As Eleições 2010 e o Papel do Brasil na América Latina

by Francisco on domingo, 7 de março de 2010

por Jorge Vieira | Blog do Jorge



Aproximam-se as eleições no Brasil. Neste ano, o povo brasileiro, mais uma vez, irá às urnas para votar em candidatos que concorrem aos cargos de deputado estadual e federal, senador, governador e à presidência da República. Quanto à importância, seja em nível local ou nacional, todos têm a sua. Por isso, requer muita responsabilidade do eleitor (a) em votar, visto que estará decidindo qual projeto de sociedade será executado durante os próximos quatro anos.

Observa-se que, nos últimos anos, a população tem ficado desencantada com o voto, motivada principalmente pelas denúncias de corrupção envolvendo políticos. Exemplo mais recente, a acusação do famigerado mensalão do partido Democratas (DEM), em que estariam envolvidos o governador e seu vice do Distrito Federal, José Arruda e Paulo Otávio, deputados distritais e secretários, acusados de apropriação de recursos desviados dos cofres públicos.

A veiculação na mídia de corrupção envolvendo políticos e empresários, a frase mais comum que se escuta da massa, é: “não se tem mais em quem votar; procura-se um homem de bem para votar”. Esse discurso, além de machista, fortalece a despolitização do processo político. E, assim, os oportunistas aproveitam-se da ignorância popular para comprar voto e manipular informações para apoderar-se do poder.

Ao contrário da amortização mental embutida em parte da população, a conjuntura eleitoral aponta e coloca em disputa dois projetos de sociedade: por um lado, a volta da receita neoliberal, monitorada pela subserviência política e ideológica aos interesses estadunidenses e do capital internacional; e, por outro, desperta a necessidade de aprofundamento das reformas em curso de Estado, construindo uma estrutura economicamente distributiva das riquezas de forma mais eqüitativa para seus membros.

O resultado eleitoral coloca também em jogo o futuro da América Latina, visto que o Brasil cumpre papel fundamental em sua geopolítica. A atuação política do governo Lula tem significado, em nível econômico, político e militar, a construção de autonomia frente ao imperialismo estadunidense na região. Basta recordar as eleições democráticas ocorridas em países como a Venezuela, Bolívia, Argentina, Nicarágua e Paraguai, entre outros. Mais também, põe em alerta o apoio do imperialismo ianque ao golpe militar em Honduras e a ampliação de suas bases militares na Colômbia.

O papel do Brasil nos próximos anos, em nível interno e externo, será proativo ou subserviente. O qual dependerá da eleição de quem ocupar a presidência da República e de sua base aliada. Mas, mais importante do que os futuros mandatários, será o voto de cidadania do povo brasileiro, decidindo sobre o seu destino e o dos povos latino-americanos.



* Jorge Vieira é Jornalista.

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Comentários:
(por Francisco Antônio de Andrade Filho)

I – o autor aborda questões das eleições no Brasil neste corrente ano. Assume posturas éticas e as de cidadania em nosso país. De modo especial, ressalta a responsabilidade do eleitor e dos poderes políticos de nossa pátria.

II – Jorge Vieira chama atenção sobre a prática de corrupção envolvendo políticos dos Democratas, O Governador do Distrito Federal. Vejo que não há condições de existir virtude na república se não existir o amor pela pátria e o respeito ao dinheiro público. Ora, o fato é que quando a corrupção toma proporções gigantesca, o povo passa a perder valores como a virtude e a liberdade.

III - Nessa linha, leio O Espírito das Leis de Montesquieu: “ninguém deverá se espantar se votos forem comprados a dinheiro. Não se pode dar muito ao povo sem retirar dele ainda mais; porém para retirar dele é necessário subverter o Estado. Quanto mais o povo pensa aproveitar de sua liberdade, mais se aproximará do momento em que deve perdê-la. Cria pequenos tiranos que possuem todos os vícios de um só. Em breve, o que resta da liberdade torna-se insuportável: surge um único tirano; o povo perde tudo, até mesmo as vantagens”.

IV – Dei um destaque especial ao elogio que o Jorge Vieira fez ao Lula, assim: “A atuação política do governo Lula tem significado, em nível econômico, político e militar, a construção de autonomia frente ao imperialismo estadunidense na região”. Na verdade, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva merece esse e outros elogios. O diálogo do Lula na América Latina – inclusive com os poderes políticos de outras Nações – constitui um sábio discurso. Discurso esse, extenso a todos os que apóiam e vibram com o maior estadista popular do Brasil.

V -Ouvido e reconhecido por líderes políticos e seu povo, Lula se revela hábil em seus projetos de emancipação humana. Publiquei aqui a postura corajosa e vivida do “esse é o cara, adoro esse cara, o político mais popular da Terra” – elogio de Barack Obama no G-20 -, é resultado das sábias palavras de Lula: “Penso que é inexorável, vamos ter uma nova ordem econômica mundial. Porque todos se deram conta de que não é possível coexistir uma política de desenvolvimento produtiva, que precisa gerar empregos, com uma política financeira vivendo de especulação.”

VI - E sobre o capitalismo brasileiro, reafirma a importância de seus projetos políticos no bom combate às restrições das liberdades políticas e econômicas, nestes termos: “Descobri, junto a milhões de outros trabalhadores, que não bastava reivindicar melhores salários e condições de trabalho. Era fundamental lutar pela cidadania e por uma profunda reorganização econômica e social do Brasil”.

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