Por uma Nova Celebração do Ano 2012: Segredos de convivência entre oshumanos
by Francisco on sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
por Francisco Antônio de Andrade Filho
Com seu livre arbítrio, você encontrará, aqui, alguns instantes de se viver bem. Bem-Vindo à arte de ler, falar, ouvir e escutar os segredos da convivência entre os humanos. De modo especial, a equipe do Recado de Pesquisa deseja para você um Feliz Ano Novo 2012
Você já percebeu que as organizações religiosas seguem regras – somente preceitos de um livro sagrado e ideologias deformadoras de seus dogmas e bulas institucionais? -, enquanto isso, a espiritualidade é divina, sem regras, busca o sagrado em todos os livros, inclusive nas escritas antigas. Celebre seu Ano Novo, com novos caminhos de vida (Francisco Andrade).
“A arte de escutar é como uma luz que dissipa a escuridão da ignorância. Se você é capaz de manter sua mente constantemente rica através da arte de escutar, não tem o que temer. Este tipo de riqueza jamais lhe será tomado. Essa é a maior das riquezas” (Dalai-Lama).
Escute Rubem Alves, teólogo e filósofo, na arte de orar:
“Muitas orações são produtos da insensatez das pessoas. Acham que o universo seria melhor se Deus ouvisse os seus conselhos. Pedem que Deus lhes dê pássaros engaiolados, muitos pássaros. Nisso protestantes e católicos são iguais. Tagarelam. E não se dão trabalho de ouvir. Não sabem que a oração é só um gemido. “Suspiro da criatura oprimida”: haverá definição mais bonita? São palavras de Marx. Suspiro: gemido sem palavras que espera ouvir a música divina, a música que, se ouvida, nos traria alegria”.
Feliz Ano Novo 2012! Escute também a voz da espiritualidade bíblica, em Isaias (Isaias, 58.8) E medite.
"Então romperá a tua luz como a alva, e a tua cura apressadamente brotará, e a tua justiça irá adiante da tua face, e a glória do Senhor será a tua retaguarda”.
Leia e escute o bilhete bíblico do profeta Amós. Pare e pense nisso:
“Eu detesto e rejeito as vossas festas, e não gosto de vossas reuniões festivas. Será questão de Me oferecerdes holocaustos? As vossas oblações não têm a minha aceitação, e vossos sacrifícios de bezerros gordos não atraem a minha atenção. Afasta longe de Mim o barulho de teus cânticos e que Eu não ouça o som de tuas harpas! Mas que o direito corra como as águas, e a justiça, como o rio que nunca seca”
Fonte: Bíblia. Edições Loyola, São Paulo, 1993. Amós 5, 21 – 24; 4,7; 5, 14 – 15; 3, 3- 5.
Neste Ano 2012, compartilhe comigo hinos de louvores a Deus ou Natureza, assim:
A Natureza é minha melhor amiga. Ela ou Deus é revelação do segredo de nascer e viver. Celebração da beleza e da alegria. Cada um dos humanos sente na pele que “água é vida”. A Natureza sopra ar para seus pulmões, oxigena seus cérebros, massageia suas colunas e navega por todo nosso corpo-mente. Inspira e expira. E o sopro divino, diurnamente, entra e sai do meu e do seu corpo É a sabedoria divina do oxigênio na Terra. Respira. Vive. E Deus é vida (Francisco Andrade).
Você finge ser o que é? Neste Novo Ano 2012, sincronize sua vida com Sérgio Britto.
[youtube http://www.youtube.com/watch?v=L3eiOMQVUqs?rel=0]
Epitáfio
Sérgio Britto/Titãs
Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais e até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer
Queria ter aceitado as pessoas como elas são
Cada um sabe a alegria e a dor que traz no coração
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...
Devia ter complicado menos, trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos com problemas pequenos
Ter morrido de amor
Queria ter aceitado a vida como ela é
A cada um cabe alegrias e a tristeza que vier
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...
Devia ter complicado menos, trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr.
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por Francisco Antônio de Andrade Filho
Dedico estes instantes de meditação, de modo especial, a minha esposa, aos filhos, noras e netos. Igualmente, ofereço aos amigos e amigas do GEAP/Aeróbica/Aracaju/SE; e a todos os internautas visitantes do meu sítio.
Eu estou aqui e agora. Tempo de rituais natalinos. Falo de Deus, falo de mim mesmo. A sabedoria antiga já anunciava. No princípio era Deus e se tornou carne. Verbo, brotado do casal José e Maria. De Severina e Raimundo. De tantos outros seres do Universo, nascidos do Eros Divino. E você? O Recado da Pesquisa indica novas trilhas na celebração de Natal 2011. Se você quiser, juntos descobriremos caminhos possíveis que nos conduzem até a presença da vida divina em mim e, quem sabe, em você. Bem-vindo a esta nova celebração de um Feliz Natal 2011.
Trilha um -“Meditação: reduz a ansiedade, torna a respiração equilibrada e profunda e melhora a oxigenação. e a freqüência cardíaca. Escolha um ambiente tranqüilo, sem distrações, e sente-se com postura ereta, fechando os olhos. Expire todo ar pela boca, livrando-se de qualquer preocupação, e inspire, fazendo com que sua barriga cresça. Expire o ar suavemente, procurando deixar a mente livre de qualquer pensamento. Concentre-se apenas na respiração.
Nesse momento o corpo e a mente entram em sintonia em um estado de profundo relaxamento. Quando sentir-se preparada, abra os olhos; e lembre-se daquele lugar de paz e calmaria que reside dentro de cada um de nós” (Flávia Figueiredo).
Trilha dois - “Boa noite de sono: durante o sono nosso corpo produz melatonina, o hormônio que prepara e induz ao sono. Para uma boa produção de melatonina, durma sempre em ambientes escuros. Antes do repouso evite alimentos estimulantes, como café, chocolate e álcool, que inibem a produção do hormônio. Para alívio da tensão, prefira chás de camomila, melissa ou maracujá”(idem).
Trilha três – Com Rubem Alves, descubra O infinito na palma de sua mão. Se você quiser, siga os caminhos possíveis, indicados pelo autor com a beleza dos poemas. Deus é uma criança.
[...] O Natal, antes de ter acontecido em Belém, se formou no coração de Deus. O Natal nasceu da tristeza de Deus. Ele olhou para os homens e os viu tão perdidos, tão loucos, tão fora do caminho: “Andavam desgarrados como ovelhas, sem saber que caminho tomar” (Is 53,6).
[...] Mais que festa, o Natal é ritual. Os rituais são repetições de um passado perdido, para o qual gostaríamos de voltar. Eles nos reconduzem às fontes donde brotam as águas da vida.
[...] Para isso aconteceu o Natal. Já que os homens não percebiam com os olhos da alma, quem sabe perceberiam com os olhos do corpo? Deus, então, se deu aos olhos dos adultos. E o que eles viram foi o assombroso, o espantoso, o jamais pensado, o insólito, o escandaloso. Deus é uma criança.
[...] Para quem quer um Deus assim, o Natal é uma decepção. O nenezinho não é gênio poderoso de garrafa. É uma criancinha fraca e sem defesa. José e Maria até tiveram de fugir para o Egito, para escapar de um adulto sanguinário que queria matá-la. Se ele fosse gênio de garrafa, com um simples piscar de olhos transformaria Herodes num gafanhoto.
[...] Aí eu entendi: Natal não é festa para crianças. Elas já sabem que Deus é criança. É festa delas para os adultos. São os adultos que estão perdidos. Por isso eu sugiro que no Natal as crianças façam coisa que nunca fizeram: que elas dêem brinquedos como presentes para os seus pais, mesmo que sejam brinquedos velhos. Ai - quem sabe -, o milagr
e acontece. Os adultos viram crianças de novo; e os filhos ganham então o melhor de todos os presentes, companheiros de brinquedos”
Deus Menino é a expressão da arte de viver como criança igual a todas as outras.
No céu era tudo falso, tudo em desacordo. No céu tinha que estar sempre sério. [...] A mim ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar a para as coisas. Aponta-me todas as coisas que há nas flores. Mostra-me como as pedras são engraçadas quando a gente tem na mão. E olha devagar para elas (Alberto Caeiro).
Escute as sábias palavras da escrita antiga. Elas nos animam:
“O coração alegre aformoseia o rosto, mas com a tristeza do coração o espírito se abate” (Provérbios de Salomão, cap. 15, verso 13).
........
“O ânimo sereno é a vida do corpo, mas a inveja é a podridão dos ossos”. (Prov. 14.30)
Neste Natal, homenageie a mãe de Jesus com Paula Fernandes em "Ave-maria Natureza".
[youtube http://www.youtube.com/watch?v=klEHP24pXv8?rel=0]
Ave Maria
mãe das estrelas, mãe do céu.
Alma doce da natureza
Oh seiva viva que nutre esse chão
dá tua luz a tudo que vive e respira
leva a dor do coração.
Oh doce mãe estende teu manto
pra essa terra que tanto precisa de ti
transforma os corações dos homens
pra que o paraíso aconteça aqui.
Santa Maria.
Fonte da imagem
por Francisco Antônio de Andrade Filho
Mais um convite ao diálogo de estudos e pesquisas em Filosofia integrada com a Teologia. Aqui, em negrito, provoco o debate com meus amigos internautas. Estaríamos no Ágora da liberdade de pensar assim? De falso moralismo ou de verdades de Filosofia e Teologia políticas?
Até onde vai o desrespeito ao Homem e à Natureza, criados à imagem e semelhança de Deus? Leonardo Boff abre o diálogo filosófico-teológico, nestes termos:
“Sabemos que uma sociedade só se constrói e dá um salto para relações minimamente humanas quando instaura o respeito de uns para com os outros. O respeito, como o mostrou bem Winnicott, nasce no seio da família, especialmente da figura do pai, responsável pela passagem do mundo do eu para o mundo dos outros que emergem como o primeiro limite a ser respeitado. Um dos critérios de uma cultura é o grau de respeito e de auto-limitação que seus membros se impõem e observam. Surge, então, a justa medida, sinônimo de justiça. Rompidos os limites, vigora o desrespeito e a imposição sobre os demais. Respeito supõe reconhecer o outro como outro e seu valor intrínseco seja pessoas ou qualquer outro ser (Leonardo Boff).
Citando o médico e teólogo, Albert Schweitzer (1875-1965), Boff confirma:
"O que precisamos não é enviar para lá missionários que queiram converter os africanos, mas pessoas que se disponham a fazer para os pobres o que deve ser feito, caso o Sermão da Montanha e as palavras de Jesus possuam algum sentido. O que importa mesmo é, tornar-se um simples ser humano que, no espírito de Jesus, faz alguma coisa, por pequena que seja”.
No meio de seus afazeres de médico, encontrou tempo para escrever. Seu principal livro é: "Respeito diante da vida”, que ele colocou como o eixo articulador de toda ética. "O bem”, diz ele, "consiste em respeitar, conservar e elevar a vida até o seu máximo valor; o mal, em desrespeitar, destruir e impedir a vida de se desenvolver”. E conclui: "quando o ser humano aprender a respeitar até o menor ser da criação, seja animal ou vegetal, ninguém precisará ensiná-lo a amar seu semelhante; a grande tragédia da vida é o que morre dentro do homem enquanto ele vive” (Boff).
E existem outros caminhos de se crer em Deus? Crimes políticos e econômicos de religiões organizadas são práticas de Jesus há dois mil e dez anos e de outros poderes sacros nos dias de hoje? Assim, quando é quando é possível buscar Deus sem religião?
