A Perda da Subjetividade Humana ao Longo da História
by Francisco on quarta-feira, 29 de abril de 2009
André Antoninho Führ
Li com atenção, o artigo "Missa de Ação de Graças Pelo Golpe Militar de 1964 – Parte I". Escrito por Francisco Antônio de Andrade Filho em http://www.orecado.org tomei a decisão de refletir sobre a história e sobre a perda da subjetividade humana ao longo da história haja visto que o golpe militar representou um dos maiores marcos da perda do individualismo e da sujeição do individuo aos interesses privados.
Não se pode negar, a história não é o que nela está escrito. Não existem borrachas ou panos capazes de limpar o sangue derramado ou silêncio daqueles, em cujo cálice escorria. Porém, para se compreender, faz necessário ir as suas raízes mais profundas; e ao que me parece, essas só podem ser encontradas na natureza do jogo político.
Segundo Hegel, é no cristianismo que encontramos a primeira visão de individualismo e de liberdade subjetiva, a primeira vista nós parece um tanto contraditório, pois a democrática ou o chamado governo do povo nasce na Grécia quando os cidadãos se reúnem em praça publica para debaterem os interesses da polis. Porém se olharmos mais a fundo veremos as contradições existentes no próprio sistema.
De um lado, é preciso levar em conta que, nem todos eram considerados cidadãos. Apenas uma pequena parte da polis, ou seja, o governo do povo pertencia a uma pequena camada. Enquanto isso, a grande massa responsável pela manutenção do Estado, era excluída das decisões do próprio governo que ajudava a manter com sua força física.
Além disso, as decisões - tomadas em praça publica pelos cidadãos-, não constituem a vontade subjetiva do individuo e sim a vontade coletiva, ou seja, o individuo abre mão de sua subjetividade em favor do coletivo. Podemos ver com mais clareza a perda da subjetividade humana na filosofia Aristotélica onde a vida dos cidadãos estava voltada para a cidade suas escolhas e decisões deviam levar sempre em conta o interesse da comunidade até a escolha da profissão se pautava pelo bem estar da comunidade.
Com o nascimento do cristianismo, a subjetividade humana começa a se contrapor ao bem estar do estado. Pois, as ações do sujeito não visam mais o coletivo e sim o seu próprio bem; pois para ele, cada pessoa é responsável por seus atos e por sua própria salvação. Não existe mais a visão coletiva, mas sim a subjetiva. Todos os indivíduos são iguais diante de Deus. A pirâmide de classes cai por terra.
Os romanos ao perceberem os perigos dessa nova concepção para os interesses do estado resolveram introduzir um novo sistema a propriedade privada cada cidadão pode ser dono dos bens que assim conseguir adquirir com sua força.Porém mais uma vez devemos nós perguntar a quem o titulo de cidadão era atribuído e a quem era possível alcançar o titulo de proprietário. Mais uma vez o individuo perde a sua subjetividade se tornando vitima do capital.
Mais tarde, fundamentado nessas raízes, surge o capitalismo como forma de manter o equilíbrio e de proporcionar essa suposta liberdade aos indivíduos, quando os indivíduos percebem que na verdade o capitalismo os aprisionou e retirou de vez a sua subjetividade surge um movimento de libertação que mais tarde comina no comunismo.
Ficha Falsa na Folha: Uma Camuflagem do Golpe 1964
by Francisco on segunda-feira, 27 de abril de 2009
Francisco Antônio de Andrade Filho
Foi no dia 5 de abril de 2009. A Folha de São Paulo revela-se perversa na reprodução da ficha falsa e manipulada sobre ministra da Casa Civil. A elite do PIG se esconde na ideologia da segurança nacional. Repete sua função falseadora durante a Ditadura do Golpe Militar de 1964. São páginas ensopadas de sangue e, à luz daquela ideologia, reproduzidas nos dias de hoje. É uma criminosa camuflagem descarada. E vejo a vergonhosa e extravagante manchete: ''Grupo de Dilma Planejou Seqüestro de Delfim Neto''.
Em reação contra a postura da Folha, os blogs, Desabafo e Dilma Presidente, entre outros milhares de amigos da Blogosfera, postaram excelentes matérias em defesa da verdade. De minha parte, participo na busca da mesma realidade com a reflexão a seguir e em homenagem a Dilma Rousseff.
E indago: é possível perceber a postura da Folha de São Paulo, inserida na ideologia da segurança nacional? Sua falsa ficha seria uma camuflagem do Golpe de 1964? Estaria ela com saudade das torturas e mortes dos defensores da Democracia contra a Ditadura Militar daqueles anos escuros (1964/1985)?
Sim. Um dos aspectos de natureza intrínseca de ideologia é a relação “ideologia-consciência.” De um lado, a base material da consciência e, por outro, a natureza falseadora ou ideologia como inversão da realidade, características da representação ideológica.
