Consciência na América Latina [Ciberespaço do Recado]
by Francisco on sexta-feira, 20 de agosto de 2010
por Francisco Antônio de Andrade Filho
Os países latino-americanos proclamaram sua independência. Conquistaram-na com luta e sangue. Com a criação do MercoSul, trabalham por uma nova autonomia. É um novo desafio.
Mas, não se libertaram ainda das dominações internas e externas. São ainda dependentes de outros países dominantes. Têm sua economia condicionada pelo desenvolvimento e expansão de outra economia. Sua vida política e religiosa é alienígena e opressora. A América Latina, de modo geral, é mantida e privada de sua palavra. Sua estrutura comum de dependência, em algumas dimensões, mutila o homem como responsável de seu desenvolvimento econômico, político e cultural. É o homem latino-americano profundamente alienado de seu desempenho histórico.
De outro, ocorre na América Latina um eficiente esforço científico de nossa história e de nossa realidade, particularmente intensificado na década de 60. A descoberta de consciência da situação de dependência na América Latina é decorrente de sua realidade opressora. As injustiças, a miséria e a exploração praticadas pela classe dominante, naquela década, levam a América Latina a tomar consciência própria de si e a uma conseqüente exigência de libertação.
Percebe-se, cada vez mais claramente, que a situação de subdesenvolvimento é o resultado de um processo, e, portanto, deve ser estudada à luz de uma ciência da história. A análise científica da realidade, associada a uma prática concreta em prol dos interesses e humanização das classes trabalhadoras, facilita tornar efetiva uma hipótese fecunda e evitar pseudo-interpretaçôes e soluções fáceis e ineficazes.
No próximo ciberespaço do Recado da Pesquisa, pretendo discutir com os internautas algumas buscas, pertinentes ao assunto. Por enquanto, façam seus comentários de um trecho de Gustavo Gutiérrez, em sua obra Teologia da Libertação, 2ª Ed., Vozes, Petrópolis, 1975: 83. Escreve:
[...] Conhecer para Marx será algo indissoluvelmente unido à transformação do mundo por meio do trabalho. Partindo dessas primeiras intuições, irá construindo um conhecimento científico da realidade histórica. Analisando a sociedade capitalista em que se dá concretamente a exploração de uns homens por outros, de uma classe social por outra, e assinalando as vias de saída para uma etapa histórica em que possa o homem viver como tal, Marx cria categorias que permitem a elaboração de uma ciência da história [...]
Leia Mais: Andrade Filho, Francisco Antônio de. Igreja e ideologias na América Latina, segundo Puebla. São Paulo: Paulinas, 1982.
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