por Francisco Antônio de Andrade Filho

Em busca de saúde ocular, vou ao Centro Médico Prof. José Augusto Barreto – Av. Gonçalo Prado Rollemberg, 211 – Bairro São José – Aracaju/SE. Marco uma consulta com uma profissional de prevenção de doenças oculares e reabilitação visual. Aqui, vejo a luz se acender e brilhar fora e dentro de mim. Enxergo com o corpo e com a alma. Atento, percebo borboletas a se metamorfosearem no Consultório da oftalmologista Ana Cecília. Na sala de espera 709 e no seu Consultório, olho outros objetos, recheados de significados clínicos. Revelam uma forte espiritualidade, alinhada à “medicina de relação”. Demonstram a dimensão holística no cuidado com a saúde de seus pacientes. E sinto-me bem neste recinto, onde escuto músicas clássicas e assisto as borboletas bailando com a orquestra da transformação.
Assim, nessa casa de saúde ocular, ondas sonoras ecoam com instrumentos musicais de Johnn Sebastian Bach - “Eu te pertenço, senhor”. De repetente, observo as Borboletas daquela profissional a brincarem com as coisas da vida. São artistas desta clínica médica. Num jogo de luzes multicores, elas bailam por todos os recantos da sala. Bem mais alegres, escutam o som de outras músicas do mesmo gênero. No movimento dos braços de suas asas, tocam e dançam nas cordas musicais de Carl Orff, Jules Fréderic Massanet e Wolfgang Amadeus Mozart. E com essas bailarinas, descubro os segredos da admirável síntese do divino e da harmonia que reina nesse show musical. Hinos que sobem da humanidade até Deus. Transformam a cegueira em luz visível e de espírito. Atrai saúde para o corpo e a alma.
As borboletas, felizes no seu baile de metamorfose, sobrevoam os diversos objetos postados na sala de espera. Percebem um ambiente de espiritualidade oriental. E lembram a essência de toda vida espiritual que, segundo Dalai-Lama, é [...] a emoção que existe dentro de você, é a sua atitude para com os outros. Se a sua motivação é pura e sincera, todo resto vem por si. Você pode desenvolver essa atitude correta para com seus semelhantes baseando-se na bondade, no amor, no respeito, sobretudo na clara percepção da singularidade de cada ser humano [...].
Curioso, observo mais borboletas. Desta vez, com suas asas, batem palmas com toques de amizade para com as águas de uma fonte, bem iluminada e localizada ao lado da porta do Consultório de Ana Cecília. Sábias, por natureza, elas se entre - olham e perguntam para o universo inteiro: “O Sol e a Terra são fontes de Vida”? E uma delas cochicha ao meu ouvido: “a luz emanada do Sol é simplesmente vida, nos dá energia e força para viver. O Sol ilumina nossa vida emanada de Deus”.
A postura dessas borboletas lembra a beleza das Praias do Litoral brasileiro. Enquanto caminhava nas areias e tomava banho de mar, a oftalmologista me chamou de “Peregrino da Praia de Atalaia”, onde me sinto bem, inserido na Natureza. Trabalho pela sua preservação. Ninguém pode atribuir algum mal a ela, quando na realidade é feito pelo próprio homem. Oferece uma carga nova capaz de renovar desde a menor célula até nosso corpo inteiro. Aqui, com as mesmas borboletas, aquele bater palmas ecoa em suas vidas como ondas sonoras do mar a tocarem nas cordas musicais das areias da praia. Cantamos e dançamos. Águas salgadas a comporem músicas de primeira qualidade. Juntos, praticamos hidroginástica. Cuidamos de nossa saúde.
