Filosofia: Inter-relação com a Psicopedagogia

by Francisco on segunda-feira, 12 de maio de 2003

Américo Garcia Freire Magalhães
Deise Raposo
Márcia de Araújo Ferreira
Maura Barbosa Nogueira de Oliveira
Richelle Vilarino Medrado


Partindo de uma perspectiva voltada para investigação, prevenção e tratamento dos problemas de ensino-aprendizagem, em meio a realidade, com toda a eficácia da tecnologia e os vários campos da ciência, a Psicopedagogia em inter-relação com a Filosofia, começa a “indagar, questionar e problematizar” (ANDRADE, p.5) tudo aquilo que o senso comum considera moderno e em sua ingenuidade deixa passar por despercebido.

Segundo Andrade Filho, através da Filosofia “Apelamos à uma reflexão crítica. E produzimos um tipo de saber, indo racionalmente às raízes das realidades”. Sendo assim a Filosofia assume a característica de uma ferramenta importante para a Psicopedagogia, pela sua natureza de colocar tudo em destaque e direcionar, através da “lógica” (ARISTÓTELES), o caminho a ser percorrido objetivando a solução e prevenção de problemas no meio acadêmico.

O novo mundo globalizado entra em choque com o passado, o que dificulta a formação do cidadão. O homem em meio as mudanças sofre com a modernidade, mas a filosofia através do seu “olhar” questiona o problema Psicopedagógico, “esse não do sentir e simbolizar , para tornar-se produto comercial de circulação”(ANDRADE, p.7).

Pode-se observar que os avanços e problemas na nova sociedade são originados pela ciência e tecnologia, seguindo um raciocínio lógico, não existiria a globalização sem o avanço científico e tecnológico. A epistemologia em uma atitude filosófica, vai a fundo no estudo crítico dos princípios, hipóteses e resultados das ciências já constituídas e suas técnicas, levando em conta o benéfico que pode trazer para o homem e seus riscos quando mal utilizada; evitando que a ciência imponha seu poder nas sociedades industrializadas sem nenhum exame crítico-epistemológico. Pode-se considerar utópico o ideal da “ciência pura e neutra”(ANDRADE, p.35) ao observar suas causas e efeitos em meio a um mundo tecnoglobalizado.

Em se tratando de conhecimento científico, pode-se afirmar que esse saber é construído por meio da experiência adquirida pelo homem, ser histórico, na transformação do meio visando uma melhor adaptação, sendo que “hoje em dia, é considerado um conjunto de conhecimentos metodicamente adquiridos, mais ou menos adquiridos, sistematicamente organizados e suscetíveis de serem transmitidos por um processo pedagógico de ensino”(ANDRADE, p.38), mediado através de recursos pedagógicos, servindo de base para o surgimento de novos conhecimentos. Observa-se portanto a importância do Psicopedagogo na função preventiva dos problemas relacionados a educação.

A Psicopedagogia na tentativa de explicar os problemas educacionais da realidade, usa da lógica filosófica, para poder construir o conhecimento através da dialética como guia para a investigação, organizado pelos “clássicos da filosofia”(ANDRADE, p.41), pensando o homem, a natureza e o próprio conhecimento.

Atualmente “o mercado de trabalho se amplia para o pedagogo, que poderá exercer suas funções não só no contexto escolar, mas também no setor de Recursos Humanos das empresas”(ANDRADE, p.86). A pedagogia por ser a “Ciência da Educação”(ANDRADE, p.86), embasada em conhecimentos da filosofia de vida, é atraída pelo empresarial que objetiva o êxito, no atual mercado de trabalho, pela necessidade de melhor gestão dos Recursos Humanos.

Segundo Andrade Filho, “a sociedade atual é caracterizada pela era do conhecimento e do processo de globalização das novas tecnologias de comunicação”. O enfoque filosófico de uma prática pedagógica, permite mostrar os “desafios da pedagogia nos dias de hoje é ter acesso à concepção de globalização como prática”(ANDRADE, p.101), “a produção biopolítica”(ANDRADE, p.101) em meio a sociedade tecnoglobalizada e como questão central, a formação do “educador para o novo mercado de trabalho”.(ANDRADE, p.101)

“O trabalho constitui-se um fenômeno básico para se compreender a educação”(ANDRADE, p.110). É através do trabalho que o homem vem desde o princípio transformando a natureza para sua adaptação. Este somatório de experiências que são acumuladas a medida em que o homem produz sua existência, resulta no conhecimento.

A nova sociedade estando exposta constantemente em um processo de mudança, surgem ideologias que “é sempre uma tentativa de racionalização, ou seja, de organização coerente em termos de razão social, dos fatos e dos valores”(ANDRADE, p.113).

A escola, como função social, reproduz e oficializa nas vidas dos estudantes a ideologia proposta pela sociedade. Ideologia esta que “afirma e nega; expressa verdade das realidades numa imagem invertida. Ela as oculta, oferecendo aos homens uma representação mistificada do sistema social, para mantê-los em seu “lugar” no sistema de exploração de uns pelos outros”(ANDRADE, p.114).

Percebe-se atualmente que várias pessoas contribuem que nada evolua pela simples ideologia “de não ter problemas”. Portanto, no ambiente educacional, tenta-se fazer com que o estudante seja acima de tudo cidadão atuante e modificador do meio, interagindo e protestando contra o sistema “repressor” que alega ser “democrático.

Conclui-se segundo Bortolanza que a Psicopedagogia em inter-relação com a Filosofia, tem como início para a investigação dos problemas psicopedagógicos do insucesso acadêmico, o “confronto entre o mundo teórico e a práxis universitária”(2002, p.29). Observa-se com esse contraponto que “é possível compreender e projetar o mundo que se quer”(2002, p.29). Para que isso ocorra é necessário buscar “um entendimento do ser humano como ser histórico, o que significa questionar-se sobre suas intencionalidades e não apenas problematizar, discutir, saber.”(2002, p.29)

Ainda de acordo com Bortolanza, “Na dialética entre aprendizagem e avaliação, coloca-se a aprendizagem sob o ponto de vista do desenvolvimento do ser humano e a avaliação como ato crítico de reorientação e construção de possibilidades.”(2002, p.35)


Referências Bibliográficas

ANDRADE FILHO, Francisco Antônio de. Filosofia e Epistemologia em debate, p. 5, 20, 6 - 8, 34 - 36, 38 - 40, 41 - 43, 86 - 88, 101 - 103, 110 - 112, 113 – 115. Disponível em http://www.orecado.cjb.net>. Acesso em 26 de julho de 2003.

BORTOLANZA, Maria de Lourdes. “Pedagogia crítico-social”, in: Maria Lourdes Bortolanza. Insucesso Acadêmico na Universidade. Abordagens psicopedagógicas, Erechim/RS: 2002, 29 a 38.