpetuar no tempo, uma sede irresistível de não morrer.
Mas, morte tem sentido para a vida. Não há vida sem morte; nem morte sem vida. A vida continua depois da morte. Aqueles que sabem viver bem, tornam-se imortais.Moisés, Lao-Tsé, Sócrates, Jesus Cristo, Tomás de Aquino,Giordano Bruno,Gandhi, Martin Luther King, Vladimir Herzog, Chico Mendes, Josés, Marias, Joaquins, Pedros, brancos, amarelos, pretos, pardos, mulatos, índios...todos vivem.
A morte é um acontecimento necessário para dar ao EU pessoal possibilidade de um pleno desabrochar. A semente que para poder germinar a sua vida e suas potencialidades precisa morrer e por isso se volta para a terra desejando a morte. Assim também o homem para a plenificação do seu ser precisa morrer. É condição para viver a plenitude do seu ser.
E a vida continua...não termina com a morte. Que esta, no entanto, seja para o homem, não uma pesada porta que se fecha sobre si mesma, e sim uma leve cortina que se abre para a eternidade. E quando fatalmente vier, que encontre o homem em comunhão consigo mesmo e vivendo na justiça, no amor e na paz... e sobreviverá depois da morte.
6 comentários
Eu concordo com voce,acho que o que plantamos nessa vida, iramos colher na proxima.
Abracos
by Anonymous on 18 de outubro de 2005 às 16:31. #
Vista desta maneira, a morte se torna leve e a continuidade conforta... Que bom que estudemos esse fenômeno.
Abraços
by Anonymous on 21 de outubro de 2005 às 15:38. #
Perdi meu Pai com câncer em julho deste ano. Sempre foi uma pessoa maravilhosa e abnegada...É confortante para nós que ficamos, a explicação da continuidade...Somos seres inteligentes e a nossa mente é dotada de muita energia...O que fica para próxima vida, em outro lugar, para mim, é o pensamento, a energia...mas , certamente, a continuidade...
by Yoli E.M.S. on 31 de agosto de 2006 às 12:11. #
A verdade é que buscamos uma resposta significativa para tudo, porque por mais palavras e gestos, leva tempo para entendermos o que não podemos mudar. Lidar com a dor, saudade exige desestabilizar o seu eu para entrar no eu dos outros, porque vêem facilidade na "cura" alheia.
by Márcia Miranda on 31 de dezembro de 2006 às 13:14. #
Nascemos para morrer. Dveríamos, também, morrermos para nascer um outro dia...
by Márcia Miranda on 31 de dezembro de 2006 às 13:16. #
Prezados amigos: Anonymous, Márcia Miranda, Yoli E.M.S.
Emocionado, fiquei feliz com seus comentários aqui. Na realidade, refletir sobre uma vida "post mortem" nos traz paz e esperança. Neste sentido, a convite, proferi uma palestra sobre "Ética e Espiritualidade no Final da Vida", no VI Congresso Brasileiro de Alzheimer, Recife/PE, de 13 a 16 de agosto de 2008. Está publicado aqui, neste mesmo nosso site.
Bom proveito. Aguardo seus comentários. Que Deus os conserve para a vida eterna, e não morreremos. Viveremos eternamente. No mesmo site, publiquei uma comunicação feita durante o mesmo evento:"Revelar ou não o diagnóstico ao paciente no final de vida"?
by Francisco Andrade on 14 de janeiro de 2009 às 08:41. #