Para você, o que significa este Tempo de Natal?

by Francisco on terça-feira, 27 de novembro de 2012




Por Gorete da Mata


Natal, tempo de falsidade, mentiras e muita hipocrisia. Tempo também, de consumismo exagerado e comprar a confiança dos outros com presentinhos, que fazem da data o momento máximo do endividamento e consumismo.

Bem, aproveitando data tão especial, só pra não fugir à tradição, aviso que já estou disponível a receber presentes. Podem me doar uma casa, um carro, um computador e um celular. São todos  artigos de primeira necessidade para minha pessoa.

Mas como sou um ser muito humilde, podem começar pelo celular, será muitíssimo bem vindo porque o meu, coitado... dispensa comentários...

PS. Fico imaginando a decepção de Jesus ao ver que em seu aniversário, ELE é único de quem as pessoas não lembram...

Corrente de Ouro

by Francisco on domingo, 25 de novembro de 2012


Por Francisco Antônio de Andrade Filho


Era madrugada, às 03 horas, deste dia 23 de novembro de 2012. Ressonava profundamente. Em paz comigo mesmo. Dormia bem. E sem pesadelo, sonhava.

No silêncio e na escuridão do quarto, eu via uma pequena réstia do Sol com a Lua que me iluminava à noite. O Astro-Rei com sua companheira Lua, sentia a "Natureza ou Deus" segundo o filósofo Espinoza, se aproximando de uma CORRENTE DE OURO, perdida nos corredores e salas da casa em mudança para um novo lar. Nesse ínterim, com a espada na mão direita, observei o Pequeno Príncipe - símbolo do Anjo da Guarda de Tânia Andrade -, a me indicar uma pequena corrente de ouro com duas figurinhas, neta e neto com o mesmo ouro. Dois pingentes, uma com a Fadinha Sofia; e um Principezinho Pedrinho.

Nesses momentos, bons sentimentos afloraram nos corações de seus avós paternos... É que, nos olhos da avó e do avô tremeluziam nos pequenos olhos dos dois brotos divinos. Nos Pinguinhos-de-Deus, cintilavam e brilhavam.

Acordei-me. Contente, a esposa Tânia Andrade deu-me aquele abraço. Emocionados, fomos ao Jardim, onde com aquele candieiro da Lua, vimos e sentimos a fragrância de suas flores. Aqui e ali, as rosas exalam perfumes. Do Jasmim - Mirim, com suas flores brancas e folhas verdes. Das hortências multicores e cheirosas, a expressarem a alegria de viver nos diversos instantes, quer acordado, quer dormindo e sonhando. Experiências existenciais e verídicas dos seres humanos. Neste Jardim do Éden, Adão e Eva, sonhando e amando, convidam outros vizinhos a curtirem a preciosa pérola de ouro.

Bem cedo e acordados, na Caixa do Correio, encontramos este Bilhete de Amizade: BOM DIA, TÂNIA. Jesus disse: "Buscai e achareis. Batei e abrir-se-vos-à..."

E Você, Tânia, você é você: Com seus bons sentimentos, encontrou sua corrente de ouro. E você mesma, atraiu seus objetos recheados de amor por você e seus netos.

Do seu companheiro de ontem e de hoje, torcendo sempre pela sua vida com saúde. Busque VIVER-ACHAR, de coração alegre, vivendo com você.

Aracaju/SE, 23/11/2012

Abraços. Adão e Eva.

Complexo de Prometeu

by Francisco on segunda-feira, 5 de novembro de 2012


Por Joarez Vrubel

"Com Prometeu os homens aprenderam a construir suas moradas, a regular suas vidas pelo ritmo dos céus; dele aprenderam as matemáticas, o alfabeto, a arte de domar os cavalos e de navegar os oceanos; de seus ensinamentos deduziram a medicina, as artes da predição e a extração dos metais preciosos escondidos nas entranhas da terra." (Paolo Rossi. Los Filósofos y las Máquinas.Barcelona,Ed.Labor, 1960, p.166)


Segundo os antigos gregos, Zeus e Prometeu fizeram os homens. Prometeu os modelou em barro e Zeus deu-lhes o sopro da vida. Eram seres primitivos e indefesos, vivendo dos animais e dos frutos que conseguiam caçar e coletar. Para Prometeu a obra da criação dos homens estava inacabada, era preciso ensinar-lhes o domínio do fogo e ajudá-los a progredir para que saíssem do estado primitivo. Zeus, ao contrário, preferia que eles continuassem assim, porque de outra forma receava que alguns viessem um dia a querer roubar-lhe o poder. Mas o sábio Prometeu amava a humanidade e sabia que com sua ajuda os homens poderiam progredir, saindo do estado primitivo. Era preciso ensinar-lhes o segredo de dominar o fogo - Zeus não concordava - então, Prometeu roubou um archote com o fogo divino e entregou aos homens. A partir do domínio do primeiro fogo terrestre os homens fizeram muito mais e Prometeu ensinou-lhes a tirar daí as maiores vantagens, sendo por isso punido.