A ideologia é a inversão deformadora da realidade. Ela afirma e nega; expressa verdade das realidades numa imagem invertida. Ela as oculta, oferecendo aos homens uma representação mistificada do sistema social, para mantê-los em seu “lugar” no sistema de exploração de uns pelos outros. Necessariamente deformante e mistificadora numa sociedade de classe, a ideologia é produzida como tal ao mesmo tempo pela opacidade da determinação pela estrutura e pela existência da divisão de classes.
Nessa linha, e de modo resumido, através da imprensa, ocorre um processo ideologicamente em dois níveis. Enquanto processo ideológico, a “Falsa Ficha na Folha”, transmite e reproduz conteúdos culturais da República Militar, impondo-os aos sujeitos das classes dominadas. Além disso, cria nelas, a necessidade de aceitar a ação pedagógica da cultura dominante. Inculca uma educação que orienta suas ações.
Entrementes, esse sistema de pensamento objetiva camuflar através do discurso articulado, as reais relações de violência material e de violência simbólica. É o pensamento pedagógico da ditabranda, tentando mostrar sua autonomia e justificar sua validade.
Na camuflagem da “Falsa Ficha na Folha”, verificam-se as barbaridades do Golpe – 1964/1985. Constata-se a vivificação da Ideologia de Segurança Nacional naqueles tempos. Confirmam-nos, também, as sábias palavras da Dilma nestes últimos dias contra o agir falseador dos redatores do referido órgão da Imprensa.
Ela disse: ''A ficha é falsa, é uma montagem. (...) 'Eu nunca militei em São Paulo nesse período que eles relatam na ficha. Eu morava em Minas (...) 'Não é possível supor que se dialogue no choque elétrico, no pau-de-arara. Qualquer comparação entre a ditadura militar e a democracia brasileira só pode partir de quem não dá valor à democracia (...) a minha situação fica bastante desagradável para aqueles que defendem ou que houve ditadura branda no Brasil ou que no Brasil havia uma regularidade, naquele período, democrática. Nem uma coisa nem outra. Naquela época se torturava; se matou; se prendeu''.
E em resposta ao José Agripino Maia (DEM-RN), no Senado, a ministra da casa civil enfatizou: “Eu fui barbaramente torturada, senador. Qualquer pessoa que ousar falar a verdade para os torturadores, entrega os seus iguais. Eu me orgulho muito de ter mentido na tortura, Senador.”
Folha de São Paulo – bem atenta às conquistas da democracia brasileira –, não camufle mais o golpe militar. Longe de nós, a ficha falsa contra os valores democráticos da Mãe do PAC. A verdade sempre se aflora. A mentira tem pernas curtas e queima logo as folhas do PIG Todavia, proclame a verdade em benefício de todo povo brasileiro, seus projetos políticos, entre outros, da “Minha Casa, Minha Vida”.
Registre nos Cadernos da Folha, as virtudes desta mulher, nesta meditação: o que mais nos interessa na Dilma Rousseff é a beleza de seu espírito. Se ela, depois da cirurgia plástica, continua bonita, é porque essa beleza já existe dentro dela. Da sua alma, flui uma nova roupagem do belo num corpo saudável. A “Mãe do PAC” é mais bela ainda, de corpo e alma, com a prática das seguintes virtudes: autoconfiança, generosidade, conduta ética, tolerância, espírito alegre, concentração e sabedoria.
Confiantes nesses traços de beleza, os leitores sentir-se-ão bem em casa com a vitória da primeira mulher presidente do Brasil 2010. O brilho de sua beleza imprimirá uma direção de vida do povo brasileiro. Qual bússola, o belo de seu corpo e de sua alma, apontará os caminhos de um País cada vez mais independente e soberano.
Natureza Humana e Sua Relação com o Estado em Maquiavel [parte I]
by Francisco on domingo, 26 de abril de 2009
André Antoninho Führ
Podemos compreender a filosofia política de Maquiavel, a partir de seu rompimento com a visão antiga de homem e de sistema político centrado nos conceitos do cristianismo. Maquiavel não só revela o erro dessa visão ingênua, como coloca em xeque o conceito de natureza humana, demonstrado a verdadeira raiz dos problemas da vida social e da instauração política.
Maquiavel critica a visão antiga na qual o homem seria um ser inclinado para vida social revelando não só que o homem não é um ser político por natureza, como afirmando que a vida social só pode ser pensada se estes forem submetidos a ela ao contrário do que diziam seus antecessores quando afirmavam que o homem seria um ser inclinado para vida em sociedade. Demonstrando a verdadeira natureza humana inclinada para o mal.