“A raça humana experimentou uma longa história de matança por causa dos interesses políticos e econômicos de religiões organizadas. O uso de Deus para santificar conflitos sobre a terra e a soberania, que começaram em tempos bíblicos, continuou com a conquista da Arábia por Maomé, a invasão de Genghis Klan da Magnólia, as Cruzadas, a Inquisição, as guerras Francesas de Religião e a fixação da América colonial. Desde então, os monarcas, os generais e os papas, perdoaram a brutalidade por meio de decreto divino, se servisse aos seus interesses. Também, líderes religiosos rezaram pela vitória militar e raramente defenderam a nocividade social da guerra interrogativa, enquanto casas de adoração, antecipando recompensas financeiras do conflito armado, falaram repetidamente em promover benevolência e paz na Terra. Orientada por ambições políticas e econômicas, as religiões organizadas continuam subvertendo os princípios éticos e defendendo a violência em nome de Deus-uma contradição óbvia” (Sankara Saranam).
por Francisco Antônio de Andrade Filho
Na dissertação de Mestrado, nos anos 1979-1981, na UFMG, atingi os objetivos de minha pesquisa sobre Igreja e Ideologias na América Latina. Com base na Filosofia Política – teoria e práxis -, abordei o tipo de reflexão que se coloca sobre a “crítica das ideologias”.
Na história da crítica das ideologias é possível observar, em geral, duas modalidades metodológicas de crítica bem diferente. Numa primeira linha de combate se alinha a crítica de Marx às ideologias. É a crítica científico-revolucionária, produzida à luz da História contra a burguesia em todas as suas instâncias. Não houve espaço, aqui, para um estudo e pesquisa completos dessa filosofia alemã. Limitei-me apenas a alguns tópicos que Marx utiliza na crítica da ideologia burguesa, não nos esquecendo da importância que tiveram os escritos nos quais critica Hegel: Crítica à filosofia do Estado de Hegel (1843); Crítica da dialética hegeliana e da filosofia e da filosofia em geral (último capítulo dos Manuscritos econômico-filosóficos (1843-45); a mesma significação tem A Sagrada Família (1849) e A ideologia alemã (1845-46), onde Marx e Engels desenvolvem sua crítica à filosofia alemã pós-heliana.
E, no outro lado da arena, arma-se a crítica hermenêutica de Paul Ricoeur e outros. Exemplos desta crítica são as análises deste filósofo francês em seu escrito Interpretação e ideologias. Nesta obra e em sua experiência filosófica, assumiu a perspectiva hermenêutica pela compreensão de sentido da linguagem. Pela explicitação do horizonte da criatividade cultural e pela interpretação da palavra d passado, revivida no presente e projetada no futuro.
Por enquanto, começo por Marx (1818). Ele tem sua proposta de crítica das ideologias. Propõe uma metodologia cuja dimensão crítica seja objetivamente demonstrável, visando abandonar o terreno da tradição metafísica. Diz ele:
“As premissas do que partimos não constituem bases arbitrárias, nem dogmas; são antes bases reais de que só é possível abstrair no âmbito da imaginação. As nossas premissas são os indivíduos reais, a sua ação e as suas condições materiais de existência, quer se trate daquelas que encontraram já elaboradas, como também aquelas que nasceram de sua própria ação. Estas bases são portanto verificáveis por vias puramente empíricas”.
Os “jovens hegelianos” ou “hegelianos de esquerda” possuíam como posição filosófica geral, comum, a crença de que são os pensamentos e os conceitos os fatores determinantes ou fundamentais da vida social. Defendiam o primado da idéia com relação à existência, atribuindo-lhe um caráter incondicionado ou, o que dá no mesmo, uma autonomia plena, absoluta. Desejava inaugurar um pensamento que, ao mesmo tempo, possuísse uma racionalidade dialética, porém constituísse um real avanço com referência à postura filosófica de Hegel.
De outro, a dialética de Marx não é uma simples negação, uma negação que elimina e afasta o negado, sendo desta forma uma mera inversão. Não, a dialética de Marx não a é a lógica de Hegel, onde a razão se afirma e se propõe, onde o homem livre se determina, onde a razão se exterioriza pela ação do homem. Ela produz um duplo movimento, simultâneo, de negação e afirmação. Noutros termos, ela é uma negação – que – conserva o negado para afirmá-lo em noutro nível.
Com essa nova filosofia dialética e com esse novo método esboçado nas páginas de A ideologia alemã que Marx procura demonstrar o caráter ilusório de uma revolução. Seu autor enfrentou e desafiou criticamente, com uma ruptura epistemológica, a escola filosófica neo-hegeliana. Descobriu nela o pensamento idealista sem poder superar as contradições reais.
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por Francisco Antônio de Andrade Filho
Vivemos, hoje, no mundo das tecnologias da inteligência. Surgem novos caminhos de comunicação à distância. O Recado da Pesquisa apresenta alguns destaques de leitura e em benefício de quem interessar possa. Pense nisso:
“Ao mesmo tempo em que se deve mobilizar tudo o que as ciências humanas clássicas têm a dizer sobre as artes, as ciências, a comunicação e a cultura, a ecologia cognitiva deve recorrer à tecnologia das ciências, da cultura, etc. Efetivamente, as conexões, os nós, os trocadores e os operadores da grande rede cosmopolita em que se inscrevem as civilizações não são apenas pessoas mas também obras de arte [...]
Se colocarmos a ênfase na tecnologia, foi para devolver a inteligência as coisas, que por muito tempo foram mantidas à distância. Não se trata, de forma alguma, de acreditar que a “técnica” como um todo (como a apalavra se designasse uma entidade real e homogênea) “determina”, ou funda, ou forma a “infra-estrutura” do que quer que seja. Quando tentamos compreender como pensam e sonham os coletivos, estaríamos antes diante do sistemas ecológicos, em reorganização permanente e povoados por inúmeros atores” (Pierre Lévy).
“Podemos pensar também a estética como aquilo que põe em relação, que proporciona a catarse pelo prazer compartilhado, pela comunicação. Com as novas tecnologias, a estética, como compartilhamento, Vê-se radicalizada. Assim, a definição de Simmel sobre a moda pode ser muito bem aplicada à técnica. A cultura técnica contemporânea seria então uma solução particular do conflito entre o sujeito e o objeto, entre a tecnologia que escraviza e o social que rege. A cibercultura é o resultado desse processo no campo da tecnologia contemporânea” (André Lemos).
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por Francisco Antônio de Andrade Filho
Nesta página do Recado da Pesquisa, você, feliz, encontra alguns instantes de se viver bem. Bem-Vindo à Meditação. Pense nisso.

Um convite à sincronia com o outro. É possível?
O universo é um milagre maior do que somos capazes de imaginar. É tão maravilhosamente planejado que a qualquer momento todos recebemos as lições de que necessitamos dos outros participantes de nossa vida (Andrew Matthews).
Contradições da vida. Poderes científicos e espirituais, com ou sem ética? São possíveis?
Os meios pelos quais vivemos se distanciaram dos fins para os quais vivemos. Nosso poder científico ultrapassa nosso poder espiritual. Encaminhamos mísseis e descaminhamos homens (Martin Luther King).
Diferenças entre Religião e Espiritualidade
A religião não é apenas uma, são centenas.
A espiritualidade é apenas uma.
A religião é para os que dormem.
A espiritualidade é para os que estão despertos.
A religião é para aqueles que necessitam que alguém lhes diga o que fazer e querem ser guiados.
A espiritualidade é para os que prestam atenção à sua Voz Interior.
A religião tem um conjunto de regras dogmáticas.
A espiritualidade te convida a raciocinar sobre tudo, a questionar tudo.
A religião ameaça e amedronta.
A espiritualidade lhe dá Paz Interior.
A religião fala de pecado e de culpa.
A espiritualidade lhe diz: "aprenda com o erro".
A religião reprime tudo, te faz falso.
A espiritualidade transcende tudo, te faz verdadeiro!
A religião não é Deus.
A espiritualidade é Tudo e, portanto é Deus.
A religião inventa.
A espiritualidade descobre.
A religião não indaga nem questiona.
A espiritualidade questiona tudo.
A religião é humana, é uma organização com regras.
A espiritualidade é Divina, sem regras.
A religião é causa de divisões.
A espiritualidade é causa de União.
A religião lhe busca para que acredite.
A espiritualidade você tem que buscá-la.
A religião segue os preceitos de um livro sagrado.
A espiritualidade busca o sagrado em todos os livros.
A religião se alimenta do medo.
A espiritualidade se alimenta na Confiança e na Fé.
A religião faz viver no pensamento.
A espiritualidade faz Viver na Consciência.
A religião se ocupa com fazer.
A espiritualidade se ocupa com Ser.
A religião alimenta o ego.
A espiritualidade nos faz Transcender.
A religião nos faz renunciar ao mundo.
A espiritualidade nos faz viver em Deus, não renunciar a Ele.
A religião é adoração.
A espiritualidade é Meditação.
A religião sonha com a glória e com o paraíso.
A espiritualidade nos faz viver a glória e o paraíso aqui e agora.
A religião vive no passado e no futuro.
A espiritualidade vive no presente.
A religião enclausura nossa memória.
A espiritualidade liberta nossa Consciência.
A religião crê na vida eterna.
A espiritualidade nos faz consciente da vida eterna.
A religião promete para depois da morte.
A espiritualidade é encontrar Deus em Nosso Interior durante a vida.
(autor desconhecido)
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Leonardo Boff: Um elogio ao Padre José Comblin [Destaques de Leitura]
by Francisco on terça-feira, 18 de outubro de 2011
por Francisco Antônio de Andrade Filho
No dia 27 de março morreu aos 88 anos de idade perto de Salvador o teólogo da libertação José Comblin. Belga de nascimento, optou por trabalhar na América Latina, pois se dava conta de que o Cristianismo europeu era crepuscular e via em nosso Subcontinente espaço para a criatividade e um novo ensaio da fé cristã articulada com a cultura popular. Ele encarnava o novo modo de fazer teologia, inaugurado pela Teologia da Libertação, que é ter um pé na miséria e outro na academia. Ou dito de outro modo: articular o grito do oprimido com a fé libertadora da mensagem de Jesus, partindo sempre da realidade contraditória e não de doutrinas e buscar coletivamente uma saída libertadora a partir do povo.
...
Ele é um dos melhores representantes do novo tipo de intelectual que caracteriza os teólogos da libertação e dos agentes de pastoral que estão nesta caminhada: operar a troca de saberes, vale dizer, tomar a sério o saber popular, “de experiências feito”, banhado de suor e sangue mas rico em sabedoria e articulá-lo com o saber acadêmico, crítico e comprometido com as transformações sociais. Essa troca enriquece a uns e a outros. O intelectual repassa ao povo um saber que o ajuda avançar e o povo obriga o intelectual a pensar os problemas candentes e se enraizar no processo histórico. A Intelligentzia acadêmica possui uma dívida social enorme para com os pobres e marginalizados. Em grande parte as universidades representam macroaparelhos de reprodução da sociedade discricionária e fábricas formadoras de quadros para o funcionamento do sistema imperante. Mas há de se reconhecer também, não obstante seus limites, o fato de que foi e é um laboratório do pensamento contestário e libertário.
...
Mas não houve ainda um encontro profundo entre a universidade e a sociedade, fazendo uma aliança entre a inteligência acadêmica e a miséria popular. São mundos que caminham paralelos e não são as extensões universitárias que cobrirão esse fosso. Tem que ocorrer uma verdadeira troca de saberes e de experiências. Ignorante é aquele que imagina ser o povo ignorante. Este sabe muito e descobriu mil formas de viver e sobreviver numa sociedade que lhe é adversa.
