por Francisco Antônio de Andrade Filho
Primeiro Recado: Por um novo paradigma de Comunicação no Brasil (Lula)
O novo Ministério está diante de um novo paradigma de comunicação. Quero alertar vocês porque esse debate vai ser envolvente, tem muita gente contra e muita gente a favor. Certamente, o governo não vai ganhar 100% e quem é contra não vai ganhar 100%. Eu peço que vocês se preparem para esse debate. Se a gente fizer um bom debate conseguiremos encontrar um caminho do meio. Esse será o papel do novo Ministério de Comunicações [...] O que eu vi nessa campanha me assustou. Eu sempre fui vítima de preconceito, carreguei a vida inteira, e o preconceito deixa marcas profundas, quase que incuráveis. Eu não tinha noção de que eles seriam capazes de fazer uma campanha tão preconceituosa quanto fizeram com a Dilma… apenas porque era uma mulher candidata. Mas podem ficar certos de que a Dilma não veio de onde eu vim, mas ela vai para onde eu fui.
Segundo Recado: Duas citações do pronunciamento da Dilma Eleita 31 de outubro 2010, Presidenta da República do Brasil.
I - Este fato, para além de minha pessoa, é uma demonstração do avanço democrático do nosso país: pela primeira vez uma mulher presidirá o Brasil. Já registro, portanto aqui meu primeiro compromisso após a eleição: honrar as mulheres brasileiras, para que este fato, até hoje inédito, se transforme num evento natural. E que ele possa se repetir e se ampliar nas empresas, nas instituições civis, nas entidades representativas de toda nossa sociedade.
II - Minha alegria é ainda maior pelo fato de que a presença de uma mulher na presidência da República se dá pelo caminho sagrado do voto, da decisão democrática do eleitor, do exercício mais elevado da cidadania. Por isso, registro aqui outro compromisso com meu país: Valorizar a democracia em toda sua dimensão, desde o direito de opinião e expressão até os direitos essenciais da alimentação, do emprego e da renda, da moradia digna e da paz social (Dilma Rousseff).
Diálogo de Platão (428-347 a.C.) com seu discípulo Glauco sobre democracia nestes termos:
– A que bem te referes?
– À liberdade – repliquei. – Pois, numa cidade democrática ouvirás dizer que este é o mais belo de todos os bens; daí por que um homem; daí por que um homem nascido livre não poderia habitar alhures exceto nesta cidade.
– Sim, é uma linguagem que se ouve amiúde.
Terceira mensagem: comentário de política e cidadania sobre ética e justiça em Aristóteles
I - Segundo Aristóteles (383-322 a.C.), a sociedade político-democrática pode nos fornecer elementos para realizar as nossas competências, habilidades e desejos. Esse filósofo grego analisa uma virtude que é única e exclusiva da sociedade: a virtude da JUSTIÇA, isto é, a virtude da cidadania, de um bem para todos. Toda cidadania está ligada a um conceito de justiça. Então, não adianta que eu reivindique ao Estado direitos, se eu não convivo numa comunidade onde todos não se tratam com justiça. Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes para resolver nossas causas, porque cada um de nós trapaceia o outro assim que puder. Isso não é uma convivência justa.
II - A comunidade política é regida por uma única virtude, que é a da justiça. Reguladora das relações entre os cidadãos livres e iguais, que se respeitam a partir do conceito de justiça. Para Aristóteles, cidadão justo é aquele que cumpre a lei e respeita a igualdade entre os outros. A justiça é a virtude da cidadania, na qual, cada um, por sua própria formação trata todos igualmente. Se praticássemos essa virtude os tribunais teriam muito pouco a fazer. Se eles existem e são tão solicitados, é porque nós não estamos praticando a virtude da justiça, da cidadania (Francisco Antônio de Andrade Filho)
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2 comentários
Os dois pilares do moderno republicanismo - liberdade e igualdade - foram incorporados pela democracia contemporânea como princípios fundamentais de um Estado bem ordenado. A questão, porém, não está em afirmar ou não estes princípios e sim em como interpretá-los. Os governos - de todos os matizes partidários e ideológicos - preferem a propaganda à notícia. Para compreender a diferença, a metáfora do palco com seu jogo de luzes e sombras parece apropriada. No teatro, sempre determinada cena recebe luz enquanto outros espaços ficam à sombra. O palco como um todo só fica iluminado, quando muito, no final da peça.
Os governantes gostariam que os meios de comunicação lançassem luz sobre aquelas cenas que lhes são favoráveis e deixam à sombra aquelas nas quais não fazem boa figura. A notícia, quando o meio de comunicação não é "chapa branca" (aliciado ao poder de plantão), lança luz sobre quaisquer cenas, independente se favorecem ou não o governante do momento. É bem verdade que pode lançar mais luzes sobre aquelas cenas nas quais o governante não faz boa figura ou, pelo contrário, iluminar preferentemente aquelas nas quais o governante se sai bem, sempre conforme sua posição ideológico-partidária.
É tal a importância da liberdade que serve para "medir" a "democraticidade" de um governo. Quanto mais se busca tolher a liberdade de informação, independente sobre quais cenas lança luz ou deixa à sombra, menos democrático ou mais autocrático será. A tentativa de tolher a liberdade pode vir revestida de eufemismos como "novo paradigma da comunicação" ou assemelhados. A única defesa da sociedade está numa imprensa livre. Limitar sua expressão em nome de razões como "defesa da verdade", "defesa da sociedade" ou outras máscaras assemelhadas estão a serviço de um controle autocrático corrosivo dos pilares fundamentais da democracia: liberdade e igualdade.
Tenho para mim como princípio jamais ser instrumento útil - e inocente - de governantes de plantão para seus projetos propagandísticos que veem na notícia a ameaça maior de seu projeto de perenização no poder.
by Jose Luiz Ames on 11 de dezembro de 2010 às 09:05. #
Que bom, Luiz Ames, constatar sua postura crítica neste seu comentário. Você reforça que estamos vivendo num País democrático. De livre expressão. Você enriquece os recados de política e cidadania, aqui postados. Ressalto, porém, que, atualmente no Brasil, 0 império existente é o da Mídia que aí está, abusando da liberdade de imprensa. Por isso, nem você, nem eu, estamos 100% corretos neste debate.
É bom revê-lo. Obrigado pela sua participação no "ÁGORA" da Democracia de meu sítio.
by Francisco Andrade on 11 de dezembro de 2010 às 13:49. #