Teologia latino-americana de libertação em diálogo com a dos conquistadores

by Francisco on domingo, 20 de maio de 2007

Francisco Antônio de Andrade Filho

Era a década de 1960. A América Latina tomava consciência de sua dependência econômica, política e religiosa. Desencadeava-se um processo de libertação nos diversos segmentos da sociedade. A Igreja, à luz de suas convicções religiosas e inserida nos avanços científicos deste tempo, pesquisava uma nova práxis da fé cristã que fosse fator de transformação e libertação. Exigia-se uma nova prática da mensagem do bem em contraposição a do mal. Surgia um novo tipo de inteligência da fé, uma reflexão sobre os compromissos assumidos pelos cristãos em situação de conflitos sociais. Era a teologia latino-americana que nascia vinculada à história da tirania e da opressão praticada em nome democracia neste continente.

De outro, os conquistadores medievais e modernos defendiam o conceito tradicional de teologia como ciência que elabora racionalmente verdades da fé. Procuravam compreendê-las sistematicamente e tirar delas novas conclusões. Camuflavam as realidades da vida. Impunham sua única “sabedoria” racional. Criavam o mesmo deus de uma maneira acadêmica, dentro de uma sala de estudo, de um escritório, de um Palácio Episcopal ou de um Pontífice de Roma, fora de todo compromisso histórico e cientificamente observado. E, nessa postura, permanecem até hoje e sempre restauram quando novos interesses ideológicos sejam necessários para eles.

Em diálogo com essa teologia dos conquistadores de Roma e de alhures, a teologia latino-americana de libertação tem um olhar diferente para este mundo diferente. Nessa época até os nossos dias, ela é reflexão das situações históricas reais. É “ato segundo”. Nasce da prática. A teoria vem depois. O ato primeiro é o agir ético e responsável com os seres humanos, com sua vida, com seus sofrimentos, seu bem-estar econômico e político. A teologia vem depois e é uma reflexão que supõe o ato primeiro de compromisso libertador do homem que é história, broto da natureza e de sua cultura inteligente. Não é discurso vazio, inacreditável, mistificador. Não “des-realiza” as contradições reais da vida. Não aliena o homem com frases fantasmáticas e grandiloquentes do mundo existente.

Assim, a proposta da referida teologia é a de ser um discurso situado na história em que vivemos. As injustiças, a miséria, a falta de respeito para com a riqueza social e as liberdades da coletividade, praticadas pela oligarquia política e religiosa levam a América Latina tomar consciência de seus direitos e deveres. Trata-se de um estudo crítico sobre a reflexão teológica, a partir da práxis da fé cristã. Não é uma coisa inventada pelos teólogos da libertação. Não é um tema metafísico. É uma prática política, de cidadania, cuja alavanca propulsora é sua religião, seja católica, protestante ou não.

Em oposição, a teologia dos conquistadores, antigos e também os da era digital, dá uma explicação espiritual e ideal aos problemas materiais e reais, volatizando sua densidade material, de modo a transformá-las em entidades espirituais “fora da realidade”. Por isso, essa teologia – a dos poderes celestiais -, opera como abstração do mundo e da história, separação frente à realidade, em suma, como fantasmagoria, expressão transcendente, abstrata, da situação existente e dos homens reais.

Em tal contexto, o discurso teológico latino-americano de libertação surge assim como uma teologia de emancipação humana nas condições concretas, históricas e políticas de hoje na América Latina. É uma teologia cuja missão é identificar-se com os homens massacrados e excluídos de todos os benefícios de suas nações. Segundo seus estudiosos e pesquisadores, é a libertação de Cristo se realizando em fatos históricos e políticos libertadores.

Para ler e pensar mais:

ANDRADE FILHO, Francisco Antônio de. Igreja e Ideologias na América Latina, segundo Puebla. São Paulo: Paulinas, 3ª ed, 1982.
BOFF, Leonardo. Teologia do Cativeiro e da Libertação, Petrópolis: Vozes, 2ª ed., 1985.
GUTIÉRREZ, Gustavo. Teologia da libertação. Petrópolis: Vozes, trad. Jorge Soares, 3ª ed., 1976.

 



* Francisco Antônio de Andrade Filho é Doutor em Lógica e Filosofia da Ciência, na área de Filosofia Política, pela UNICAMP/SP. Professor Titular, aposentado da Universidade Federal de Alagoas – UFAL. Docente em Filosofia na Faculdade Maurício de Nassau. Membro do Comitê de Ética de Pesquisas seres Humanos no Hospital Oswaldo Cruz –UPE/Recife/PE. Avaliador do curso de Filosofia no INEP/MEC.

O Tempo

by Francisco on sábado, 12 de maio de 2007

Bruno Barbosa Gomes

O tempo não é dinheiro
O tempo não é curto nem longo
O tempo é eterno para aquele que vive o presente eterno
Porque é um presente de Deus aos homens eternos
O Presente é como um bolo
Com recheio de Passado e cobertura de Futuro
E tem um sabor que nunca será provado pelos homens mortais

 



* Bruno Barbosa Gomes tem segundo Grau completo, fez cursos de Computação Gráfica e Web Design e atualmente trabalha com programação visual, criação de sites e artes plásticas.

O Véu

by Francisco on terça-feira, 8 de maio de 2007

Bruno Barbosa Gomes

Esqueça o Céu
Esqueça o Inferno
Descubra o véu
que guarda o eterno
Conteste o que é dito
Viva o infinito
Para buscar o externo
Mergulhe no interno
E cairá o véu

 



* Bruno Barbosa Gomes tem segundo Grau completo, fez cursos de Computação Gráfica e Web Design e atualmente trabalha com programação visual, criação de sites e artes plásticas.

A humildade

by Francisco on quinta-feira, 3 de maio de 2007

Bruno Barbosa Gomes

Não pense que estás sendo humilde
ao baixar a cabeça perante Deus
Porque Ele quer vê-lo cara a cara
Quer ver que o brilho nos teus olhos
é o reflexo daquilo que tu vês
E, quando se está olhando para Deus,
só há luz no olhar

Ser humilde não é ser submisso
Ser humilde não é beijar os pés de alguém
E sim não deixar que alguém beije seus pés

Dar e receber com a naturalidade das coisas simples
Sem cobranças ou pretensões

 



*Bruno Barbosa Gomes tem segundo Grau completo, fez cursos de Computação Gráfica e Web Design e atualmente trabalha com programação visual, criação de sites e artes plásticas.

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