...
Se há algum mérito nos teólogos da libertação (eles existem aqui e pelo mundo afora e Roma não conseguiu exterminá-los) é ter feito este casamento. Por isso não se pode pensar num teólogo da libertação senão metido nos dois mundos, para juntos tentarem gestar uma sociedade mais igualitária que, no dialeto cristão, tenha mais bens do Reino que são justiça, dignidade, direito, solidariedade, compaixão e amor (Leonardo Boff).
Leia mais:
Um desafio à intelligentzia acadêmica
Discurso de Dilma na ONU: A Voz e a Vez da Democracia
by Francisco on sexta-feira, 23 de setembro de 2011
por Francisco Antônio de Andrade Filho
Nova Iorque-EUA, 21 de setembro de 2011. A mulher, Presidenta Dilma Rousseff, discursou na Assembléia Geral das Nações Unidas. Uma voz soberana ecoou no Ágora da Democracia. A Mulher pode plantar a semente da liberdade no mundo inteiro. Mexeu com as emoções de política e cidadania do mundo inteiro. E o jogo do poder imperialista, por alguns instantes, sofreu um abalo. Nasceu a voz e a vez da Democracia na ONU.
O Recado da Pesquisa divulga na integra do Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, na Abertura do Debate geral da 66ª Assembléia Geral das Nações Unidas.
Fonte: Blog do Planalto
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“Senhor presidente da Assembleia Geral, Nassir Abdulaziz Al-Nasser,
Senhor secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon,
Senhoras e senhores chefes de Estado e de Governo,
Senhoras e senhores,
Pela primeira vez, na história das Nações Unidas, uma voz feminina inaugura o Debate Geral. É a voz da democracia e da igualdade se ampliando nesta tribuna, que tem o compromisso de ser a mais representativa do mundo.
É com humildade pessoal, mas com justificado orgulho de mulher, que vivo este momento histórico.
Divido esta emoção com mais da metade dos seres humanos deste Planeta, que, como eu, nasceram mulher, e que, com tenacidade, estão ocupando o lugar que merecem no mundo. Tenho certeza, senhoras e senhores, de que este será o século das mulheres.
Na língua portuguesa, palavras como vida, alma e esperança pertencem ao gênero feminino, e são também femininas duas outras palavras muito especiais para mim: coragem e sinceridade. Pois é com coragem e sinceridade que quero lhes falar no dia de hoje.
Senhor Presidente,
O mundo vive um momento extremamente delicado e, ao mesmo tempo, uma grande oportunidade histórica. Enfrentamos uma crise econômica que, se não debelada, pode se transformar em uma grave ruptura política e social. Uma ruptura sem precedentes, capaz de provocar sérios desequilíbrios na convivência entre as pessoas e as nações.
Mais que nunca, o destino do mundo está nas mãos de todos os seus governantes, sem exceção. Ou nos unimos todos e saímos juntos vencedores, ou sairemos todos derrotados.
Agora, menos importante é saber quais foram os causadores da situação que enfrentamos, até porque isto já está suficientemente claro. Importa, sim, encontrarmos soluções coletivas, rápidas e verdadeiras.
Essa crise é séria demais para que seja administrada apenas por uns poucos países. Seus governos e bancos centrais continuam com a responsabilidade maior na condução do processo, mas como todos os países sofrem as consequências da crise, todos têm o direito de participar das soluções.
Não é por falta de recursos financeiros que os líderes dos países desenvolvidos ainda não encontraram uma solução para a crise. É –permitam-me dizer– por falta de recursos políticos e, algumas vezes, de clareza de ideias.
Uma parte do mundo não encontrou ainda o equilíbrio entre ajustes fiscais apropriados e estímulos fiscais corretos e precisos para a demanda e o crescimento. Ficam presos na armadilha que não separa interesses partidários daqueles interesses legítimos da sociedade.
O desafio colocado pela crise é substituir teorias defasadas, de um mundo velho, por novas formulações para um mundo novo. Enquanto muitos governos se encolhem, a face mais amarga da crise –a do desemprego– se amplia. Já temos 205 milhões de desempregados no mundo –44 milhões na Europa, 14 milhões nos Estados Unidos. É vital combater essa praga e impedir que se alastre para outras regiões do Planeta.
Nós, mulheres, sabemos –mais que ninguém– que o desemprego não é apenas uma estatística. Golpeia as famílias, nossos filhos e nossos maridos. Tira a esperança e deixa a violência e a dor.
Senhor Presidente,
É significativo que seja a presidenta de um país emergente –um país que vive praticamente um ambiente de pleno emprego– que venha falar, aqui, hoje, com cores tão vívidas, dessa tragédia que assola, em especial, os países desenvolvidos.
Como outros países emergentes, o Brasil tem sido, até agora, menos afetado pela crise mundial. Mas sabemos que nossa capacidade de resistência não é ilimitada. Queremos –e podemos– ajudar, enquanto há tempo, os países onde a crise já é aguda.
Um novo tipo de cooperação, entre países emergentes e países desenvolvidos, é a oportunidade histórica para redefinir, de forma solidária e responsável, os compromissos que regem as relações internacionais.
O mundo se defronta com uma crise que é, ao mesmo tempo, econômica, de governança e de coordenação política.
Não haverá a retomada da confiança e do crescimento enquanto não se intensificarem os esforços de coordenação entre os países integrantes da ONU e as demais instituições multilaterais, como o G-20, o Fundo Monetário, o Banco Mundial e outros organismos. A ONU e essas organizações precisam emitir, com a máxima urgência, sinais claros de coesão política e de coordenação macroeconômica.
As políticas fiscais e monetárias, por exemplo, devem ser objeto de avaliação mútua, de forma a impedir efeitos indesejáveis sobre os outros países, evitando reações defensivas que, por sua vez, levam a um círculo vicioso.
Já a solução do problema da dívida deve ser combinada com o crescimento econômico. Há sinais evidentes de que várias economias avançadas se encontram no limiar da recessão, o que dificultará, sobremaneira, a resolução dos problemas fiscais.
Está claro que a prioridade da economia mundial, neste momento, deve ser solucionar o problema dos países em crise de dívida soberana e reverter o presente quadro recessivo. Os países mais desenvolvidos precisam praticar políticas coordenadas de estímulo às economias extremamente debilitadas pela crise. Os países emergentes podem ajudar.
Países altamente superavitários devem estimular seus mercados internos e, quando for o caso, flexibilizar suas políticas cambiais, de maneira a cooperar para o reequilíbrio da demanda global.
Urge aprofundar a regulamentação do sistema financeiro e controlar essa fonte inesgotável de instabilidade. É preciso impor controles à guerra cambial, com a adoção de regimes de câmbio flutuante. Trata-se, senhoras e senhores, de impedir a manipulação do câmbio tanto por políticas monetárias excessivamente expansionistas como pelo artifício do câmbio fixo.
A reforma das instituições financeiras multilaterais deve, sem sombra de dúvida, prosseguir, aumentando a participação dos países emergentes, principais responsáveis pelo crescimento da economia mundial.
O protecionismo e todas as formas de manipulação comercial devem ser combatidos, pois conferem maior competitividade, de maneira espúria e fraudulenta.
Senhor Presidente,
O Brasil está fazendo a sua parte. Com sacrifício, mas com discernimento, mantemos os gastos do governo sob rigoroso controle, a ponto de gerar vultoso superávit nas contas públicas, sem que isso comprometa o êxito das políticas sociais, nem nosso ritmo de investimento e de crescimento.
Estamos tomando precauções adicionais para reforçar nossa capacidade de resistência à crise, fortalecendo nosso mercado interno com políticas de distribuição de renda e inovação tecnológica.
Há pelo menos três anos, senhor Presidente, o Brasil repete, nesta mesma tribuna, que é preciso combater as causas, e não só as consequências da instabilidade global.
Temos insistido na interrelação entre desenvolvimento, paz e segurança, e que as políticas de desenvolvimento sejam, cada vez mais, associadas às estratégias do Conselho de Segurança na busca por uma paz sustentável.
É assim que agimos em nosso compromisso com o Haiti e com a Guiné-Bissau. Na liderança da Minustah temos promovido, desde 2004, no Haiti, projetos humanitários, que integram segurança e desenvolvimento. Com profundo respeito à soberania haitiana, o Brasil tem o orgulho de cooperar para a consolidação da democracia naquele país.
Estamos aptos a prestar também uma contribuição solidária, aos países irmãos do mundo em desenvolvimento, em matéria de segurança alimentar, tecnologia agrícola, geração de energia limpa e renovável e no combate à pobreza e à fome.
Senhor Presidente,
Desde o final de 2010 assistimos a uma sucessão de manifestações populares, que se convencionou denominar “Primavera Árabe”. O Brasil é pátria de adoção de muitos imigrantes daquela parte do mundo. Os brasileiros se solidarizam com a busca de um ideal que não pertence a nenhuma cultura, porque é universal: a liberdade.
É preciso que as nações aqui reunidas encontrem uma forma legítima e eficaz de ajudar as sociedades que clamam por reforma, sem retirar de seus cidadãos a condução do processo.
Repudiamos com veemência as repressões brutais que vitimam populações civis. Estamos convencidos de que, para a comunidade internacional, o recurso à força deve ser sempre a última alternativa. A busca da paz e da segurança no mundo não pode limitar-se a intervenções em situações extremas.
Apoiamos o Secretário-Geral no seu esforço de engajar as Nações Unidas na prevenção de conflitos, por meio do exercício incansável da democracia e da promoção do desenvolvimento.
O mundo sofre, hoje, as dolorosas consequências de intervenções que agravaram os conflitos, possibilitando a infiltração do terrorismo onde ele não existia, inaugurando novos ciclos de violência, multiplicando os números de vítimas civis.
Muito se fala sobre a ‘responsabilidade de proteger’, pouco se fala sobre a ‘responsabilidade ao proteger’. São conceitos que precisamos amadurecer juntos. Para isso, a atuação do Conselho de Segurança é essencial, e ela será tão mais acertada quanto mais legítimas forem suas decisões, e a legitimidade do próprio Conselho depende, cada dia mais, de sua reforma.
Senhor Presidente,
A cada ano que passa, mais urgente se faz uma solução para a falta de representatividade do Conselho de Segurança, o que corrói sua eficácia. O ex-presidente Joseph Deiss recordou-me um fato impressionante: o debate em torno da reforma do Conselho já entra em seu 18º ano. Não é possível, senhor Presidente, protelar mais.
O mundo precisa de um Conselho de Segurança que venha a refletir a realidade contemporânea, um Conselho que incorpore novos membros permanentes e não permanentes, em especial representantes dos países em desenvolvimento.
O Brasil está pronto a assumir suas responsabilidades como membro permanente do Conselho. Vivemos em paz com nossos vizinhos há mais de 140 anos. Temos promovido com eles bem-sucedidos processos de integração e de cooperação. Abdicamos, por compromisso constitucional, do uso da energia nuclear para fins que não sejam pacíficos. Tenho orgulho de dizer que o Brasil é um vetor de paz, estabilidade e prosperidade em sua região, e até mesmo fora dela.
No Conselho de Direitos Humanos, atuamos inspirados por nossa própria história de superação. Queremos para os outros países o que queremos para nós mesmos.