Maquiavel busca compreender a ação política, ao extrair dela, regras que possam ser seguidas. Isso significa que, a partir de um modelo de ação política, os governantes possam se espelhar e compreender qual a melhor ação a ser executada e para se ter esse conhecimento é preciso primeiramente entender a ação humana e em primeira instância sua natureza. Maquiavel, em sua análise da ação política, compreende que esta se liga de modo singular à natureza humana, pois os homens agem de acordo com sua natureza e, portanto, esta deve ser a base para compreender a conduta política e o comportamento humano.
Ao analisarmos o conceito de natureza humana, pretendemos compreender a visão de Maquiavel acerca do homem e de sua natureza para que, a partir deste ponto, venhamos entender melhor o conceito de Estado e estabelecer as relações existentes entre ele e a idéia de liberdade.
Maquiavel, ao analisar a ação política, pretende descrever como esta se dá na realidade sem se utilizar de figuras abstratas ou suposições imaginárias sobre as coisas, mas sim da realidade concreta. Pois para ele não adianta descrever como os homens deveriam ser, mas como estes são na realidade concreta. Seu propósito é escrever algo útil a quem o ler e para isso é preciso compreender a realidade e não discorrer sobre repúblicas e Estados fictícios que jamais existiram. Para tanto, Maquiavel busca analisar natureza humana em sua raiz. Pois ao se conhecer bem a natureza dos homens é possível compreender o modo como pensam e agem de acordo com as circunstâncias.
Maquiavel descreve a realidade das coisas e, ao mesmo tempo, analisa a natureza humana. Pois, ao se conhecer bem a natureza dos homens, é possível compreender o modo como pensam e agem de acordo com as circunstâncias e a partir desse conhecimento estabelecer uma noção de Estado que possa explicitar os conceitos existentes nas relações entre os cidadãos, governo e liberdade.
No capítulo XVII de ‘‘O Príncipe’’, Maquiavel revela seu pensamento acerca da natureza dos homens:
Isto porque geralmente se pode afirmar o seguinte acerca dos homens: que são ingratos, volúveis, simulados e dissimulados, fogem dos perigos, são ávidos de ganhar e, enquanto lhes fizeres bem, pertencem a ti, te oferecem o sangue, o patrimônio, a vida e os filhos como disse acima, deste que o perigo esteja distante, mas, quando precisas deles, revoltam-se (O Príncipe, XVII).
A partir desta afirmação é possível perceber que, para Maquiavel, os homens possuem em si mesmos uma predisposição para o mal, o que torna difícil a convivência social, pois gera uma desconfiança entre os homens que não vão honrar seus acordos e suas promessas.
Segundo Maquiavel, existem na natureza humana dois lados, o bem e o mal, e toda vez que o homem se vê diante de uma escolha estes dois pólos se colocam à sua frente e o lado do mal parece se apresentar com mais força. Podemos comprovar isso com a seguinte passagem: “[...] nas suas ações dos homens, sempre que se deseja fazer alguma coisa com perfeição, além de outras dificuldades encontra-se, ao lado do bem, algum mal, que nasce junto a tal bem com tanta facilidade que parece impossível poder ficar sem um, quando se querer o outro” (Discursos III, 37).
Porém, é preciso se entender que os homens são mais inclinados para o mal do que para o bem. Isso torna os homens condenados para o mal - ou se apesar dessa inclinação -, a como controlar os impulsos da natureza humana através do uso de algum mecanismo ou pela força do estado.
Meio Ambiente: O Sol e a Terra são Fontes de Vida?
by Francisco on quarta-feira, 22 de abril de 2009
Francisco Antônio de Andrade Filho
Dedico este momento de meditação ao Ministro Carlos Minc e à Ministra Dilma Rousseff, Chefe da Casa Civil. Neles e com eles, vejo milhões de brasileiros sentindo-se bem no Brasil. Aqui, vivemos felizes, integrados e confortados com a nossa Mãe-Terra, mesmo ferida pelos seus inimigos.
Nossa vida cotidiana é toda feita de crenças silenciosas, da aceitação tácita e fácil, de evidências que nunca questionamos porque nos parecem naturais e óbvias: espaço, tempo, realidades, qualidade, verdade e mentira. Como um barco à deriva, vive-se sem se indagar. Outros, mais curiosos, buscam respostas de seus questionamentos
E busco responder a questão: que implicações éticas existem, hoje, na falta de respeito à Ecologia, à Natureza? Nesse sentido, o princípio-justiça; do respeito à Natureza, do ponto de vista ético-político mundial, é alinhado numa indagação central: como construir uma sociedade bem ordenada e justa, garantindo o equilíbrio entre natureza e produtos técnicos & científicos na atual “aldeia global”?
Hoje, vou além dessa curiosidade importantíssima para a preservação da Natureza. O Sol e a Terra são fontes de vida?
