Jesus ora por si mesmo e pelos seus [Meditação 1]

by Francisco on domingo, 21 de junho de 2009

por Francisco Antônio de Andrade Filho

Jesus ora por si mesmo e pelos seus

 



Jesus falou estas coisas. Depois, olhou para o céu e disse: "Pai, chegou a hora: glorifica teu filho, para que teu filho te glorifique [...] Rogo por eles: não rogo pelo mundo, mas pelos que me deste, porque são teus; tudo o que é meu é teu e tudo o que é teu é meu. É assim que sou glorificado neles" (Jô. 17, 1; 9).

Antes de partir para junto do Pai, Jesus reza por todos nós e o Evangelho de João registra essa oração. Jesus inicia esta oração rezando por si mesmo, uma vez que ele sabe que o sofrimento está chegando e que deve estar preparado para esse momento. Em seguida, Jesus diz ao Pai que cumpriu a missão aqui na terra, de modo que o Nome de Deus foi manifestado aos homens sendo que sua mensagem foi acolhida. Todos viram nele como Jesus de Nazaré, filho do casal José e Maria. Sua humanidade revelava-se tão divina que seus fiéis e o próprio Jesus, aceitaram ser o enviado do Pai na unidade do Espírito Santo. Em seguida, rezar por todos os que creram em suas palavras.

Essa, a espiritualidade bíblica, centrada na mensagem de Jesus. Assim, testemunha João ao escrever seu Evangelho. Jesus rogou ao Pai, primeiro para se mesmo; depois orou por todos os que creram em suas palavras. O Filho de Deus pensou nele e nos outros. Ele amou a si mesmo e ao seu próximo, seus discípulos. Esse, o significado profundo da espiritualidade.

Outros líderes espirituais, alinhados não apenas a religiões; mas também, de cunho filosófico ou de outras áreas científicas, a medicina, por exemplo; todos confirmam a mesma necessidade da dimensão espiritual do ser humano. É a integridade humana que está em jogo. Ademais, toda Natureza é a maior expressão dessa verdade.

Para exemplificar, eis as sábias palavras de dois mensageiros espirituais que, a exemplo de Jesus, anunciaram. Luiz Antônio Gasparetto fala: “Se eu me amo, estou preenchido.” “Se me considero, me sinto preenchido.” “Se me aceito, me sinto preenchido.”

É nesse sentido da fala espiritual do Gasparetto que se descobre a verdade. Na realidade, como se pode considerar o outro, quando você mesmo não se considera? Igualmente, amar o outro, quando não se ama? Quando você se quer ser preenchido por essas virtudes, seu próximo receberá a mesma recompensa, feliz com seu agir cristão a favor dele. Então, não é egoísmo amar primeiro a si mesmo; depois, será fácil preencher o outro com a mesma postura.

Enquanto isso, Dalai-Lama escreve o que pratica, nestes termos: “A essência de toda vida espiritual é a emoção que existe dentro de você, é a sua atitude para com os outros. Se a sua motivação é pura e sincera, todo resto vem por si. Você pode desenvolver essa atitude correta para com seus semelhantes baseando-se na bondade, no amor, no respeito, sobretudo na clara percepção da singularidade de cada ser humano”.

Aracaju, 20 de junho de 2009.

2 comentários

Professor, na Bíblia, na lei mosaica há algo muito enfático sobre esse assunto, que é a determinação de amar ao próximo como a si mesmo.
Jesus Cristo sintetiza os dez mandamentos da lei mosaica em dois: um é amar a Deus com todo coração, com toda a alma, com toda a força, com todo o entendimento e o outro, amar ao teu próximo como a ti mesmo.
Então, a medida do amor que se oferece ao outro é o amor que se tem a si mesmo.
Como se pode considerar o outro, quando você mesmo não se considera? Igualmente, amar o outro, quando não se ama?
Lendo seu texto , me ocorreu também, que o filósofo Rousseau coloca o amor de si como sendo algo natural e bom. Mas, Rousseau estabelece uma diferença, ao meu ver importante, entre o amor de si mesmo, e o amor próprio.
Rousseau o tempo todo, na sua obra, parece convidar o homem a voltar ao seu estado primitivo, onde havia pureza. Então, ele diz, que o amor de si é um sentimento natural que leva todo animal a velar pela sua própria conservação. No homem, esse sentimento é dirigido pela razão, modificado pela piedade e produz a humanidade e a virtude. Então, cada homem em particular olha a si mesmo como o único espectador que o observa, como o único ser no universo que toma interesse por si...e isso não o leva a prejudicar o outro.

Já o amor próprio, segundo Rousseau, é um sentimento mau. Não é natural, nasce das relações sociais e leva o indivíduo a fazer mais caso de si do que de qualquer outro. Este sentimento inspira aos homens todos os males que se fazem mutuamente.

Tem um monte de gente que está sendo movida por esse segundo tipo de amor, que leva a desprezar o outro, a ter intençao de prejudicar o outro com intuito de se dar bem e de levar vantagem em tudo. Tem gente que pensa assim : primeiro Eu, segundo EU, terceiro, Eu. É o amor corrompido.

by Rosilda on 24 de junho de 2009 às 08:50. #

Rosilda,

Você percebeu bem, o conteúdo dessa meditação. Mulher de fé na mensagem revelada por Deus na Bíblia, revelou forte sua dimensão espiritual do " amar ao teu próximo como a ti mesmo". Para tanto, a comentarista foi às raízes da questão ao enfatizar a "lei mosaica" Parabéns, Rosilda, pela sua habilidade de descobrir a verdade do amor nesta linda exegese do texto. E mais conhecimento você demonstrou - além do aspecto teológico -, construir uma interface da Teologia com a Filosofia. Comprovou que não esqueceu das pesquisas de J.J. Roussseau, feitas durante o curso de Especialização. Assumiu uma postura mais sábia do que a de seu orientador. Senti essa característica ao reler com mais atenção seu comentário acima feito. Mais um convite, transforme essa reflexão num artigo de duas folhas, como uma contribuição para ser publicado aqui no recado. Para tanto, utilize aquele seu trabalho sobre a propriedade privada em Rousseau.,

Mais uma vez, agradeço-lhe por ter ter feito seu comentário, aqui. Abraços.

by Francisco Andrade on 25 de junho de 2009 às 08:55. #

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