O autoritarismo, a xenofobia, a miséria, a pena capital, a discriminação, todos são algozes dos direitos humanos. Há violações em todos os países, sem exceção. Reconheçamos esta realidade e aceitemos, todos, as críticas. Devemos nos beneficiar delas e criticar, sem meias-palavras, os casos flagrantes de violação, onde quer que ocorram.
Senhor Presidente,
Quero estender ao Sudão do Sul as boas vindas à nossa família de nações. O Brasil está pronto a cooperar com o mais jovem membro das Nações Unidas e contribuir para seu desenvolvimento soberano.
Mas lamento ainda não poder saudar, desta tribuna, o ingresso pleno da Palestina na Organização das Nações Unidas. O Brasil já reconhece o Estado palestino como tal, nas fronteiras de 1967, de forma consistente com as resoluções das Nações Unidas. Assim como a maioria dos países nesta Assembleia, acreditamos que é chegado o momento de termos a Palestina aqui representada a pleno título.
O reconhecimento ao direito legítimo do povo palestino à soberania e à autodeterminação amplia as possibilidades de uma paz duradoura no Oriente Médio. Apenas uma Palestina livre e soberana poderá atender aos legítimos anseios de Israel por paz com seus vizinhos, segurança em suas fronteiras e estabilidade política em seu entorno regional.
Venho de um país onde descendentes de árabes e judeus são compatriotas e convivem em harmonia, como deve ser.
Senhor Presidente,
O Brasil defende um acordo global, abrangente e ambicioso para combater a mudança do clima no marco das Nações Unidas. Para tanto, é preciso que os países assumam as responsabilidades que lhes cabem.
Apresentamos uma proposta concreta, voluntária e significativa de redução [de emissões], durante a Cúpula de Copenhague, em 2009. Esperamos poder avançar, já na reunião de Durban, apoiando os países em desenvolvimento nos seus esforços de redução de emissões e garantindo que os países desenvolvidos cumprirão suas obrigações –com novas metas no Protocolo de Quioto– para além de 2012.
Teremos a honra de sediar a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, em junho do ano que vem. Juntamente com o secretário-geral Ban Ki-moon, reitero aqui o convite para que todos os chefes de Estado e de Governo compareçam.
Senhor Presidente e minhas companheiras mulheres de todo mundo,
O Brasil descobriu que a melhor política de desenvolvimento é o combate à pobreza, e que uma verdadeira política de direitos humanos tem por base a diminuição da desigualdade e da discriminação entre as pessoas, entre as regiões e entre os gêneros.
O Brasil avançou política, econômica e socialmente sem comprometer sequer uma das liberdades democráticas. Cumprimos quase todos os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, antes de 2015. Saíram da pobreza e ascenderam para a classe média quase 40 milhões de brasileiras e brasileiros. Tenho plena convicção de que cumpriremos nossa meta de, até o final do meu governo, erradicar a pobreza extrema no Brasil.
No meu país, a mulher tem sido fundamental na superação das desigualdades sociais. Nossos programas de distribuição de renda têm, nas mães, a figura central. São elas que cuidam dos recursos que permitem às famílias investir na saúde e na educação de seus filhos.
Mas o meu país, como todos os países do mundo, ainda precisa fazer muito mais pela valorização e afirmação da mulher. Ao falar disso, cumprimento o secretário-geral Ban Ki-moon pela prioridade que tem conferido às mulheres em sua gestão à frente das Nações Unidas.
Saúdo, em especial, a criação da ONU Mulher e sua diretora-executiva, Michelle Bachelet.
Senhor Presidente,
Além do meu querido Brasil, sinto-me aqui também representando todas as mulheres do mundo. As mulheres anônimas, aquelas que passam fome e não podem dar de comer aos seus filhos; aquelas que padecem de doenças e não podem se tratar; aquelas que sofrem violência e são discriminadas no emprego, na sociedade e na vida familiar; aquelas cujo trabalho no lar cria as gerações futuras.
Junto minha voz às vozes das mulheres que ousaram lutar, que ousaram participar da vida política e da vida profissional, e conquistaram o espaço de poder que me permite estar aqui hoje.
Como mulher que sofreu tortura no cárcere, sei como são importantes os valores da democracia, da justiça, dos direitos humanos e da liberdade.
E é com a esperança de que estes valores continuem inspirando o trabalho desta Casa das Nações, que tenho a honra de iniciar o Debate Geral da 66ª Assembleia Geral da ONU.
Muito obrigada.”
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Bioética na iátrica médico-profissional [Estudos e Pesquisas em Bioética]
by Francisco on segunda-feira, 12 de setembro de 2011
por Francisco Antônio de Andrade Filho

Neste ano 2011, O Recado da Pesquisa comemora seus 12 anos de vida. Manteve-se firme e coerente na divulgação de estudos e pesquisas em Filosofia integrada com outros saberes humanos, Nesta edição, e em sua homenagem, convidamos nossos amigos internautas- de modo especial os estudiosos e pesquisadores em Bioética -, para um diálogo construtivo neste ciberespaço. Façam seus comentários. Bem-vindos!
1-O que é Bioética na atuação profissional?
Na Encyclopedia of Bioethics, 2nd, ed. New York; MacMillan, 1995: XXI; Reich WT define Bioética como "o estudo sistemático das dimensões morais - incluindo visão moral, decisões, conduta e políticas - das ciências da vida e atenção à saúde, utilizando uma variedade de metodologias éticas em um cenário interdisciplinar.”
Penso ser um dos seus objetivos pesquisar a Bioética como um novo paradigma da relação entre ciência e tecnologia, no confronto com possibilidades e problemas de "ordem ontológica" (Von Zuben) e no modo de existir da pessoa humana e da própria tecitura social. Ela surge como uma ciência que reflete, discute e almeja atingir um consenso na defesa de valores individuais "ameaçados em decorrência do avanço da ciência e da tecnologia". Segundo Hubert Lepergneur, a bioética "é uma disciplina prática, cujo fim é conseguir o consenso máximo, em matéria de duvidosos desafios na área de saúde humana, para elaborar e implementar normas de ação". Ela, através de pesquisas integradas, análise e discussão de problemas de ordem ontológica, problemáticas e diálogos filosóficos sobre o conceito de pessoa, vai buscar soluções, traçar normas morais, para problemas éticos decorrentes de descobertas científicas. Ela servirá, de um novo paradigma, de modelo, para o funcionamento da atividade científica, com os valores almejados pela sociedade. É o homem que está em jogo em sua convivência social.
2- O que é ética profissional?
Vamos iniciar a discussão com Lima Vaz (1996). Segundo ele, o agir ético, tanto da comunidade como do indivíduo, compreendendo os costumes e hábitos, exprimem a nossa situação fundamental como seres que habitam a morada do ethos. É a vida do bem em organizações humanas. A vida plenamente humana, “programa pedagógico esse que visa formar o jovem médico, que participa da cidadania, assumindo com plena consciência a recíproca relação entre direitos e deveres”, na qual consiste propriamente a esfera profissional.
Esse mundo humano – ser ético/axiológico não é uma dádiva da natureza. É conquista cultural. Destino das sociedades institucionalizadas, em sua dimensão ético-profissional, a de enveredarem pelos obscuros caminhos da cidade sem lei.
Outro ponto, de importância para as nossas discussões hoje: no estudo e na interpretação dos artigos específicos dos Códigos de Ética, considera-se não a letra fria, morta, mas o seu espírito. O que se exige, basicamente, é a competência técnica, aliada à capacidade ética, o que vale a dizer: competência e honestidade capazes de inspirar a confiança da clientela. Aquela ética profissional, riqueza maior que se pode vislumbrar em sua integral fidelidade, às normas estatutárias dos referidos códigos.
Aqui, nesta reflexão filosófico-epistemológica, ética profissional é “a parte da ética que ensina o homem a agir em sua profissão, tendo em vista os princípios da moral” (ANDRADE FILHO, site citado, 2000/2001). Ela é a aplicação geral no campo das atividades profissionais. Assim, a ética profissional do estudante de Nutrição, consiste em conhecer a ética, nela acreditar e viver eticamente, na vida privada como na vida pública. Manter-se sempre em dia com as realidades do mundo de hoje e participar da vida acadêmica: ser cordial, freqüentar as aulas, estudos e pesquisas.
Então, “Ética profissional trata dos deveres e dos direitos”, dos agentes profissionais. Assume o compromisso do crescimento ético – retidão de consciência.
Assim, os Códigos de Ética Profissional (Camargo,1999: 33 – 4) “estruturam e sistematizam as exigências éticas no tríplice plano de orientação, disciplina e fiscalização”. Estabelecem parâmetros variáveis e relativos que demarcam o piso e o teto dentro dos quais a conduta pode ou deve ser considerada regular sob o ângulo ético.
Dado que qualquer profissão visa interesses de outras pessoas ou clientes, os códigos visam também os interesses destes, amparando seu relacionamento com o profissional.
Os códigos, porém, não esgotam o conteúdo e as exigências de uma conduta ética de vida e nem sempre expressam a forma mais adequada de agir numa circunstância particular.
Os códigos sempre são definidos, revistos e promulgados a partir da realidade social de cada época e de cada país; suas linhas-mestras porém são deduzidas de princípios perenes e universais.
Referindo-se a atos praticados no exercício da profissão, os códigos de ética por si não tornam melhores os profissionais, mas representam uma luz e uma pista para seu comportamento. Mais do que ater-se àquilo que é prescrito literalmente, é necessário compreender e viver a razão básica das normas. Segundo Maximiano (1997: 294) : “Códigos de Ética fazem parte do sistema de valores que orientam os comportamentos das pessoas, grupos e das Organizações e seus administradores”.
Por outro lado, as pessoas têm que dar uma alma aos códigos para vivê-los. Pensa Sá (1996: 136) : “quando a consciência profissional se estrutura em trígono, formado pelos amores à profissão, à classe e à sociedade, nada existe a temer quando ao sucesso da conduta humana; o dever passa então a ser uma simples decorrência das convicções plantadas nas áreas recônditas do ser, ali depositadas pelas formações educacionais básicas”.
3-Direitos e deveres do Médico: expressões ético-profissionais em sua arte clínica.
O Código de Ética do Médico, registra algumas expressões ético-profissionais, de grande valia. Assim, por exemplo, destacamos aqui alguns tópicos de seus artigos entre outros:
I - O presente Código contém as normas éticas que devem ser seguidas pelos médicos no exercício da profissão, independentemente da função ou cargo que ocupem.
Art. 1° - A Medicina é uma profissão a serviço da saúde do ser humano e da coletividade e deve ser exercida sem discriminação de qualquer natureza.
Art. 2° - O alvo de toda a atenção do médico é a saúde do ser humano, em benefício da qual deverá agir com o máximo de zelo e o melhor de sua capacidade profissional.
Art. 4° - Ao médico cabe zelar e trabalhar pelo perfeito desempenho ético da Medicina e pelo pretígio e bom conceito da profissão.
Art. 10° - O trabalho do médico não pode ser explorado por terceiros com objetivos de lucro, finalidade política ou religiosa.
Art. 13° - O médico deve denunciar às autoridades competentes quaisquer formas de poluição ou deterioração do meio ambiente, prejudiciais à saúde e à vida.
Art. 23 - Recusar-se a exercer sua profissão em instituição pública ou privada onde as condições de trabalho não sejam dignas ou possam prejudicar o paciente.
Art. 37 - Deixar de comparecer a plantão em horário preestabelecido ou abandoná-lo sem a presença de substituto, salvo por motivo de força maior.