Nesse clima de felicidade, as borboletas entoam hinos de louvor com palmas de amizade para os pacientes. Revelação do segredo de nascer e viver. Celebração da beleza e da alegria. Cada um de nós sente na pele que “água é vida”. A Natureza sopra ar para seus pulmões, oxigena seu cérebro, massageia sua coluna e navega por todo seu corpo-mente. Inspira e expira. E o sopro divino, diurnamente, entra e sai do seu corpo É a sabedoria divina do oxigênio na Terra. Respira. Vive. E Deus é vida.
Eis que surge uma borboleta muito especial. Ela nos abre a porta do seu Consultório. Borboletas, meditando em silencio, liam bilhetes clínicos com mensagens psicossomáticas. Enquanto isso, Drª Ana Cecília me examinava os olhos. Excelentes biotecnologias à disposição de seus clientes. Ela se veste da ética do biopoder com a saúde do ser humano.
A Borboleta Hortência, filósofa, lembra a dimensão holística de espiritualidade em Platão: “Da mesma forma que não pode curar os olhos sem a cabeça, ou a cabeça sem o corpo, também não se deve tentar curar o corpo sem a alma. Pois a parte nunca pode ficar boa se o todo não estiver bem”.
A Borboleta Orquídea, iluminista francesa, escolheu uma carta: Letre sur les Aveugles à l’Usage de Ceux qui Voient, escrita por Denis Diderot, em 1749 . Nela, o pensador iluminista retrata Saunderson, cego de nascimento, interrogado pelos políticos do seu tempo: - E o que são, em vosso parecer, os olhos? E o cego responde: - São um órgão sobre o qual o ar produz o efeito de minha bengala sobre minha mão […] Isso é tão certo que, quando coloco minha mão entre vossos olhos e um objeto, minha mão vos está presente, porém o objeto vos está ausente. A mesma coisa me acontece, quando procuro uma coisa com minha bengala e encontro uma outra.
Por sua vez, Borboleta Jasmim, doutora em Teologia, indica a leitura e a meditação com a mensagem espiritual do Evangelho de Jesus (Lucas, 18:35-43), curando o mendigo de Jericó.
Aquele filósofo grego, com o olhar da razão, via a totalidade das realidades do cosmos como aquele cego que, pelo ouvido, percebeu “o barulho da multidão que passava” ou pelo tato quando “Jesus parou e mandou que o trouxesse”.
O homem-Deus chamado Jesus, cheio de compaixão e ternura, confiança, doação, enternecimento, conquista a experiência espiritual de sentir-se Filho de Deus, de afeto e de extrema intimidade para com a saúde integral daquele mendigo cego que nesse momento viu seu médico, observou a multidão e as belezas da Natureza. Sua alma não dói mais. Agora, ouvia e via. Sentiu-se feliz e vivo. E enxerga tudo. Que emoções transformadoras de vida. O cego descobriu seu próprio corpo e encontrou o caminho espiritual.
Enquanto isso, a última Borboleta Margarida pensa e curte a mensagem de Rubem Alves: “Afirmar que a vida tem sentido é propor a fantástica hipótese de que o universo vibra com nossos sentimentos, sofre a dor dos torturados, chora a lágrima dos abandonados, sorri com as crianças que brincam. Tudo está ligado. Convicção de que, por detrás das coisas visíveis, há um rosto invisível que sorri, presença amiga, braços que abraçam, como na famosa tela de Salvador Dali. E é essa crença que explica os sacrifícios que se oferecem nos altares e as preces que se balbuciam na solidão”.
Nesse espaço agradável, descobri a dimensão holística da espiritualidade profissional vivida pela Drª Ana Cecília. Exprime a ética do cuidado para com a saúde integral do homem. É artista clínica, capaz de ver nos seres da natureza e das culturas, do corpo e da alma como as maiores riquezas da saúde do espírito do homem. É sua espiritualidade, sua transformação interior.
