Francisco Antônio de Andrade Filho
Dedico o presente diálogo filosófico, ao Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Discurso esse, extenso a todos os que apóiam e vibram com o maior estadista popular do Brasil. Ouvido e reconhecido por líderes políticos e seu povo, Lula se revela hábil em seus projetos de emancipação humana. Primazia do trabalho sobre o capital? Ou vice-verso, o capital sobre o trabalho?
A postura corajosa e vivida do “esse é o cara, adoro esse cara, o político mais popular da Terra” – elogio de Barack Obama no G-20 -, é resultado das sábias palavras de Lula: “Penso que é inexorável, vamos ter uma nova ordem econômica mundial. Porque todos se deram conta de que não é possível coexistir uma política de desenvolvimento produtiva, que precisa gerar empregos, com uma política financeira vivendo de especulação”
E sobre o capitalismo brasileiro, reafirma a importância de seus projetos políticos no bom combate às restrições das liberdades políticas e econômicas, nestes termos: “Descobri, junto a milhões de outros trabalhadores, que não bastava reivindicar melhores salários e condições de trabalho. Era fundamental lutar pela cidadania e por uma profunda reorganização econômica e social do Brasil”.
Pelo exposto nessa conversa escrita, percebo expressões de dois projetos políticos, impregnados de emancipação humana nos pronunciamentos e práticas do atual Presidente do Brasil. Nessa linha, indico aqui, alguns tópicos para um novo diálogo filosófico com os comentaristas desta página, a seguir.
I. Existem no interior do mundo moderno, dois projetos. O projeto de emancipação política mediada pela democracia, mas intrinsecamente limitado e parcial. De outro, o projeto de emancipação humano-social, regido pelo trabalho, que abre horizontes ilimitados.
II. Dois projetos humanos que expressam uma nova postura dos dias de hoje, relação entre o homem e as realidades existenciais; do ser histórico produzido pela sociedade. De tempos modernos da atividade humana; da consciência de sua capacidade de conhecer, preservar e transformar a natureza e a sociedade. De o homem mudar suas condições de vida e situar-se de modo diferente nas relações sociais.
III. Dentro do processo econômico e político da história humana, o capitalismo viu abertas diante de si, as portas para um desenvolvimento extraordinário das forças produtivas e para a configuração de uma ordem social à sua imagem e semelhança. Contudo, isto significou - como foi muito bem expresso pelo lema positivista “ordem e progresso” -, que o desenvolvimento da humanidade, daí para diante, se faria tendo por base a propriedade privada e, portanto, a continuidade da exploração do homem pelo homem.
IV. Enquanto isso, o pleno desenvolvimento do mundo moderno seria, todavia, a superação do mundo regido pelo capital e sua substituição por um mundo regido pelo trabalho, ou seja, pela associação de homens livres que trabalham para viver e não vivem para trabalhar. E com isso, o homem se realizará.
V. Isso está ainda para acontecer. O chamado primeiro mundo – hoje o G-8 – é conservador, reacionário. Representa a decadência – lógica do projeto do capitalismo selvagem -, a ganância do lucro em detrimento da riqueza social. Nesse sistema, ainda não se constituiu uma forma de sociabilidade, onde o desenvolvimento das forças produtivas não atendeu as necessidades de todos, nem o trabalho chegou a ser um processo social para o uso comum dos bens.
VI. A emancipação humano-social será possível. Isso acontecerá com a destinação originária de todos os bens e produtos do trabalho humano para a felicidade de todos. Será o tempo em que os homens construirão uma forma de sociabilidade, capaz de superar o capital, a propriedade não-social e o Estado.
E o homem conquistará a sua Humanidade.