Ideologia Política da Nova República do Brasil [Parte 1]

by Francisco on sexta-feira, 29 de maio de 2009

por Francisco Antônio de Andrade Filho


[caption id="" align="alignnone" width="550"]Bandeira do Brasil[/caption]

 



Iniciando o Debate pelos Caminhos da Ideologia

Lembro-me muito bem. Ainda mantenho meu cérebro vivo. Está escrito na minha dissertação de Mestrado em filosofia política da UFMG (1981). Avancei mais, na tese de Doutorado em Lógica e Filosofia da Ciência Política da UNICAMP/SP (1994).

Foi no final de 1984-1988. Nesse tempo, brotou o processo ideológico da Nova República do Brasil. Desencadeou-se o movimento de massas, neste País. Feliz, senti nos ouvidos do corpo e da alma, os clamores de emancipação humana contra um regime militar falido. De um longo processo de resistência do povo brasileiro, que lhe deu a consciência de sua força, de sua potência concreta de aluir os alicerces da República dos Generais. As instituições políticas e religiosas interceptaram as forças populares na Assembléia Nacional Constituinte.

Filósofo, próximo à realidade de seu tempo, li “Massa e Poder” de Elias Canetti. O tema das massas na vida moderna visto por este autor é hoje muito discutido para se perceber como as instituições políticas e as igrejas manipulam o povo para determinados fins, particulares e coletivos. Parece poder afirmar que o pensamento político da Nova República do Brasil, percebe-se distintas, mas não diferentes formas de domesticação coletiva das massas.

A partir do final de 1984, é possível demonstrar como os movimentos histórico-populares, criaram espaços e condições ideológicas que permitiram trabalhar a “consciência das massas” no processo constituinte daquela nova república.

Tento compreender, por aí, como o pensamento liberal-conservador do Governo Tancredo Neves – José Sarney, sob a direção pastoral de Dom Ivo Lorscheiter, presidente da CNBB, interceptou as massas, as destituiu de seu pensamento e, com isso, conseguiu arregimentar o povo. Freá-lo para determinados fins. Caminhos ideológicos esses, de poderes políticos e sacros, perversos em seus desejos de mando, escamotearam as motivações mais profundas do maior movimento de massas no Brasil.

Nesta discussão inicial, deparo-me com algumas ações de caráter ideológico no processo político da Nova República do Brasil. Para os comentaristas do Desabafo e do Blog da Dilma, entre outros da Blogosfera, faço as indagações e colocações, a seguir:

 



1. Como postular uma coincidência entre a idéia de verdade e a idéia de eficácia, vale dizer, do pensamento e da ação, presentes na linguagem dos presidentes e cardeais brasileiros, supostos heróis individuais no comando das multidões?

2. No pensamento socialmente situado, tem a ideologia sua capacidade de levar à prática, de efetivar os projetos de dominação?

3. Como o Estado e as Igrejas tiveram forças de domesticar as massas? Os parlamentares, essas “excelências”, eleitas pelo Povo, com o Povo e para o Povo? Reformas ou remendos políticos, ditadas por deputados e senadores? E o que acontece nas poltronas dos ministros e ministras do STF? Que diferenças existem entre o agir do poder executivo de hoje, eleito pela soberania popular, e o do Governo Tancredo Neves - José Sarney, respectivamente, Presidente e Vice da Nova República do Brasil. Eleitos pelo Povo e/ou autocraticamente impostos?

4. Comente isso: a ideologia da nova república teve sua origem nas forças históricas do povo brasileiro. Expressa o “impulso de destruição da massa”(Elias Canetti), fazendo barulho com suas panelas vazias ou cantando o “Hino Nacional” e músicas populares, “Menestrel de Alagoas” e “Coração de Estudante” do Milton Nascimento. Lembram “os vigorosos gritos de uma nova criatura, os gritos de um recém-nascido.” São idéias que trabalharam a consciência das massas.

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