Crise Constante na Educação

by Francisco on sábado, 14 de fevereiro de 2004

Semíramis Alencar

“A melhor maneira que a gente tem de fazer possível amanhã alguma coisa que não é possível de ser feita hoje, é fazer hoje aquilo que hoje pode ser feito. Mas se eu não fizer hoje o que hoje pode ser feito e tentar fazer hoje o que hoje não pode ser feito, dificilmente eu faço amanhã o que hoje também não pude fazer”. (Paulo Freire)


A crise na educação está deixando de ser uma questão de políticas públicas para se transformar em uma situação permanente. Nossa sociedade ainda não incorporou valores mínimos de justiça social, onde poucos ganham muito e muitos ganham uma miséria. Uma maioria de sobreviventes e esfarrapados do mundo e uma minoria poderosa que lembra a nobreza medieval.

É inegável que, além do contraste econômico e social na educação, existem ainda a conseqüência natural do desmazelo e da falta de perspectiva do professorado brasileiro: inúmeras já foram às propostas e teorias acerca das melhorias na qualidade de ensino e condições de sustento dos educadores. Vale afirmar que o educador também é pai de aluno, cidadão, consumidor, eleitor e contribuinte. Então, por que não promover melhores planos de cargos e salários? Por que não valorizar este cidadão que forma todo um país educando, orientando e informando?

Todavia, há os que pensam que a educação somente será transformada quando os professores mudarem sua conduta. Quando os professores forem de tal forma, abnegados e complacentes com as dificuldades nacionais. Que, passivamente, abaixem a cabeça e tolerem as humilhações com um sorriso no rosto, levando o estandarte esfarrapado da cultura e do conhecimento na mão. A retórica convincente de que existe um mundo melhor para os que crêem nos valores da educação.

Enquanto isto, seus formandos de classe média transformam-se em novos engenheiros, médicos, advogados, quiçá em novos professores para suprir aposentados. Os formandos de classe baixa contribuem para a mão de obra especializada (será?): policiais, bombeiros, garis... e, os menos favorecidos se transformam em biscates, flanelinhas, ou flagelados.

É muito triste o cenário educacional brasileiro. Triste, pois existem teorias nacionais de vanguarda, aplaudidas e aplicadas no exterior, com sucesso. É triste esta configuração, porque dia a dia mais jovens educandos querem afastar-se da missão de ser professor. Pois ser professor atualmente é fator de vergonha, desonra e escárnio. É sinônimo de perda de tempo, falta de garantias e baixos salários. Mais do que aplicar, criar e debater novas filosofias educacionais é necessário que se crie um plano piloto das teorias já existentes. Assim não caímos na mesmice do falar demais e nada fazer.

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