E encontro resposta na astróloga e taróloga Grazielle Marroccini que publica no site Somos Todos Um, o artigo: “O ano novo solar”. Eu o li com atenção. Sua mensagem despertou em mim um forte desejo de descobrir o segredo das fontes da vida.
Avanço nessa caminhada, e encontro o significado do “ano novo solar” para o equilíbrio da vida no planeta Terra e sua relação com o Sol. As ciências ocultas contribuem para se compreender as questões do meio ambiente em nossos dias? Astrologia, em sua interface com outras ciências humanas, transforma a perversidade da conduta humana no respeito à Natureza no mundo globalizado de nossos tempos?
Nesta linha, a Natureza é inteligente, por si mesma. Ela é uma espécie de bússola, com “aqueles pontos luminosos, representados por estrelas fixas ou planetas [...] ajuda os seres humanos a se localizarem, seja em terra ou no mar”. Por isso, segundo a escritora, as “Constelações surgiram da necessidade que os homens sentiam de se guiarem, se localizarem, durante a noite escura do deserto, ou no mar, por exemplo.”
Além desse benefício, a estudiosa, com base na “a sabedoria dos povos antigos”, revela que “O caminho efetuado pela Terra em seu giro heliocêntrico é o determinador da mudança das estações, assim como a rotação da Terra é determinadora dos dias e das noites”.
Sabiamente, no final, a taróloga emite um juízo de valor – da importância do Ano do Sol –, nestes termos:
É muito importante que saibamos aproveitar essa mudança de energia para darmos uma virada à nossa vida! Se este é um ano do Sol, vamos dar asas à nossa criatividade que nos dá vida, nos dá energia e força para viver. A Luz emanada do Sol é simplesmente a Luz ajudará neste momento de crise a superar muitas dificuldades. O Sol ilumina nossa vida emanada de Deus. Ela pode afastar nossos medos, limpando nosso ser de toda a negatividade que causa dificuldade. A Luz nos oferece uma carga nova capaz de renovar desde a menor célula até nosso corpo inteiro.
Realmente, entre os elementos da Natureza, se destacam o Sol (Fogo) e a Terra, fontes de vida. Entrementes, Evoco Jean-Jacques Rousseau que responde, assim: “A natureza fez o homem feliz e bom, mas a sociedade deprava-o e torna-o miserável”. E Luiz Antônio Gasparetto nos adverte: “É bom reconhecer a obra da Natureza em nós”. Ela é vida. E Deus é Vida.
E avanço, com mais outras indagações. Frente à máquina ideológica do aquecimento global constituição global, indaga-se: que fonte jurídica, que norma fundamental pode apoiar a eco-justiça no respeito à natureza? Como construir uma sociedade bem ordenada, garantindo o equilíbrio entre natureza e produtos técnicos e científicos com bases de uma nova ética e de uma nova mentalidade nas relações entre os seres humanos e o meio ambiente?
É sabido que a ordem mundial atual, na busca de uma nova constituição política, é perversa, brutalmente contraditória. A vida – biosfera (vegetal, animal e humana) é o elemento mais precioso do planeta, ela é prejudicada e ameaçada de extinção. A forma mais elevada de vida – a humana – é a mais devastada, terrorizada, implodida, com bilhões de seres morrendo de fome e de doenças curáveis. Estamos vivendo a contradição ética mais grave da história. Os horrores da mente humana, na atual “Aldeia Global”, criam políticas e tecnologias responsáveis pelo genocídio da natureza e exclusão do homem do seu ecossistema natural e urbano.
Feliz Ano Novo Solar. Respeite a Natureza ou Deus. Você não vive sem ela. Você se considere morto sem essa coisa divina. Lembre-se: Sol e Terra são fontes de vida. O Desabafo e Dilma Presidente 2010 se unem em defesa o meio ambiente. E dizem, você reconhece que o Sol e a Terra são fontes de vida?
A Religião Como Instrumento de Educação em Maquiavel
by Francisco on terça-feira, 14 de abril de 2009
André Antoninho Führ
Para Maquiavel, a religião possui uma função muito importante para o bom funcionamento do Estado e para o bom cumprimento das leis e dos bons costumes. Pois os homens respeitam com mais fervor a um juramento na crença de serem punidos com mais potência e fúria pelos deuses dos que pelos homens: “E quem examinar as infinitas ações do povo de Roma em conjunto e de muitos dos romanos de per si verá que aqueles cidadãos temiam muito mais violar o juramento que as leis, porquanto estimavam mais o poder de Deus que o dos homens’’(Discursos I, 11).
Nesse sentido um Príncipe que souber se utilizar da religião poderá fazer com que seus cidadãos selem com mais respeito e com mais força pelo cumprimento as leis e dos bons costumes: ‘‘E quem considerar bem as histórias romanas, verá como a religião servia para comandar os exércitos e infundir ânimo na plebe, para manter os homens bons e fazer com que os reis se envergonhem’’(Discursos I,11). Percebe-se claramente o poder da religião e sua função educadora, pois além de fazer com que os cidadãos zelem com mais vigor pelo cumprimento das leis, esta serve como meio para estimular o ânimo o vigor e a coragem dos cidadãos.