No renascimento, o arquétipo grego de Prometeu perde seu caráter rebelde que se opõe a injustiça e ao domínio tirânico dos deuses e passa a ser símbolo da capacidade criativa que só o homem possui. Ernst Bloch (s.d.) atribuiu a Francis Bacon papel importante na recuperação de Prometeu:

“Bacon é o primeiro a falar de Prometeu como um rebelde técnico audacioso a ponto de se imiscuir nos assuntos do mestre; ou melhor, de refazer a obra do mestre com mais competência e genialidade, atividade que alimenta seu orgulho. Os homens formados por Prometeu são superiores às criações de Zeus. Bacon, portanto, utiliza-se para situar a técnica, da alegoria ou do arquétipo de Prometeu. ‘Prometeu’, escreve ele, ‘é o espírito inventivo dos homens, que funda o reino humano, que multiplica ao infinito a potência humana e a dirige contra os deuses’. Ninguém porá em dúvida a força e a consciência revolucionária dessa frase. Bacon se colocava como precursor, ainda que tateando, de empresas extremamente ousadas.”(p.126 seq.)
Gramsci (1973), quando aborda esse tema escreve:

"Poder-se-ia fazer uma exposição da fortuna literária, artística e ideológica do mito de Prometeu, estudando sua presença em diversas épocas e verificando a que conjunto de sentimentos e idéias ele contribuiu, como expressão sintética, em cada uma dessas ocasiões (...) Prometeu aparece, não apenas sob o aspecto do Titã revoltado, mas especialmente, como homo faber [grifo nosso], consciente de si mesmo e do significado de sua obra" (p.177 seq.).  

 Na atualidade, Boff (1998) refere-se a Prometeu, com seguintes palavras:

"(...) é compreendido como o deus civilizador, a figura rebelde contra a estreiteza dos dogmas, ousada e criadora incansável de novos rumos, desfazendo quaisquer obstáculos. Diz-se que a cultura moderna é prometéica dada a força da tecnociência” (p.173).

David S. Landes (1979) professor de História da Universidade de Harward conclui seu livro “The Unbound Prometeus”, da seguinte forma:

“Dificilmente alguém poderá apoiar um prognóstico sério em símbolos e lendas. Há, entretanto, uma certa sabedoria nestes velhos contos que não tem sido desmentida pela experiência dos dois últimos séculos. A revolução industrial e o subseqüente casamento da ciência e da tecnologia são o clímax de milênios de avanço intelectual. Elas têm sido também uma enorme força, para o bem e para o mal, e tem havido momentos em que o mal tem pesado muito mais do que o bem. Ainda assim, a marcha do conhecimento e da técnica continua, e com ela um penoso esforço social e moral. Ninguém pode ter certeza que a humanidade venha a sobreviver desse penoso curso, especialmente numa época em que os conhecimentos do homem sobre a natureza ultrapassaram de muito o conhecimento de si mesmo. Contudo, podemos estar certos de que o homem tomará esse caminho e que não o  abandonará, pois ainda que tenha seus temores, tem também uma esperança [grifo nosso] eterna. Esta, é preciso lembrar, foi o último presente contido na caixa de Pandora ”(p.555).
Na jornada heróica, o roubo do fogo simboliza a apropriação da primeira ferramenta na solução criativa de problemas. No aprendizado do uso do fogo descobre-se o seu poder e sua força, inúmeras são as possibilidades, no entanto, ele não vem sem esforços, sem riscos e, como conseqüência, sem receios. O filósofo Bachelard (1972, p.28) dá o nome de Complexo de Prometeu a essa tendência humana de superar o existente.

Se a industrialização atingiu o auge nas décadas que se seguiram a segunda guerra mundial, a revolução pós-industrial pouco compreendida começou a despontar, transformando tudo em que toca. Nos últimos trinta ou quarenta anos, a evolução tecnológica, sobretudo da microeletrônica, das telecomunicações, da energia nuclear, da biotecnologia, da informação, da automatização e da exploração espacial, foi mais dramática do que em toda a história até então.

Segundo historiadores, o que se vive hoje pode ser apenas o começo de uma nova sociedade "prometéica". A questão é saber se a história se aproxima de seu fim, ou se está no limiar de um novo tempo. Caminha-se para a globalização e poderemos ser mais que habitantes de uma cidade ou país, poderemos compor uma civilização planetária. No entanto, o fogo roubado por Prometeu deverá ser pago e toda a evolução humana terá o trabalho como condição. Em outras palavras, a condenação ao trabalho sempre criará condições ampliadas de construção do caminho da libertação humana.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

BACHELARD, Gaston. A psicanálise do fogo. Lisboa: Estudios Cor, 1972.
BLOCH, Ernst. La Philosophie de la Renaissance. Paris: Payot, sd.
BOFF, Leonardo. O despertar da águia. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998.
GRAMSCI, Antônio. El materialismo Histórico y la Filosofia de Benedetto Croce. Buenos Aires: Nueva Visión, 1973.
LANDES, David S. The Unbound Prometheus. New York: Cambridge University Press, 1975.