Art. 54 - Fornecer meio, instrumento, substância, conhecimentos ou participar, de qualquer maneira, na execução de pena de morte.
Art. 75 - Participar direta ou indiretamente da comercialização de órgãos ou tecidos humanos.
Esses artigos citados revelam a dimensão axiológica do referido Código de Ética do Médico. Para apreender seu conteúdo ético, percebê-lo inserido nos princípios da Bioética (o da autonomia, o da beneficência e o da Justiça), princípios esses fundamentais, jusfilosóficos dos deveres e dos direitos do Médico, pensamos que toda lei deve primar pela justiça (PEGORARO, 1995), isto é, deve prescrever o que está de acordo com a natureza e a dignidade do ser humano (ANDRADE FILHO, 2000). Os valores éticos respondem as necessidades de sobrevivência e de harmonia do grupo. O homem desenvolve sua vida, não isoladamente, mas dentro de uma comunidade. Esta deve ser mantida e preservada para o bem do próprio indivíduo. Esta relação de sobrevivência e bom andamento do grupo com os interesses do indivíduo determina uma grande classe de valores: os éticos ou morais; os deveres, os direitos e o bem, isto é, valores que obrigam, valores que atraem e valores que autorizam. Dentro da categoria “ética profissional” podemos colocar várias atitudes valoradas, como a honra, a bondade, a fidelidade, a benevolência, a justiça etc.
Assim, para a atividade do médico, discute-se ser necessário que o profissional esteja imbuído de certos princípios ou valores do ser humano (Camargo, 1999: 31), pra vivenciá-los nas suas atividades de trabalho. De um lado, a exigência ética da deontologia (do grego “deontes= a dever e “logos”= tratado). É a Ciência dos deveres específicos que o orientam no campo profissional; de outro, exige a diceologia (do grego, “diceo”= direitos, e “logos”= tratado), isto é, o estudo dos direitos que esse profissional ou qualquer outro tem ao exercer suas atividades. À luz da Jusfilosofia, esses direitos constituem-se expressões éticas no exercício legal do médico. É a ética da responsabilidade de sua profissão. Aqui, o médico se experimenta enquanto age sobre os outros e em se mesmo. Ele se compreende como “responsável” que assume o seu ser e toma nas mãos o seu destino.
4-Tópicos para um diálogo entre médico e filósofo.
“Esse mundo da informática e da comunicação está criando um ambiente mental, afetivo e comportamental bem diferente que as gerações passadas: estreitando relacionamento entre pessoas, povos e culturas, fontes de esperanças para a humanidade. Afetam, sobretudo, a vida do cidadão – a educação em todos os níveis: massificação de uma cultura superficial, violenta, sem ética e imposta pela “mídia”, um novo tempo de perversidade –, a do desrespeito à vida e aos direitos humanos”. (Francisco Andrade)
"Pode haver Medicina – e tanto já houve e tanto ainda há – sem o concurso da ciência, mas dificilmente podemos imaginar uma Medicina que prescindisse dos conceitos inerentes à problemática humana, conceitos esses pertencentes prioritariamente, ao campo filosófico. ” (Londres, l997: 111).
“A Medicina relaciona estudos científicos a respeito do homem com a escala de valores humanos, unindo assim, através de tensões e resoluções, os terrenos do concreto e do abstrato. Uma Medicina que não leve em conta essa escala de valores pode se tornar contrária ao interesse daqueles que dela se servem” (id. ib. : 112).
“A impregnação da Medicina pela atitude científica protegeu-a das especulações teóricas estéreis, mas a afastou de considerações teóricas e filosóficas que pudessem alinhavar os seus novos conhecimentos e orientar as resoluções de suas novas problemáticas” (id. ib. 113).
A Filosofia da Medicina: é o exame crítico, através de uma visão filosófica, de uma epistemologia das ciências médicas, do significado da Medicina como uma prática clínica, analisando seus fundamentos, suas conceituações, suas ideologias e as bases filosóficas de sua ética´id. ib. 116).
Estude e Pesquise mais:
ANDRADE FILHO, Francisco Antônio de. "Relação Ético-Política na 'Filosofia do Direito' de Hegel", in Síntese Nova Fase, v. 24, n. 77 (1997) : 181-197; Eutanásia: a vida produz a morte, in Bioética - Boletim da SBB (2001), ano 3, n. 5: 4 a 5.
ESPINOSA, Baruch de. Ética. São Paulo: Abril Cultural, 1978.
ANDRADE FILHO, F. A. de. Teoria e Prática dos Valores. O Recado da Pesquisa. http://www.orecado.cjb.net. “Reflexões”, 2000.
________________. Bioética: Filosofia para quê? id. ibid., 2002.
BOTSARIS, Alexandros Spyros. Sem Anestesia: o desafio de um médico. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
LIMA VAZ, Henrique C. de. Ética e Justiça: Filosofia do agir humano, in PINHEIRO, José Ernanne. Ética, Justiça e Direito – reflexões sobre a reforma do judiciário, Vozes, 1996, p. 19 a 40.
LONDRES, Luiz Roberto. Iátrica: A Arte Clínica: ensaios sobre a teoria da prática médica. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.
CÓDIGO DE ÉTICA DO MÉDICO. http://www.cremepe.cfm.org.br/codigodeetica/codigoetica.htm
PEGORARO, Olinto. A ética é Justiça. Petrópolis: Vozes, 1995
CAMARGO, Marcolino. Fundamentos de Ética Geral e Profissional. Petrópolis: Vozes, 1999.
MAXIMIANO, Antônio César Amaru. Teoria Geral da Administração. São Paulo: Atlas, 1997.
SÁ, Antônio Lopes de. Ética Profissional. São Paulo: Atlas, 1996.
Vibre com as belezas de seus sentimentos [Recados de Meditação]
by Francisco on sexta-feira, 12 de agosto de 2011
por Francisco Antônio de Andrade Filho
“Descendo ao fundo do poço é que a gente recupera os tesouros da vida. É onde se tropeça que se acha o seu tesouro. A mesma caverna em que a gente tem medo de entrar acaba sendo a fonte do que estava procurando” (Joseph Campbell)
“Fique onde você puder ficar. Dê o melhor de si na atividade à mão, e a oportunidade começará a procurá-lo. Chama-se 'uma coisa leva a outra'” (Andrew Matthews)
“Sempre acontece aquilo em que a gente acredita; e a crença numa coisa faz com que ela aconteça” (Frank Lloyd Wright)
“A vida é engraçada. Se você se recusa a aceitar o que não seja o melhor, com certeza obterá o melhor” (W. Somerset Maugham)
“A origem do sofrimento é o desejo” (Buda)
“Mostre-me uma pessoa feliz e ingrata” (Kig Ziglar)
“Não ande por aí dizendo que o mundo lhe deve uma existência. O mundo não lhe deve nada. Chegou aqui primeiro.” (Mark Twain)
“Só há dignidade no trabalho quando ele é livremente aceito” (Albert Camus)
“O trabalho é o amor tornado visível” (Khalil Gibran)
“A vida é como jogar uma bola na parede. Se for jogada uma bola verde, ela voltará verde; se for jogada uma bola azul, ela voltará azul; se a bola for jogada fraca, ela voltará fraca; se a bola for jogada com força, ela voltará com força: Por isso, nunca jogue uma bola na vida, de forma que não esteja pronto para recebê-la. A vida não dá, nem empresta; não se comove, nem se apieda. Tudo quanto ela faz é retribuir e transferir aquilo que nós lhe oferecemos” (De Albert Einstein e encaminhado pela Drª Ana Cecília)
Inversão Marxista do Conceito de Sociedade Civil em Hegel
by Francisco on quarta-feira, 27 de julho de 2011
por Francisco Antônio de Andrade Filho
Em Marx, o conceito de sociedade civil inscreve-se na crítica a Hegel e aos seus neo-seguidores, com o objetivo de elaborar os fundamentos da sua própria concepção da realidade social. Nem por isso deixa de reconhecer como correto, de modo geral, o conceito desse filósofo alemão sobre sociedade civil. No Prefácio para a Crítica da Economia Política de 1857, Marx expressa ao mesmo tempo essa concordância e a crítica fundamental ao idealismo ao afirmar que, como para Hegel e os ingleses e os franceses do século XVIII as condições materiais de existência recebem o nome de sociedade civil, mas que, ao contrário dos idealistas, elas são o solo matrizador do todo social.
E escreve:
“A minha investigação desembocou no resultado de que as relações jurídicas, tal como as formas de Estado, não podem ser compreendidas a partir de si mesmas nem a partir do chamado desenvolvimento geral do espírito humano, mas enraízam-se, isso sim, nas relações materiais da vida, cuja totalidade, Hegel, na esteira dos ingleses e franceses do século XVIII, resume sob o nome de ‘sociedade civil‘, e de que a anatomia da sociedade civil se teria de procurar, porém, na economia política...1.”
Marx e Engels, Lenin e outros invertem o conceito de sociedade civil em Hegel. Para eles, a sociedade civil é o conjunto das relações econômicas (em última instância) constitutivas da base material. Na Ideologia alemã, Marx e Engels afirmam:
“A forma de intercâmbio, condicionada em todos os estádios históricos até os nossos dias pelas forças de produção existentes, e que por seu turno as condiciona, é a sociedade civil, a qual como se torna claro pelo que já foi dito, tem por premissa e base a família simples e a família composta, o chamado sistema tribal, cujas características marcantes mais precisas se encontram contidas em páginas precedentes. Já por aqui se revela que esta sociedade civil é o verdadeiro lar e teatro de toda a história, e que é absurda a concepção da história até hoje defendida que despreza as relações reais ao confinar-se às ações altissonantes de chefes e de Estados”2.
E quase repetindo:
“A sociedade civil compreende todo o intercâmbio material dos indivíduos numa determinada etapa do desenvolvimento das forças produtivas. Compreende toda a vida comercial e industrial de uma etapa, e nesta medida transcende o Estado e a nação, embora, por outro lado, tenha de se fazer valer em relação ao exterior como nacionalidade e de se articular como Estado em relação ao interior. O termo sociedade civil surgiu no século XVIII quando as relações de propriedade já se tinham desembaraçado da comunidade antiga e medieval. A sociedade civil como tal só se desenvolve com a burguesia...”3.
E sustenta:
“...havia a partir daí generalizado que, em geral, não é o Estado que condiciona e rege a sociedade civil( bürgerliche Gesellchaft), mas é a sociedade civil que (condiciona e rege) o Estado, que, por conseguinte, há que explicar a política e a sua história a partir das relações econômicas e do seu desenvolvimento, e não inversamente”4.
Marx fixa aqui um pressuposto fundamental. As condições materiais de existência constituem a matriz ontológica do todo social. O jurídico, o político, o ideológico são momentos - cada qual com um traço próprio, dialeticamente configurados -, mas nunca postos na condição fundante das relações materiais de existência.
Para o que nos interessa aqui, que é sociedade civil/sociedade política, isto significa que o princípio de sua inteligibilidade não se encontra no interior dela mesma, mas fora dela, o que, em absoluto, não lhe suprime a especificidade nem a importância e nem a reduz a mero efeito da economia, mas proíbe pensá-la, porque efetivamente não o é, como uma esfera autônoma, cujos relacionamentos com outras esferas seriam externos e fortuitos. Assim, nem o Estado, nem a política, nem o poder seriam inteligíveis sem as relações materiais das quais são a expressão e contribuem para cuja reprodução.
