Origem do Pensamento Político da CNBB – tempo de abater a monarquia de direito divino

by Francisco on sábado, 22 de janeiro de 2011

por Francisco Antônio de Andrade Filho



 



Era 15 de maio de 1891, ano da promulgação da Constituição brasileira. A força laica decretava a separação entre Igreja e Estado, tornando-a, em termos jurídicos, parcela da sociedade civil. A Igreja perdia o controle jurídico da sociedade brasileira. Permanecia só no domínio da esfera particular.

Neste ano 1891, o Papa Leão XIII publica a Encíclica Rerum Novarum sobre a justiça social no mundo novo. Dois anos antes, em 1889, fundava-se em Paris a II Internacional Socialista. Morre Karl Marx em 1883, deixando vivo seu pensamento moderno em seus escritos. Sessenta anos atrás, em 1881, falecia George Wilhelm Friedrich Hegel. Desencadeava a Revolução Francesa, em 1789, criando a possibilidade da emancipação humana, com seus limites e contradições.

É tempo de modernidade. De reação contra o Estado absoluto e os privilégios do clero, nobreza, cidades e corporações. De abater a monarquia de direito divino.

De um lado, há tempo e no tempo, já haviam florescidas as idéias dos filósofos: uma nova postura do mundo, da relação entre o homem e o real, do ser histórico produzido pela sociedade. Dessa era moderna da atividade humana, da consciência de sua capacidade de conhecer e transformar a natureza e a sociedade. De o homem mudar suas condições de vida e situar-se de modo diferente nas relações sociais. Dispensa-se a hipótese da causa primeira. Deus é substituído pelo homem.

De outro, a Igreja, tradicionalmente acostumada a colocar Deus como centro de todas as coisas e a ela própria ser o centro do mundo, insiste na imposição de sua autoridade máxima que se pretendia universal, de participação no Sacerdócio real de Cristo, sempre o mesmo na História. Por isso, condena o mundo moderno e seus questionamentos. Alimenta a esperança de uma restauração da velha ordem social, da permanência da escravidão medieval, inviabilizando as liberdades modernas.

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