A conservação de uma religião é tão importante para um Estado que em alguns casos a sua existência depende de sua manutenção e a sua ruína pode estar na falta dela como adverte Maquiavel:
E, assim como a observância do culto divino é razão da grandeza das repúblicas,também o seu desprezo é razão de sua ruína. Pois onde falta temor a Deus, é preciso que o reino arruíne-se ou que seja mantido pelo temor a um Príncipe que supra a falta de religião.’’ (Discursos I, 11).
Percebemos claramente a força que uma religião possui para manutenção do Estado e para a educação dos homens no cumprimento das leis e de suas obrigações com sua pátria. O Florentino cita ainda outro exemplo de como os legisladores se utilizavam da religião para que suas leis fossem mais facilmente aceitas como podemos ver na seguinte passagem:
E, de fato, nunca houve ordenador de leis extraordinárias, em povo nenhum, que não recorresse a Deus; porque de outra maneira elas não seriam aceitas: pois há muitas boas coisas que os homens prudentes conhecem, mas que não têm em si razões evidentes para poderem convencer os outros. Por isso, os homens sábios que querem desembaraçar-se dessa dificuldade, recorrem a Deus (Discursos I, 11).
Podemos ver nessa passagem o valor da religião na educação dos cidadãos, pois ela consegue fazer com que estes cumpram as leis não porque se sentem pressionados pelo Estado ou pelo Príncipe, mas sim porque acreditam que serão punidos pelos deuses se descumprirem as leis e por isso a respeitam o que faz com que seu caráter se molde de acordo com os ritos e costumes de sua religião.
Maquiavel cita ainda o exemplo de Numa e de como este soube se apoiar bem no uso da religião e as vantagens que conseguiu por ter agido assim: ‘‘Considerando tudo, portanto, concluo que a religião introduzida por Numa foi uma das principais razões da felicidade daquela cidade, pois ensejou boas ordenações; as boas ordenações trazem boa fortuna; e da boa fortuna nasceram os bons êxitos das empresas’’ (Discursos I,11).
Maquiavel afirma ainda que os príncipes que querem impedir a corrupção de seus Estados devem manter de modo forte e sem mudanças o culto à religião para que esta ação conserve o modo de proceder de seus súditos: ‘‘Os príncipes ou as repúblicas que queiram manter-se incorruptos devem, acima de tudo, manter incorruptas as cerimônias de sua religião e venerá-las sempre; porque não pode haver maior indicio de ruína de um estado do que o desprezo pelo culto divino’’ (Discursos I, 12).
Se analisarmos capítulo 13 do livro I Discursos cujo titulo é: ‘‘De como os romanos utilizaram a religião para reordenar a Cidade; realizar suas empresas e debelar os tumultos’’, podemos ver como o emprego da religião pode ser útil para o Príncipe de virtù como instrumento de educação de seus súditos, e como meio de comando do Estado. Maquiavel cita alguns exemplos nos quais o emprego da religião foi de suma importância para a manutenção do Estado. Entre eles, relata como o uso da religião de modo correto serviu para conquista de Veios e para obrigar a eleição de tribunos escolhidos pelos nobres: ‘‘E assim a religião, bem usada, serviu à expugnação daquela cidade e à restituição do tribunado à nobreza; pois, sem esse meio, dificilmente se teria chegado a qualquer dessas coisas’’ (Discursos I, 13). Percebemos que a religião é uma grande arma se utilizada de maneira correta pode transformar homens covardes em corajosos, soldados desacreditados em soldados de virtù, ações consideradas erradas em ações dignas de louvor.
Maquiavel se utiliza do exemplo dos Samnitas, para provar a força da religião, relatando que, mesmo depois de terem sido vencidos por inúmeras vezes pelos romanos; e sendo em menor número resolveram lutar contra estes movidos por um juramento e inflamados pelo medo de serem punidos pelos deuses caso, recuassem lutarar com todas as forças e com todo animo. ‘‘No entanto, percebe-se que não lhes pareceu possível outra saída nem outro remédio para reavivarem a esperança de recuperar a “virtù” perdida. O que demonstra plenamente, quanta confiança se pode ganhar usando bem a religião’’ (Discursos I, 15). ]Está claro que a religião serve como instrumento de educação em muitos casos com maior eficácia no controle dos cidadãos do que o uso das leis e dos bons costumes, além disso, é capaz, se utilizada de maneira correta, de promover inúmeros benefícios ao Estado.