Estabelecido isto, é preciso dizer ainda que Marx toma como objeto de suas análises a sociedade civil na sua forma moderna, ou seja, como sociedade burguesa. Qual é, pois, a natureza da sociedade civil moderna? Fundada na propriedade privada regida pelo capital, ela é atravessada por conflitos radicais entre capital e trabalho, pela concorrência, pelos interesses privados, pela anarquia e pelo individualismo.
O surgimento e a natureza do Estado decorrem dessa mesma natureza da sociedade civil. Dilacerada pela contradição entre interesses gerais e particulares e não podendo resolvê-los ela própria, dá origem a uma esfera, com um aparato, com tarefas, com uma especificidade própria, mas cuja função fundamental seria a de solucionar essa contradição. Sua origem, porém, delimita-lhe precisamente os limites. Deste modo, solucionar a contradição não significa superá-la, porque isso está para além de suas possibilidades, mas antes administrá-la, suprimindo-a formalmente, mas conservando-a realmente, e deste modo contribuindo para reproduzi-la em benefício das classes mais poderosas da sociedade civil.
Contrariamente ao que pensava Hegel, o Estado não torna os indivíduos livres, mas apenas cria a ilusão da liberdade.
Por isso mesmo, a crítica de Marx a Bauer, na Questão Judaica, vai no sentido de mostrar que a emancipação política que consiste no desenvolvimento mais pleno da esfera política, no pleno exercício dos direitos dos cidadãos de todos os indivíduos não é, de modo algum, a etapa final da libertação do homem, ainda que a emancipação política represente um grande progresso 5. Isto por que ela não elimina, mas deixa intactos os ordenamentos da atual sociedade.
Vamos insistir um pouco nestas contraposições Marx/Hegel para entendermos a referida inversão do conceito de sociedade civil.
Ao redigir A Crítica da Filosofia do Direito de Hegel, Marx contrapõe as teses daquele filósofo que coloca o Estado como aquela formação que dá unidade à sociedade civil. Marx inverte isto: é a sociedade civil que gera o Estado; não é o Estado que gera a sociedade civil. Hegel levava a reflexão no sentido de mostrar que a questão se resolvia, tornando o Estado perfeito. Como é que se torna o Estado perfeito para Hegel? Tornando-o racional. O Estado que seja uma encarnação da razão mais alta possível, de uma razão que tornou-se consciência de si própria, da razão absoluta. Qual será a crítica de Marx? O Estado racional é impossível, ou seja, Estado e razão efetiva são incompatíveis. Não constituem uma identidade, mas sim uma desidentidade.
Todos os sistemas de Filosofia Política, desde Platão até Hegel, são um esforço de reflexão no sentido de perfectibilidade do Estado, do poder. Não ocorre a nenhum desses grandes pensadores, a não ser como prenúncios pouco importantes6, como indicativos, como utopia, a eliminação da dominação. Contrapondo o existente ao representado, à razão política, Marx é original. Em vez de pensar a perfeição do Estado, ele declara sucessivamente a impossibilidade do Estado racional e a impossibilidade do homem livre com a presença do Estado. A filosofia política dele é, por consequência, não o Estado em si, mas a eliminação de toda e qualquer forma de dominação, inclusive, a política. Inverte a filosofia política radicalmente. Ele funda uma reflexão em que a tese central é o rompimento com a filosofia política, de Platão a Hegel, que é a perfectibilização do poder. Em Marx, é a concepção da dissolução de toda forma de poder, inclusive, o político, e de outras manifestações culturais, por meio da transformação social que se torna o grande objetivo.
Ainda n‘A Questão Judaica, Marx contrapõe a emancipação política à emancipação humana, mostrando que a emancipação política é algo restrito, limitado e que o objetivo fundamental, sem desprezo pela emancipação política, não é a emancipação política, puro instrumento da máquina estatal. A emancipação humana, vale dizer, a auto-edificação na infinitude da processualidade histórica do ser social, esta é a que importa. A partir da polêmica com Bruno Bauer, ele universaliza a questão: a emancipação humana é a universalização da emancipação, são todas as emancipações.
Notas:
1. MARX, K. e ENGELS. Obras Escolhidas, tradução de Álvaro Pina. Lisboa: Edições Avante, 1982. vol. I, 530p. Grifos meus.
2. Ibidem, 128 p. Grifos do original.
3. Ibidem, 71 p.
4. Ibidem, vol. III, 199 p.
5. MARX, K. A Questão Judaica. São Paulo: Editora Moraes, s/d. 28 p. Ler ainda nesta obra algumas referências sobre a temática da emancipação humana x emancipação política, 37 p., 72-73 p., 88 p.
6. Por exemplo, parece que n‘As Leis, Platão chega a seguinte fórmula: o Estado perfeito é impossível, porque a distribuição de riqueza é desigual; e a distribuição igual da riqueza é impossível.
Referências Bibliográficas:
BOBBIO, N. O Conceito de Sociedade Civil, Rio: Graal, s/d
BOBBIO, N. Estado, governo, sociedade – para uma teoria geral da política. 2a edição. Rio: Paz e Terra, 1987, 39-52 p
BOBBIO, N. Dicionário de Política, 2a edição. Brasília: UnB, 1986.
CHASIN, J. Democracia Política e Emancipação Humana in Ensaio, no 13, São Paulo: Ensaio, 1984.
LUKÁCS, G. Ontologia do Ser Social – a falsa e a verdadeira ontologia de Hegel. São Paulo: Livraria de Ciências Humanas, 1979.
MARCUSE, H. Razão e Revolução, tradução de Marília Barroso. 2ª edição, Rio: Paz e Terra, 1978
MARX, K. e ENGELS. Obras Escolhidas, tradução de Álvaro Pina. Lisboa: Edições Avante, 1982. vol. I, 530 p.
MARX, K. A Questão Judaica. São Paulo: Editora Moraes, s/d. 28 p.
MARX, K. A Ideologia alemã, 4a edição. São Paulo: HUCITEC, 1984.
Software Livre e Inclusão Digital [Destaques de Leitura]
by Francisco on terça-feira, 12 de julho de 2011
por Francisco Antônio de Andrade Filho
“A questão do software livre é também uma questão de libertação nacional. E, se tiver coragem, o Brasil tem agora a chance de realizar uma grande campanha nacional de mobilização pró-liberdade digital, tornando-se assim referência mundial na luta pelo software livre – luta que todos os governos mundiais ainda terão de travar -, além de treinar nossa criatividade nesse sentido, pólo produtor de novos softwares – livres também, é claro – que poderão globalizar, no bom sentido, nossas conquistas libertárias”. (Hermano Viana)
“O movimento de Software livre é a maior expressão da imaginação dissidente de uma sociedade que busca mais do que a sua mercantilização. Trata-se de um movimento baseado no princípio do compartilhamento do conhecimento e na solidariedade praticada pela inteligência coletiva conectada na rede mundial de computadores”. (Sérgio Amadeu da Silveira)
“A desigualdade e a distância cada vez maior entre ricos e pobres precisa ser combatida com medidas de governo que dêem condições de superação da miséria. As diferenças podem ser ampliadas exponencialmente caso o combate à exclusão digital não se transforme em política pública. A questão social atingiu a dimensão tecnológica. O acesso às redes informacionais, a possibilidade de se comunicar velozmente e o domínio das tecnologias digitais devem se tornar necessariamente novos direitos sociais”. (João Cassino)
Leia mais: Software livre e inclusão digital. Organizadores: Sérgio Amadeu da Silveira e João Cassino. São Paulo: Conrad, 2003.
Segredos do poder de sua consciência [Recados de Meditação]
by Francisco on segunda-feira, 27 de junho de 2011
por Francisco Antônio de Andrade Filho
“Se você permitir, sua mente pode ser um trem desgovernado. Ela pode arrastar você para pensamentos do passado e depois para pensamentos do futuro, tomar maus pensamentos do passado e projetá-los em seu futuro. Esses pensamentos descontrolados também criam. Quando está consciente, você está no presente e sabe o que está pensando. Você assumiu o controle de seus pensamentos, e é ai que se encontra todo o seu poder”. (Charles Haanel)
“Eu me sinto. O que sinto em mim é o certo. Minha alma fala no que sinto e por ela me oriento. Eu não me perco e minha vida nunca caminha para o errado e sempre me leva para o meu melhor sem dor. Isso não é magia, não. É apenas atitudes.” (Gasparetto)
“E aquele segredo sentava-se entre nós todo tempo/como um convidado de máscara”. (Mário Quintana)
“Não sabemos o que fazer mas o coração vai-se apertando, cada hora, cada minuto mais. No começo fingimos achar graça, depois brincamos o indiferente, mas um dia o outro diz em tom casual: ‘Quero lhe avisar que estou mudando’.” (Lya Luft)
“Sempre que você fica com raiva de alguém, cria um mundo de palavras duras, reprovações, cólera, sofrimento. Perde a indulgência que tem por si mesmo”. (Pierre Levy)
“Eu vos disse isso, para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria seja completa”. (Jo, 15, 11)
“Os homens de meu planeta cultivam cinco mil rosas num mesmo jardim, e não encontram o que procuram”. (Saint-Exupéry)
“Sinceramente, não sei como alguém estuda tanto e depois quer esquecer o povão […] todos são brasileiros”. (Lula)
“Não é justo e não contribui para o desenvolvimento do Brasil que os recursos minerais do país sejam daqui tirados e não haja a devida compensação. Essa compensação é condição para que nossas reservas naturais tenham um sentido, que não se concentrem na mão de poucos”. (Presidenta Dilma Rousselff)
“[...] o ser humano é, ao mesmo tempo, sapiente e demente, anjo e demônio, diabólico e simbólico. Freud dirá que nele vigoram dois instintos básicos: um de vida que ama e enriquece a vida e outro de morte que busca a destruição e deseja matar. Importa enfatizar: nele coexistem simultaneamente as duas forças. Por isso, nossa existência não é simples, mas complexa e dramática. Ora predomina a vontade de viver e então tudo irradia e cresce. Noutro momento, ganha a partida a vontade de matar e então irrompem violências e crimes [...]”. (Leonardo Boff)
Por que e o que é uma Filosofia da Medicina? [Estudos e Pesquisas em Bioética]
by Francisco on segunda-feira, 13 de junho de 2011
por Francisco Antônio de Andrade Filho
O melhor médico é também um filósofo (Galeno).
Na discussão sobre bioética, a temática de equiparação entre o médico e o filósofo, da relação Medicina-filosofia, na integração de seus saberes, pode, talvez, suscitar algum questionamento importante, principalmente, quando, em nossos dias, a evolução dos aparatos médicos é tão grande, que temos, muitas vezes, vontade de superar a facticidade humana e instaurar um reino de utopias, de "preocupações e razões de esperança", no qual, pela ajuda da técnica e do desenvolvimento científico, o homem possa desafiar a morte. Para isso contribuem, sem dúvida, as excentricidades que os meios de comunicação, todos os dias, veiculam, como também um desejo humano de prolongar a existência e superar a doença.
Não é nossa intenção, aqui, discutir a questão tal como ela se apresenta no senso comum da apreensão quotidiana, nem dar razão a um delírio humano romântico que chega às raias da (des) razão, mas, ao contrário, trazer uma contribuição para a história da bioética que, por sua vez, está ligada à história da Medicina e esta, à antropologia filosófica. Há, incontestavelmente, uma enorme curiosidade arraigada em nosso inconsciente, sobre a possibilidade da superação de nossos limites: uma nova esperança de vida. E uma determinada concepção de filosofia e de ciência fez uso desse lugar comum. Queremos mostrar aqui alguns momentos históricos da Medicina e, como tal, Medicina se liga ao conjunto de um saber filosófico que pressupunha um modelo bem concreto de homem e de moralidade. Enfim, pretendemos indicar a compreensão da Ética da Vida - Bioética, ou de sua negação, por uma "Medicina infalível" ou por uma filosofia inútil, sem razão e sem esperança, de uma " bios sofia", de um saber sem vida. Não é apenas uma "rede da vida" jogada, lançada só na " bios sofia", com base em teorias organicistas, mas Estudos e Pesquisas Integradas em Bioética: um novo paradigma da relação entre ciência e tecnologia.
