por Francisco Antônio de Andrade Filho
Mais um convite ao diálogo de estudos e pesquisas em Filosofia integrada com a Teologia. Aqui, em negrito, provoco o debate com meus amigos internautas. Estaríamos no Ágora da liberdade de pensar assim? De falso moralismo ou de verdades de Filosofia e Teologia políticas?
Até onde vai o desrespeito ao Homem e à Natureza, criados à imagem e semelhança de Deus? Leonardo Boff abre o diálogo filosófico-teológico, nestes termos:
“Sabemos que uma sociedade só se constrói e dá um salto para relações minimamente humanas quando instaura o respeito de uns para com os outros. O respeito, como o mostrou bem Winnicott, nasce no seio da família, especialmente da figura do pai, responsável pela passagem do mundo do eu para o mundo dos outros que emergem como o primeiro limite a ser respeitado. Um dos critérios de uma cultura é o grau de respeito e de auto-limitação que seus membros se impõem e observam. Surge, então, a justa medida, sinônimo de justiça. Rompidos os limites, vigora o desrespeito e a imposição sobre os demais. Respeito supõe reconhecer o outro como outro e seu valor intrínseco seja pessoas ou qualquer outro ser (Leonardo Boff).
Citando o médico e teólogo, Albert Schweitzer (1875-1965), Boff confirma:
"O que precisamos não é enviar para lá missionários que queiram converter os africanos, mas pessoas que se disponham a fazer para os pobres o que deve ser feito, caso o Sermão da Montanha e as palavras de Jesus possuam algum sentido. O que importa mesmo é, tornar-se um simples ser humano que, no espírito de Jesus, faz alguma coisa, por pequena que seja”.
No meio de seus afazeres de médico, encontrou tempo para escrever. Seu principal livro é: "Respeito diante da vida”, que ele colocou como o eixo articulador de toda ética. "O bem”, diz ele, "consiste em respeitar, conservar e elevar a vida até o seu máximo valor; o mal, em desrespeitar, destruir e impedir a vida de se desenvolver”. E conclui: "quando o ser humano aprender a respeitar até o menor ser da criação, seja animal ou vegetal, ninguém precisará ensiná-lo a amar seu semelhante; a grande tragédia da vida é o que morre dentro do homem enquanto ele vive” (Boff).
E existem outros caminhos de se crer em Deus? Crimes políticos e econômicos de religiões organizadas são práticas de Jesus há dois mil e dez anos e de outros poderes sacros nos dias de hoje? Assim, quando é quando é possível buscar Deus sem religião?
“A raça humana experimentou uma longa história de matança por causa dos interesses políticos e econômicos de religiões organizadas. O uso de Deus para santificar conflitos sobre a terra e a soberania, que começaram em tempos bíblicos, continuou com a conquista da Arábia por Maomé, a invasão de Genghis Klan da Magnólia, as Cruzadas, a Inquisição, as guerras Francesas de Religião e a fixação da América colonial. Desde então, os monarcas, os generais e os papas, perdoaram a brutalidade por meio de decreto divino, se servisse aos seus interesses. Também, líderes religiosos rezaram pela vitória militar e raramente defenderam a nocividade social da guerra interrogativa, enquanto casas de adoração, antecipando recompensas financeiras do conflito armado, falaram repetidamente em promover benevolência e paz na Terra. Orientada por ambições políticas e econômicas, as religiões organizadas continuam subvertendo os princípios éticos e defendendo a violência em nome de Deus-uma contradição óbvia” (Sankara Saranam).