Francisco Antônio de Andrade Filho
Dedico o presente diálogo filosófico, ao Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Discurso esse, extenso a todos os que apóiam e vibram com o maior estadista popular do Brasil. Ouvido e reconhecido por líderes políticos e seu povo, Lula se revela hábil em seus projetos de emancipação humana. Primazia do trabalho sobre o capital? Ou vice-verso, o capital sobre o trabalho?
A postura corajosa e vivida do “esse é o cara, adoro esse cara, o político mais popular da Terra” – elogio de Barack Obama no G-20 -, é resultado das sábias palavras de Lula: “Penso que é inexorável, vamos ter uma nova ordem econômica mundial. Porque todos se deram conta de que não é possível coexistir uma política de desenvolvimento produtiva, que precisa gerar empregos, com uma política financeira vivendo de especulação”
E sobre o capitalismo brasileiro, reafirma a importância de seus projetos políticos no bom combate às restrições das liberdades políticas e econômicas, nestes termos: “Descobri, junto a milhões de outros trabalhadores, que não bastava reivindicar melhores salários e condições de trabalho. Era fundamental lutar pela cidadania e por uma profunda reorganização econômica e social do Brasil”.
Pelo exposto nessa conversa escrita, percebo expressões de dois projetos políticos, impregnados de emancipação humana nos pronunciamentos e práticas do atual Presidente do Brasil. Nessa linha, indico aqui, alguns tópicos para um novo diálogo filosófico com os comentaristas desta página, a seguir.
I. Existem no interior do mundo moderno, dois projetos. O projeto de emancipação política mediada pela democracia, mas intrinsecamente limitado e parcial. De outro, o projeto de emancipação humano-social, regido pelo trabalho, que abre horizontes ilimitados.
II. Dois projetos humanos que expressam uma nova postura dos dias de hoje, relação entre o homem e as realidades existenciais; do ser histórico produzido pela sociedade. De tempos modernos da atividade humana; da consciência de sua capacidade de conhecer, preservar e transformar a natureza e a sociedade. De o homem mudar suas condições de vida e situar-se de modo diferente nas relações sociais.
III. Dentro do processo econômico e político da história humana, o capitalismo viu abertas diante de si, as portas para um desenvolvimento extraordinário das forças produtivas e para a configuração de uma ordem social à sua imagem e semelhança. Contudo, isto significou - como foi muito bem expresso pelo lema positivista “ordem e progresso” -, que o desenvolvimento da humanidade, daí para diante, se faria tendo por base a propriedade privada e, portanto, a continuidade da exploração do homem pelo homem.
IV. Enquanto isso, o pleno desenvolvimento do mundo moderno seria, todavia, a superação do mundo regido pelo capital e sua substituição por um mundo regido pelo trabalho, ou seja, pela associação de homens livres que trabalham para viver e não vivem para trabalhar. E com isso, o homem se realizará.
V. Isso está ainda para acontecer. O chamado primeiro mundo – hoje o G-8 – é conservador, reacionário. Representa a decadência – lógica do projeto do capitalismo selvagem -, a ganância do lucro em detrimento da riqueza social. Nesse sistema, ainda não se constituiu uma forma de sociabilidade, onde o desenvolvimento das forças produtivas não atendeu as necessidades de todos, nem o trabalho chegou a ser um processo social para o uso comum dos bens.
VI. A emancipação humano-social será possível. Isso acontecerá com a destinação originária de todos os bens e produtos do trabalho humano para a felicidade de todos. Será o tempo em que os homens construirão uma forma de sociabilidade, capaz de superar o capital, a propriedade não-social e o Estado.
E o homem conquistará a sua Humanidade.
Adeus, Vida: espiritualidade da sobrevivência pós-morte
by Francisco on terça-feira, 7 de abril de 2009
Francisco Antônio de Andrade Filho
(Em memória do Prof. Dr. Pinto Ferreira)
Compreender a vida do ser humano é compreender seu sentido. Perguntar pelo sentido último da vida é colocar o homem numa atitude de reflexão de sua grandeza. É filosofar a vida e a morte. É encontrar e simbolizar suas condições existenciais de vida, aqui e depois da morte. É fazer viver sua vida, ir em frente, agir, modificar, transformar, buscar objetivos concretos e espirituais do ser humano.
Nos dias de finado, os vivos povoam a Cidade dos Falecidos, onde os vivos se encontram com os defuntos. Almas vivas se abraçam com as imortais. Muitos chorando, não pelos defuntos, mas por si mesmos, os vivos. Derramam lágrimas não em cima dos defuntos, mas nas suas próprias faces.
E à luz da Filosofia, indagamos: por que reverenciamos os mortos? O filósofo, Dr. José Luiz Ames, comenta assim:
É precisamente aqui que entra a experiência da morte: na experiência do limite. Na morte nos deparamos com uma situação que nos atinge visceralmente, que toca a totalidade de nosso ser. Diante da morte, a vida se torna pergunta. Enquanto para a satisfação do desejo dependemos de nós próprios, a morte nos aponta para uma situação diante da qual somos impotentes. A morte atesta a impossibilidade do controle humano sobre a vida.
