Quero Lula & Dilma – A voz e a vez da Democracia na República do Brasil

by Francisco on domingo, 14 de março de 2010

por Francisco Antônio de Andrade Filho



 




Eis que, sonora e sábia, ecoa a voz de um poder político com ética. Foi em Aracaju, Lagarto e Laranjeiras/SE, dia 13 de junho de 2009. Era voz do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, acompanhado pelo Deputado Jackson Barreto (PMDB-SE), Governador Marcelo Deda (PT) e do Ministro Fernando Haddad, falou para homens e mulhes dessas cidades, assim: "o Brasil não precisa ter terceiro mandato, precisa consolidar a democracia [...] Eu já cumpri a minha obrigação e quero terminar meu mandato feliz e torcer para quem vem depois de mim." E, sem citar nome, enfatizou; “É a hora e a vez das mulheres [...] Eu quero dizer que meu mandato está terminando em 2010, mas eu acho que está chegando a hora e a vez das mulheres."

Além do mais, na abertura da 2ª Conferência Nacional de Cultura, neste último 11 de março, Lula defende o Governo do Povo. Faz dura e competente crítica à imprensa. Afirma que os editoriais publicados pelos jornais brasileiros exibem textos de seus autores"falsos democratas".e se acham a "única voz pensante no mundo". Idiotas. Medíocres. Filiados golpistas. Por isso, em Goiânia, afirma que democracia não é parte do todo. Não é parte de um governo. É sua totalidade. Para Lula, “governar o País não é governar para um grupo e amigos”.

Filósofo, recordei-me dos ditos de Platão em sua “Res-Pública”(Coisa Pública). É curioso, Lula revela em seus discursos, as sábias virtudes do diálogo da Democracia. Sem diploma acedêmico, Lula é filósofo, amigo da sabedoria. Vocês querem conversar comigo sobre isso?

Platão (428-347 a.C.) escreve um pequeno diálogo, intitulado Sobre a Democracia. Nele, Sócrates tem Glauco como interlocutor. Fala da liberdade e da riqueza como as maiores expressões éticas de uma autoridade política. Pensa ética no dia-a-dia da cidade de Atenas.

E quando “os metecos”, isto é, os estrangeiros, cometem abusos da liberdade e da riqueza, Platão justifica a tirania na democracia. Já pensaram, tirania com democracia? Estariam aqui presentes os “falsos democratas” acima referidos pelo Presidente Lula?
É assim que se dá a fala de Platão com Glauco, seu aluno:

– Ora então! meu caro camarada, vejamos os traços sob os quais se apresenta a tirania, pois, quanto à sua origem, é quase evidente que ela vem da democracia.
– É evidente.
– Agora, a passagem da democracia à tirania se efetua da mesma maneira que a da oligarquia à democracia.
– Como?
– O bem a que se aspirava – respondi –, e que deu nascimento à oligarquia, era a riqueza social, não era?
– Era sim.
– Ora, a paixão insaciável pela riqueza e a indiferença que ela inspira por tudo o mais é que perderam este governo.
– É verdade – disse ele.
– Mas não é o desejo insaciável do que a democracia considera como seu bem supremo que perde esta última?
– A que bem te referes?
– À liberdade – repliquei. – Pois, numa cidade democrática ouvirás dizer que este é o mais belo de todos os bens; daí por que um homem nascido livre não poderia habitar alhures, exceto nesta cidade.

Vamos ao debate e aos comentários:

I - Gostaram de ler e de meditar esse trecho do diálogo Sobre Democracia, de Platão?
Agora, eu indago: Em que sentido a “tirania nasce da Democracia?” Vejam bem a expressão do diálogo de Platão (...) “tirania que vem da democracia” Então, faça seus comentários:.

II - Vocês perceberam Platão pensando sobre a riqueza social? Em que entendimento pode-se pensar com Platão a riqueza é um bem? Em outros termos, é ético ser rico? Este “bem” seria uma expressão ética para os dias de hoje? Estaria ele falando aqui da riqueza social em sua significação, conquista da Soberania Popular garantindo o êxito da Democracia? Em que condições? Então, que pensam vocês?

III - Bem atentos, e ainda continuando no mesmo diálogo de Platão, vejam as duas últimas questões sobre este poder democrático com e sem ética, entendido hoje, na sociedade da informática. A liberdade num Estado democrático, segundo Platão, é o mais belo de todos os bens. Como entender, nos dias de hoje, os poderes políticos nacionais e internacionais que, em nome da Democracia, cometem tiranias, massacrando os cidadãos de seu país e de outras nações? E as “tiranias” contra os que abusam da liberdade? Os metecos em Atenas, por exemplo. E quem seriam, hoje, os que estão abusando da liberdade?

IV - Como a liberdade poderia levar também à tirania? Seria para colocar limites no uso abusivo da mesma liberdade?

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