A base da Medicina na Antiguidade era a doutrina de Hipócrates, somada à de Platão, à de Aristóteles e à de outros clássicos da sabedoria antiga. Os médicos da escola hipocrática tinham grande facilidade para o diagnóstico e chegaram a determinar importantes procedimentos da Medicina, como a enfermidade renal e a adenite dos órgãos peritoniais.
Escritor de talento extraordinário, Platão nos deixou, entre seus diálogos, o Banquete ou em grego, "Symposion". Aqui, vemos uma rica aproximação da Filosofia com a Antropologia médica. No diálogo com o convidado Pausânias, Erisímaco toma a palavra e pensa a construção do saber filosófico integrado ao da Medicina. Expressa desta forma:
“Sim, há dois Eros. Médico, eu o sei, pois ele não se ocupa apenas dos corpos, mas também das almas. Médico, pois sei que Eros é mais vasto, que seu poder não se limita aos homens, mas estende seu império a todos os seres. O que é Eros? A harmonia e a união dos contrários, a atração ordenada dos corpos. Por isso, a Medicina - arte da amizade entre os humores e os elementos no corpo e na alma - é a primeira ciência do amor [...] Eros é a força cósmica, universal, que aplicada para o bem, nos traz a felicidade perfeita, a paz entre os homens e a benevolência dos deuses” Uma terceira figura clássica da Medicina antiga é Aristóteles, para quem, o problema do movimento é central, não só no que diz respeito à Física e à Metafísica, como também na análise do corpo humano. Na perspectiva aristotélica, o coração é a sede do movimento do corpo, a parte em que a alma comunica ao organismo a sensibilidade e o próprio movimento, a própria vida. O coração é o que se forma, por primeiro, no embrião, é o princípio da vida no sentido cronológico, lógico e ontológico. Nele, os seres vivos possuem um princípio vital formativo que justifica sua organização.”
Estude e Pesquise mais:
Platão. O Banquete, São Paulo: Abril Cultural, 1993, Coleção Os Pensadores.
Aristóteles. Ética a Nicômaco. São Paulo: Nova Cultural, 1987.
por Francisco Antônio de Andrade Filho
As coisas da vida são irreversíveis. Serão assim com você? Medite.
Toda vez é uma primeira vez. O amado nunca parece um velho conhecido – ainda que seja. A sensação jamais é como as anteriores – mesmo que tenhamos amado muitas vezes [...] Por isso mesmo não há fase da vida para amar mais ou menos, com maior, ou menor intensidade ou verdade. Sempre reservamos, para um amor, para aquele amor, quando ele chega, um trecho de canção nunca ouvida, um pedaço de praia ainda por conhecer (Lya Luft).
Onde está você? Pare e medite o trecho a seguir. E se encontre.
Eu estou aqui, vivo a vida com seus desafios. Eu não sou coitada e nem vítima dessa situação. Eu solto e assumo minha coragem! Assumo minha vontade de ir e a necessidade de elevar me astral. Eu me alegro por falar o que quero. Por expressar meus sentimentos como são. Sim, eu posso me manter tranqüila, deixando que as pessoas cuidem de seus problemas e assumindo os meus. Eu poso me manter tranqüila não esperando nada de ninguém. Porque decido ter humor e não levar as coisas exageradamente a sério. Eu posso agir seriamente e sorrir sempre. Posso rir e jogar fora mágoas, tristezas e desilusões. Hum, que bom jogar fora as deslusões...Mais do que tudo isso, me aceito. Sou assim. Tenho uma série de defeitos e fraquezas. Mas é o que sou, é o jeito que sei fazer. Quero estar bem comigo. Os outros não fazem por mim. Eu me viro e vivo bem. Aconteça o que acontecer, eu me viro e vou arriscar (Gasparetto).
Cante a riqueza de suas emoções durante toda sua existência.
Neste exato momento, você pode começar a se sentir saudável, a se sentir próspero, a sentir o amor que o cerca, mesmo que ele não esteja lá. E então o universo corresponderá à natureza desse sentimento no seu âmago e se manifestará, porque é assim que você se sente (Michael Bernard Beckwith).
As Sábias condutas nos caminhos da vida. São os opostos pulsantes da vida.
Os orientais sabem mais sobre isso do que nós. Sabem que os opostos não são inimigos: são irmãos. Noite e dia, silêncio e música, repouso e movimento, riso e choro, calor e frio, sol e chuva, abraço e separação, chegada e partida: são os postos pulsantes que dão vida à vida. Vida e morte não são inimigas. São irmãs. Chega e despedida... Sem a frase que a encerra a canção não existiria. Sem a morte, a vida também não existiria, pois a vida é, precisamente, uma permanente despedida (Rubem Alves).
por Francisco Antônio de Andrade Filho
Querida Tanita,
Estas flores, à luz do Sol e regadas pelas águas de inverno, brotaram e são como são! Assim, também, você é você, à luz do Sol e regada pelas suas lágrimas de alegria e, às vezes, de tristeza; você é luz do Sol para seus filhos e netos. Eu, tb!
Bjo do seu marido,
Fico.
Aracaju, 9/5/2011
por Francisco Antônio de Andrade Filho

Em busca de saúde ocular, vou ao Centro Médico Prof. José Augusto Barreto – Av. Gonçalo Prado Rollemberg, 211 – Bairro São José – Aracaju/SE. Marco uma consulta com uma profissional de prevenção de doenças oculares e reabilitação visual. Aqui, vejo a luz se acender e brilhar fora e dentro de mim. Enxergo com o corpo e com a alma. Atento, percebo borboletas a se metamorfosearem no Consultório da oftalmologista Ana Cecília. Na sala de espera 709 e no seu Consultório, olho outros objetos, recheados de significados clínicos. Revelam uma forte espiritualidade, alinhada à “medicina de relação”. Demonstram a dimensão holística no cuidado com a saúde de seus pacientes. E sinto-me bem neste recinto, onde escuto músicas clássicas e assisto as borboletas bailando com a orquestra da transformação.
Assim, nessa casa de saúde ocular, ondas sonoras ecoam com instrumentos musicais de Johnn Sebastian Bach - “Eu te pertenço, senhor”. De repetente, observo as Borboletas daquela profissional a brincarem com as coisas da vida. São artistas desta clínica médica. Num jogo de luzes multicores, elas bailam por todos os recantos da sala. Bem mais alegres, escutam o som de outras músicas do mesmo gênero. No movimento dos braços de suas asas, tocam e dançam nas cordas musicais de Carl Orff, Jules Fréderic Massanet e Wolfgang Amadeus Mozart. E com essas bailarinas, descubro os segredos da admirável síntese do divino e da harmonia que reina nesse show musical. Hinos que sobem da humanidade até Deus. Transformam a cegueira em luz visível e de espírito. Atrai saúde para o corpo e a alma.
As borboletas, felizes no seu baile de metamorfose, sobrevoam os diversos objetos postados na sala de espera. Percebem um ambiente de espiritualidade oriental. E lembram a essência de toda vida espiritual que, segundo Dalai-Lama, é [...] a emoção que existe dentro de você, é a sua atitude para com os outros. Se a sua motivação é pura e sincera, todo resto vem por si. Você pode desenvolver essa atitude correta para com seus semelhantes baseando-se na bondade, no amor, no respeito, sobretudo na clara percepção da singularidade de cada ser humano [...].
Curioso, observo mais borboletas. Desta vez, com suas asas, batem palmas com toques de amizade para com as águas de uma fonte, bem iluminada e localizada ao lado da porta do Consultório de Ana Cecília. Sábias, por natureza, elas se entre - olham e perguntam para o universo inteiro: “O Sol e a Terra são fontes de Vida”? E uma delas cochicha ao meu ouvido: “a luz emanada do Sol é simplesmente vida, nos dá energia e força para viver. O Sol ilumina nossa vida emanada de Deus”.
A postura dessas borboletas lembra a beleza das Praias do Litoral brasileiro. Enquanto caminhava nas areias e tomava banho de mar, a oftalmologista me chamou de “Peregrino da Praia de Atalaia”, onde me sinto bem, inserido na Natureza. Trabalho pela sua preservação. Ninguém pode atribuir algum mal a ela, quando na realidade é feito pelo próprio homem. Oferece uma carga nova capaz de renovar desde a menor célula até nosso corpo inteiro. Aqui, com as mesmas borboletas, aquele bater palmas ecoa em suas vidas como ondas sonoras do mar a tocarem nas cordas musicais das areias da praia. Cantamos e dançamos. Águas salgadas a comporem músicas de primeira qualidade. Juntos, praticamos hidroginástica. Cuidamos de nossa saúde.
Nesse clima de felicidade, as borboletas entoam hinos de louvor com palmas de amizade para os pacientes. Revelação do segredo de nascer e viver. Celebração da beleza e da alegria. Cada um de nós sente na pele que “água é vida”. A Natureza sopra ar para seus pulmões, oxigena seu cérebro, massageia sua coluna e navega por todo seu corpo-mente. Inspira e expira. E o sopro divino, diurnamente, entra e sai do seu corpo É a sabedoria divina do oxigênio na Terra. Respira. Vive. E Deus é vida.
Eis que surge uma borboleta muito especial. Ela nos abre a porta do seu Consultório. Borboletas, meditando em silencio, liam bilhetes clínicos com mensagens psicossomáticas. Enquanto isso, Drª Ana Cecília me examinava os olhos. Excelentes biotecnologias à disposição de seus clientes. Ela se veste da ética do biopoder com a saúde do ser humano.
A Borboleta Hortência, filósofa, lembra a dimensão holística de espiritualidade em Platão: “Da mesma forma que não pode curar os olhos sem a cabeça, ou a cabeça sem o corpo, também não se deve tentar curar o corpo sem a alma. Pois a parte nunca pode ficar boa se o todo não estiver bem”.
A Borboleta Orquídea, iluminista francesa, escolheu uma carta: Letre sur les Aveugles à l’Usage de Ceux qui Voient, escrita por Denis Diderot, em 1749 . Nela, o pensador iluminista retrata Saunderson, cego de nascimento, interrogado pelos políticos do seu tempo: - E o que são, em vosso parecer, os olhos? E o cego responde: - São um órgão sobre o qual o ar produz o efeito de minha bengala sobre minha mão […] Isso é tão certo que, quando coloco minha mão entre vossos olhos e um objeto, minha mão vos está presente, porém o objeto vos está ausente. A mesma coisa me acontece, quando procuro uma coisa com minha bengala e encontro uma outra.
Por sua vez, Borboleta Jasmim, doutora em Teologia, indica a leitura e a meditação com a mensagem espiritual do Evangelho de Jesus (Lucas, 18:35-43), curando o mendigo de Jericó.
Aquele filósofo grego, com o olhar da razão, via a totalidade das realidades do cosmos como aquele cego que, pelo ouvido, percebeu “o barulho da multidão que passava” ou pelo tato quando “Jesus parou e mandou que o trouxesse”.