A sobrevivência depois da morte é um problema tão antigo quanto a própria história do homem. Foi uma preocupação constante do homem de todos os tempos.
Os mitólogos explicaram-na numa linguagem fantasiosa e que foge ao espírito científico do homem atual. Os teólogos, numa dimensão de fé, encontraram na Bíblia os mais sagrados e seguros argumentos a favor da imortalidade.
Seja como for, a verdade é que o ser vivo nasce para a vida despontando para a morte. Morte e vida de jovens e velhos representam duas faces da mesma realidade do ser-no-mundo. Só o homem tem consciência de ser-para-a-morte, desse inevitável destino do túmulo que lhe aguarda: sufocante, solitário, silencioso, escuro e úmido. Isso é uma tragédia para o homem que tem dentro de si mesmo uma ânsia incontida de se perpetuar no tempo, uma sede irresistível de não morrer. Enquanto isso, um convite à reflexão: sentir as palavras de William Blake:
Ver a eternidade num Grão de Areia
E o Céu numa Flor Agreste.
Segurar o Infinito na palma de sua mão
E a Eternidade em uma hora.
Mas, morte tem sentido para a vida. Não há vida sem morte; nem morte sem vida. E a eternidade existe. O infinito no finito-tempo. A vida continua depois da morte. Aqueles que sabem viver bem, se tornam imortais. Moisés, Lao-Tsé, Sócrates, Jesus, Tomás de Aquino, Giordano Bruno, Gandhi, Martin Luther King, Vladimir Herzog, Chico Mendes, dentre outros – Pinto Ferreira -, brancos, amarelos, pretos, pardos, mulatos, índios... Todos vivem. Todos morrem e vivem.
A morte é um acontecimento necessário para dar ao EU pessoal possibilidade de um pleno desabrochar. A semente que, para poder germinar a sua vida e suas potencialidades.
Francisco Antônio de Andrade Filho
Ultimamente, a Igreja Católica voltou seus pensamentos para os mistérios do Salvador. É a Semana Santa, iniciada neste Domingo de Ramos. Nela, celebram-se de modo especial, seus três dias. Indiferentemente de denominação religiosa, todos os seguidores de Jesus, filho do casal José e Maria. A escrita sagrada, antiga e nova, a revelar ser Jesus, homem de uma mensagem que nos liberta e nos enche de vida, tal que repercutiu no mundo inteiro, ser Filho de Deus- Homem tão bom, honesto e leal. E fiz uma leitura atenta da Bíblia, dela captando a verdade, anunciada aos amigos da blogosfera aqui; entre outros.
É Quinta-Feira. Vejo 1 Cor. 11, 23 – 26. Refleti e senti a vida. E Deus é Vida. Jesus se fez servidor de todos dando a vida pelos amigos. Dele aprendemos que é próprio do amor eliminar distâncias, ser verdadeiro e leal., humilde e transformador. Anunciar a verdade e combater a mentira da comunicação, da fala em diálogo com o outro. Não tolera a hipocrisia, defende a verdade. E recebemos a mensagem: não se vive sem Deus, não se vence sem amar.
É Sexta-Feira. Agora é Isaias, 52, 13-53 que anuncia o mistério do sofrimento. Por que aconteceu a morte de Jesus? Para ser amor onde há ódio; ser perdão onde há ofensa; ser amizade onde há desencontro; ser verdade onde há erro; ser alívio onde há dor; ser coerência onde há incoerência; ser pai onde há filhos. Ser sinal. Ser presença.
É Sábado. Desta vez, medito a epístola de Paulo aos Romanos: 6:3-11. São páginas de lições que perduram, mesmo reinterpretadas ao longo dos tempos. São mensagens isentas de sectarismo religioso e político, entre outras dimensões humanas. Pois, são palavras paulinas que, embora limitadas, expressam a mensagem divina. Percebi que o Povo de Deus – se caracteriza pela coragem de viver; pela vontade de servir; pelo desejo de reconhecimento, pela alegria da vida de Jesus que nos trouxe tempos felizes e coragem para o bom combate da fé.
E, neste Sábado, de madrugada, Jesus ressuscitou. Ele está vivo. Não está entre os mortos, mas entre os que vivem – vivificando os que o procuram. E me alegrei com isso. O poder de Deus que libertou Jesus da morte, faz brotar em nós uma vida nova eliminando o choro e a dor; o sofrimento e a morte .E as forças do bem e da vida triunfarão para a alegria de todos. Homens e mulheres; terra, ar, água e fogo terão uma nova vida. Todo o Universo canta: a escuridão produzida pelos homens não existirá mais. E veio a luz. E o Reino de Deus se instalou. Ditadura, nunca mais. Perversidade, longe dos filhos de Deus. Demônios, bem distantes.