E mais. Filósofo, testemunho que o olhar dessa profissional - enquanto examinava os meus olhos de 72 anos -, se envolvia com questões existenciais: a dor e o sofrimento humanos não apenas dor física, mas a mental, social e espiritual. O ser humano como um todo, um nó de relações. É corpo. É alma. É profissional. Ama e sofre. É a mulher-Médica. Oftalmologista, ela diagnostica bem com as biotecnologias disponíveis em seu Consultório.
Fiquei curado por Ana Cecília e suas borboletas. Seres inteligentes esses, capazes de transformar a doença em saúde. E Enxergo bem melhor a escrita de Hipócrates: “Penso que o melhor médico, é aquele que tem a sabedoria de falar com os pacientes, segundo o seu conhecimento, da situação do momento; do que aconteceu antes e do que acontecerá no futuro”.
Para não concluir, provoco um debate com os visitantes de meu site, nestes termos: É necessário um novo modelo de empresa terapêutica, uma “medicina de relação”, antes da medicina de órgãos, que recupere a totalidade do ser humano e considere o paciente como pessoa na unidade de todas as suas dimensões. É nesta “aliança terapêutica” entre profissionais de saúde e pacientes, que pode animar uma nova cultura da saúde que evite a “coisificação” dos enfermos e a perda da humanidade na arte clínica.
4 comentários
QUALQUER SER HUMANO, ACREDITO QUE ATÉ OS MENOS SENSÍVEIS, RECONHECE O SER ESPECIAL QUE HABITA EM ANA CECÍLIA. UM ÚNICO OLHAR, UM GESTO, JÁ DIZ TUDO. PARABÉNS PELO SEU BELÍSSIMO BAILE DE BORBOLETAS. COMUNGO COM VOCÊ ESSE SENTIMENTO QUANDO VOU ÀQUELE CONSULTÓRIO. ALIÁS, NÃO SÓ EU, MINHA FILHA TAMBÉM, QUE AO SAIR DA CONSULTA UM DIA, VIROU PARA MIM É PERGUNTOU: "MÃE, ELA É MÉDICA OU BRUXA-BOA?".
by Anonymous on 1 de maio de 2011 às 19:33. #
Nem todos têm o talento com as palavras como o Filósofo Francisco. Certamente, um texto que representa o sentimento de muitos pacientes-amigos da Drª Ana Cecília. Sensível, amiga, enxerga o paciente como um todo. Igual não existe.
by Alessandra Marques on 2 de maio de 2011 às 19:10. #
Alessandra Marques,
Deveras emocionado, agradeço-lhe as palavras de carinho. Você, a seu modo, é também essa Borboleta inteligente, hábil designer, capaz de transformar seu trabalho num baile de transformação na alegria de brincar, sorrir e viver. Você descobriu o ladoludens.com.br. E o Bartolomeo desperta no homem e na mulher, a arte de saber viver feliz.
by Francisco Andrade on 3 de maio de 2011 às 04:21. #
Que lindo texto, professor!!! Nossa!! Gostei demais. Como é bom ir a um consultório assim, com um médico assim.
Professor, eu gosto muito da história do Cego de Jericó. Aliás, a música que eu não me canso de ouvir chama-se "Amazing Grace" . Ela foi escrita por Jonh Newton, um navegador, comerciante de escravos, que uma noite, teve o seu navio agredido por uma terrível tempestade. Foi tão severa que ele ficou assustado o suficiente para clamar por Deus. O fato determinou uma mudança de vida para ele. A letra faz referência, também ao episódio de cura do cego em Jericó:
"Por muitos perigos, labutas e armadilhas,eu já passei, mas a graça de Jesus me trouxe seguro, e me conduziu ao lar. Eu me encontrei. "
Ele termina dizendo:" I was blind but now I see"
" Eu era cego, mas agora vejo".
Jesus, usava o toque para curar os enfermos. E curá-los integralmente.
Também, muitos profissionais de medicina, precisam, ter seus olhos abertos para exercerem uma medicina da relação e não só de órgãos.
by Rosilda on 4 de maio de 2011 às 07:59. #