O homem-Deus chamado Jesus, cheio de compaixão e ternura, confiança, doação, enternecimento, conquista a experiência espiritual de sentir-se Filho de Deus, de afeto e de extrema intimidade para com a saúde integral daquele mendigo cego que nesse momento viu seu médico, observou a multidão e as belezas da Natureza. Sua alma não dói mais. Agora, ouvia e via. Sentiu-se feliz e vivo. E enxerga tudo. Que emoções transformadoras de vida. O cego descobriu seu próprio corpo e encontrou o caminho espiritual.
Enquanto isso, a última Borboleta Margarida pensa e curte a mensagem de Rubem Alves: “Afirmar que a vida tem sentido é propor a fantástica hipótese de que o universo vibra com nossos sentimentos, sofre a dor dos torturados, chora a lágrima dos abandonados, sorri com as crianças que brincam. Tudo está ligado. Convicção de que, por detrás das coisas visíveis, há um rosto invisível que sorri, presença amiga, braços que abraçam, como na famosa tela de Salvador Dali. E é essa crença que explica os sacrifícios que se oferecem nos altares e as preces que se balbuciam na solidão”.
Nesse espaço agradável, descobri a dimensão holística da espiritualidade profissional vivida pela Drª Ana Cecília. Exprime a ética do cuidado para com a saúde integral do homem. É artista clínica, capaz de ver nos seres da natureza e das culturas, do corpo e da alma como as maiores riquezas da saúde do espírito do homem. É sua espiritualidade, sua transformação interior.
E mais. Filósofo, testemunho que o olhar dessa profissional - enquanto examinava os meus olhos de 72 anos -, se envolvia com questões existenciais: a dor e o sofrimento humanos não apenas dor física, mas a mental, social e espiritual. O ser humano como um todo, um nó de relações. É corpo. É alma. É profissional. Ama e sofre. É a mulher-Médica. Oftalmologista, ela diagnostica bem com as biotecnologias disponíveis em seu Consultório.
Fiquei curado por Ana Cecília e suas borboletas. Seres inteligentes esses, capazes de transformar a doença em saúde. E Enxergo bem melhor a escrita de Hipócrates: “Penso que o melhor médico, é aquele que tem a sabedoria de falar com os pacientes, segundo o seu conhecimento, da situação do momento; do que aconteceu antes e do que acontecerá no futuro”.
Para não concluir, provoco um debate com os visitantes de meu site, nestes termos: É necessário um novo modelo de empresa terapêutica, uma “medicina de relação”, antes da medicina de órgãos, que recupere a totalidade do ser humano e considere o paciente como pessoa na unidade de todas as suas dimensões. É nesta “aliança terapêutica” entre profissionais de saúde e pacientes, que pode animar uma nova cultura da saúde que evite a “coisificação” dos enfermos e a perda da humanidade na arte clínica.
por Francisco Antônio de Andrade Filho
Ainda que possam encontrar sensíveis diferenças e até oposições entre autores como Hobbes, Locke, Kant, Rousseau, inclusive o próprio Hegel, todos eles, ao procurarem explicar o surgimento da sociedade atual, partem da mesma dicotomia: estado de natureza versus estado de sociedade. Para eles, em geral, a origem do Estado e/ou da sociedade está num contrato: os homens viveriam naturalmente, sem poder e sem organização que somente surgiriam depois de um pacto firmado por eles, estabelecendo as regras do convívio social e de subordinação política.
No modelo jusnaturalista e de toda uma tradição justificadora do poder, o Estado é a antítese do estado de natureza3 da “societas naturalis” constituída por indivíduos hipoteticamente livres e iguais. O homem encontrava-se numa situação primitiva, regido unicamente por leis naturais, sem autoridade, sem governo e sem outras normas que aquelas ditadas pela satisfação das necessidades imediatas.
No entanto, surgem inúmeros conflitos que ameaçavam a paz, a segurança, a liberdade e a propriedade dos indivíduos que viviam nesse estado, tornaram imperioso o estabelecimento de um pacto pelo qual, alienando cada um a sua liberdade irrestrita, criava-se um conjunto de instrumentos capazes de impedir a guerra generalizada, e garantir de forma mais adequada os interesses de cada um. Surgia assim o Estado, com seu aparato jurídico, político e administrativo, oriundo do consenso dos indivíduos e com a finalidade bem definida de assegurar o livre exercício dos direitos naturais desses mesmos indivíduos.
Assim, por exemplo, o estado de natureza, segundo Hobbes, é a guerra de todos contra todos, uma guerra que é de todos os homens contra todos os homens. E mais, pensa Hobbes, assim:
“Toda sociedade civil é exatamente esta guerra (do homem contra os homens), um contra o outro, de todos os indivíduos, agora isolados um do outro apenas pela sua individualidade, e é o movimento geral, desenfreado, das potências elementares da vida livre das cadeias de privilégios”.
Deste modo, passavam os homens, do estado de natureza para o estado da sociedade. Não importa aqui o fato de que cada autor interpreta de forma diferente tanto o estado de natureza, quanto as etapas de constituição e o sentido positivo ou negativo do estado de sociedade. Importa o reconhecimento de que, como diz Kant:
“o homem deve sair do estado de natureza, no qual cada um segue os caprichos da própria fantasia, para unir-se com todos os outros... e submeter-se a uma pressão externa publicamente legal...,quer dizer, que cada um deve, antes de qualquer outra coisa, entrar num estado civil.”
Sociedade civil, portanto, aqui se opõe a sociedade natural, recobrindo tanto o conteúdo da sociedade política, isto é, um estado regido por normas às quais todos se submetem voluntariamente e no qual existem determinadas instituições encarregadas de velar pelo seu cumprimento.
Com Hegel o conceito de sociedade civil sofre uma grande modificação. Segundo ele, equivocam-se os jusnaturalistas ao verem no Estado o resultado do consenso dos indivíduos. Pelo contrário, o Estado é o momento superior de racionalidade, que se impõe mesmo contra a vontade dos indivíduos, porque só ele pode fazer ascender a massa informe e anárquica da sociedade civil a um nível superior de existência que é a sociedade política, ou Estado.
Para Hegel, a sociedade civil (Bürgerlíche Gessollchfat) é o momento que sucede à família como lugar de satisfação das necessidades. Da dissolução da unidade familiar surgem as classes sociais e a multiplicidade de oposições entre diferentes grupos, todos eles tendo por base os interesses econômicos. Na medida em que cada um desses grupos tem por objetivo principal a defesa dos seus interesses, a tendência é estabelecer-se uma anarquia generalizada, um bellum omnium contra omnes, que põe em perigo a própria sobrevivência da sociedade. A necessidade do Estado como princípio superior de ordenamento racional põe-se exatamente porque a sociedade civil, por si mesma, não tem condições de superar este estado de anarquia. Observa Marcuse:
“... a sociedade civil se integra com o Estado. Hegel discute a forma política desta sociedade sob a tutela da ‘Constituição’. A lei (gelsetz) transforma a totalidade cega das relações de troca na máquina conscientemente regulada pelo estado...”.
O Estado representa, pois, um momento superior da existência social - ...a totalidade desenvolvida em si desta conexão é o Estado, como sociedade civil, ou como Estado externo – uma que nele o interesse geral prevalece sobre os interesses particulares. O Estado é a substância ética consciente de si, a reunião do princípio da família e da sociedade civil. Esta é a tese básica de Hegel: não é a sociedade civil que funda o Estado, mas é o Estado que funda a sociedade civil, porém agora como a sociedade política regida pelo princípio da universalidade.
Hegel concebe o Estado como fim-imanente e coloca a sociedade, numa relação de subordinação e dependência em relação a ele. A sociedade civil e a família aparecem, em Hegel, como fundo natural em que se ascende a luz do Estado, um Estado como totalidade ideal, infinito, auto-suficiente; enquanto isso, a sociedade civil aparece como a finitude do Estado, não como finitude real a ser mediada, mas como finitude da idéia, ideell, em oposição ao momento da objetividade, des objekts, presente no Estado. Como reino da necessidade e do entendimento, na sociedade civil, os indivíduos acreditam realizar sua liberdade individual e subjetiva; trabalham, trocam, celebram contratos, mas de tal maneira que supõem trabalhar, produzir e trocar por conta própria, como se a vontade individual fosse a vontade racional em si e por si.
Esse conceito de sociedade civil em Hegel, momento de formação do Estado, vai ser invertido na interpretação de Marx, onde a sociedade civil passa a significar o conjunto das relações inter-individuais que estão fora ou antes do Estado, e ainda, como o conjunto das relações econômicas constitutivas de base material. É o que tentaremos fazer a seguir, confrontando Marx com Hegel.
Notas:
1. HOBBES, Leviatã, cap. XIII, 74 p.
2. Ibidem, p.76.
3. Recomenda-se a leitura de MARCUSE, H. Op. cit. 1a Parte Os fundamentos da filosofia de Hegel. 17-228, p.
4. Tentamos aqui nos aproximar do termo “conceito” no sentido hegeliano, como natureza ou essência do objeto em questão e sua realização efetiva na existência concreta. O conceito, então, representa, na visão de Hegel, a forma real do objeto, pois o concreto nos revela a verdade sobre o processo que, no mundo objetivo, é cego e contingente. N‘A Ciência da Lógica, Hegel designa o conceito como a unidade do universal e do particular, e como o reino da subjetividade e da liberdade.
5. Sugere-se a leitura de MARCUSE, H. Estudo sobre a autoridade e a família, in Idéias sobre uma Teoria crítica da sociedade, tradução de Fausto Guimarães, Rio: Zahar,1972. 99-114 p.
6. MARCUSE, H. Razão e ...85 p. Grifos meus.
7. Tentamos aqui nos aproximar do termo “conceito” no sentido hegeliano, como natureza ou essência do objeto em questão e sua realização efetiva na existência concreta. O conceito, então, representa, na visão de Hegel, a forma real do objeto, pois o concreto nos revela a verdade sobre o processo que, no mundo objetivo, é cego e contingente. N‘A Ciência da Lógica, Hegel designa o conceito como a unidade do universal e do particular, e como o reino da subjetividade e da liberdade.
8. Sugere-se a leitura de MARCUSE, H. Estudo sobre a autoridade e a família, in Idéias sobre uma Teoria crítica da sociedade, tradução de Fausto Guimarães, Rio: Zahar,1972. 99-114 p.
9. MARCUSE, H. Razão e ...85 p. Grifos meus.
Referências Bibliográficas
BOBBIO, N. O Conceito de Sociedade Civil, Rio: Graal, s/d
BOBBIO, N. Estado, governo, sociedade – para uma teoria geral da política. 2a edição. Rio: Paz e Terra, 1987, 39-52 p
BOBBIO, N. Dicionário de Política, 2a edição. Brasília: UnB, 1986.
CHASIN, J. Democracia Política e Emancipação Humana in Ensaio, no 13, São Paulo: Ensaio, 1984.
LUKÁCS, G. Ontologia do Ser Social – a falsa e a verdadeira ontologia de Hegel. São Paulo: Livraria de Ciências Humanas, 1979.
MARCUSE, H. Razão e Revolução, tradução de Marília Barroso. 2ª edição, Rio: Paz e Terra, 1978
MARX, K. e ENGELS. Obras Escolhidas , tradução de Álvaro Pina. Lisboa: Edições Avante, 1982. vol. I, 530 p.
MARX, K. A Questão Judaica. São Paulo: Editora Moraes, s/d. 28 p.MARX, K. A Ideologia alemã, 4a edição. São Paulo: HUCITEC, 1984.
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