E agora, amigos e amigas. Onde está Jesus? Vivo ou morto? Onde buscá-lo. Nos crucifixos bonitos, ou nos cristãos feios; no respeito a todos os iguais a Jesus, ou nos preconceitos de raça, cultura e religião? Estaria Ele vivo nos lábios da falsidade e covardia; da mentira e do ódio? Procure-o. Irá encontrá-lo crucificado e triste no irmão que sofre. Vê-lo-á feliz no irmão que irradia alegria. Lá vai Ele...lá vai...Jesus Cristo ressuscitado...Raimundo, José, Nathanael, Daniel; Josélia, Telma, Tânia; todos os homens, mulheres e animais – toda a Natureza -, ressuscitados com Jesus, Maomé, Moisés, Buda, Dalai – Lama, Luther King.
E a Humanidade se emancipou: O homem livre da exploração dos detentores do capitalismo selvagem e da imprensa perversa e golpista A Natureza preservada da ambição do homem em sua ganância de lucro e destruindo a Terra, Água, Ar e Fogo.
Espaço Político da CNBB na Ditadura Militar [parte II]
by Francisco on quarta-feira, 1 de abril de 2009
Francisco Antônio de Andrade Filho
Na reflexão anterior, meditamos a postura de adesão da CNBB ao golpe militar de 1964. Cardeais, Arcebispos, Bispos e Padres concelebraram a “Missa de Ação de Graças” pela vitória da revolução armada sem derramamento de sangue. O mesmo sacrifício foi executado por milhares de capelães militares nos templos sagrados dos quartéis em todo país.
Esse episódio traduz o papel político, social e econômico, que aquela organização católica tem na sociedade brasileira. Percebe-se nele, o caráter dialético do processo. As metamorfoses da Igreja Católica no Brasil têm uma dimensão mais global. O processo político, por si só, não as explicam, nem apenas seus interesses institucionais. A necessidade de auto-reprodução, aliada às novas condições econômicas, políticas e sociais, produz apreensão dessas tensões contraditórias no Brasil.
A CNBB define, em termos de doutrina social da Igreja, as características e condições, o sentido e a importância da sua presença e atuação na “vida política ditatorial” do golpe de 64. É de seu desejo “ler o político a partir do Evangelho e não o contrário”. Interessa a esta instituição eclesiástica, aquela política em seu sentido mais amplo que visa o bem comum, que promove os valores fundamentais de toda comunidade. É o que ela registra em seus documentos oficiais:
“Conjunto de ações pelas quais os homens buscam uma forma de convivência entre indivíduos, grupos, nações, que ofereça condições para a realização do bem comum... valores éticos da liberdade, da participação”.
Esse pensamento político da Igreja Católica, herdado de sua tradição, entre em conflito ao afirmar que sua tarefa “não é de ordem política, econômica ou social... é de ordem religiosa, evangelizadora e de natureza eminentemente pastoral”. Mas, ela própria se contradiz, quando pensa e age assim “de nenhum modo a conduz a se omitir a respeito de problemas sócio-políticos do país (que) sempre apresentam uma relevante dimensão ética das decisões políticas”.
Deste modo, a CNBB vive nessas tensões. De um lado, não interessa à Igreja intrometer-se em partidos políticos. Assume uma missão crítica, de denúncia à violência política daqueles que contrariam os projetos divinos. No entanto, de novo, cai em contradição, quando sustenta em participar da república Militar. Sente como seu dever e direito estar presente neste campo da realidade ditatorial do golpe militar. Pois, os Bispos Católicos do Brasil argumentam nestes termos:
“A fé cristã não despreza a atividade política; [...] pelo contrário, a valoriza e a tem em alta estima... O cristianismo deve evangelizar a totalidade da existência humana, inclusive a dimensão política”.
Estudos e pesquisas descobrem as contradições da CNBB na chamada Revolução Militar de 31 de Março de 1964. O pensamento político dessa organização é produto das mesmas contradições do projeto de desenvolvimento capitalista dependente, do mesmo trabalho econômico de industrialização associado ao capital estrangeiro. Suas idéias, produzidas nesse tempo, não foram reveladas por Deus, nem milagres de Nossa Senhora Aparecida. Foram determinadas pela totalidade da sociedade brasileira, fruto do trabalho humano. Nesse passado de 45 anos, s transformação capitalista teve lugar graças ao acordo entre a classe burguesa – nesta incluindo a Igreja e a exclusão das forças populares -, e de intervenção econômica do Estado.
Veja também: Missa de Ação de Graças Pelo Golpe Militar de 1964 [parte I]